PS, PCP, Bloco e Chega criticam subida “contraproducente” dos juros pelo BCE

PCP, BE e Chega apelam ao Governo que adote medidas que protejam as famílias do aumento das taxas das juro e chamam banca a suportar custos com o aumento do crédito à habitação.

O PCP, o Bloco de Esquerda e o Chega criticaram a décima subida consecutiva das taxas de juro, anunciada esta quinta-feira pelo Banco Central Europeu (BCE). Na Assembleia da República, perante mais um aumento do preço do dinheiro, os três partidos acusaram o Governo de inércia e chamaram os bancos a suportar o peso que o aumento das taxas de juro tem tido na prestação do crédito à habitação e nos rendimentos das famílias. Já o PS, que falou antes do anúncio, considerou que a subida das taxas diretoras é “claramente contraproducente”.

“As famílias ficam a perder e o Governo aceita este ataque do BCE e a gula dos bancos. É necessário que o Governo garanta que os bancos são usados para baixar o crédito à habitação às famílias“, atirou o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, acusando a banca de reter “lucros obscenos” e o BCE de organizar “um enorme negócio” com a subida dos juros.

“O jogo do BCE é um enorme negocio para a banca lucrar e o Governo não pode dizer que está preocupado e depois não fazer nada para defender as família”, acusou o bloquista. “Defender as famílias é dizer aos bancos para baixar as prestações“, argumentou.

Na voz do deputado Duarte Alves, o PCP urgiu que o Executivo de António Costa e o Banco de Portugal a assumirem uma “posição firme de rejeição dos aumentos dos juros”, por considerar que continuam “a fustigar as vidas das populações”, defendendo, desta forma, que sejam adotadas “medidas concretas” que permitam aliviar a situação dos portugueses.

Para o deputado, “a receita” seguida até agora pelo BCE para reduzir a taxa da inflação não tem tido “efeitos práticos” na redução dos preços. Citando os dados do novo Observatório dos Preços, disponibilizado esta quarta-feira pelo Ministério da Agricultura e da Alimentação, Duarte Alves apontou que “muitos produtos, apesar do IVA zero, continuaram a ter os preços a aumentar”.

Na ala mais à direita, Rui Afonso, deputado do Chega, acusou a presidente do BCE, Christine Lagarde, de “chantagear” a Zona Euro, e o banco central de ser “insensível” aos problemas sociais resultantes da subida das taxas de juro. “Atualmente, 300 mil portugueses recorrem ao Banco Alimentar”, lembrou Rui Afonso, acrescentando que a maioria são contribuintes da classe média alta cujo salário “não chega até ao final do mês”.

“Não basta enviar cartas”, disse, referindo-se à carta que António Costa escreveu à Comissão Europeia na rentrée, apelando a uma resposta conjunta na União Europeia à crise da habitação. “Precisamos de um Governo que se imponha perante à politica monetária [do BCE]“, disse o deputado. “Temos que dizer um ‘basta’ aos lucros da banca à custa do aumento das taxas de juro. Esse valor tem que ser transferido para apoiar os créditos a habitação“, reiterou.

Do lado do Governo, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, rejeitou alonga-se em comentários sobre a decisão do BCE. “O primeiro-ministro e o ministro das Finanças já por diversas vezes comentaram [as subidas dos juros pelo BCE]. Mas é naturalmente bom esse reconhecimento de que a inflação já está numa trajetória [descendente]. Em muitos países está aproximar-se do valor indicado pelo BCE como referência para os próximos anos”, afirmou na conferência de imprensa do Conselho de Ministros, citada pela Lusa.

Além do Governo socialista, o PS, pela voz do líder da bancada parlamentar, falou sobre a subida dos juros, mas fê-lo antes do anúncio de Lagarde. Eurico Brilhante Dias considerou o novo aumento das taxas de juro “claramente contraproducente”, porque “penaliza as famílias e as expectativas dos agentes económicos, quando sabemos que esta inflação tem uma raiz energética [e] nos alimentos”, particularmente devido à guerra na Ucrânia. Citado pela Lusa, observou a seguir que a subida dos juros “tem impactos diferenciados, porque nem todos os Estados-membros [da União Europeia] apresentam a mesma estrutura em matéria de créditos à habitação”.

Esta quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu uma nova subida das taxas de juro na Zona Euro. De acordo com a decisão tomada pelo Comité de Política Monetária do Banco Central Europeu (BCE), as taxas diretoras do BCE vão aumentar 25 pontos base, com efeitos a partir de 20 de setembro. No entanto, o BCE sinaliza também, e pela primeira vez, que não deverá voltar a subir as taxas neste ciclo económico.

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