Presidente do Belenenses revela que Celta de Vigo quis comprar o clube
O presidente Patrick Morais de Carvalho afasta a compra do clube mas encara positivamente o desenvolvimento de parcerias internacionais.
O Celta de Vigo, da Liga espanhola de futebol, mostrou recentemente interesse na compra do Belenenses, avançou esta quinta-feira o presidente do clube lisboeta, Patrick Morais de Carvalho, que afasta essa possibilidade mas encara positivamente o desenvolvimento de parcerias internacionais.
Sem revelar muitos detalhes, Morais de Carvalho revelou durante um evento em Lisboa que teve há cerca de um mês um almoço com um alto responsável do Celta de Vigo, que lhe transmitiu o interesse na compra da SAD do clube que milita atualmente na II Liga portuguesa, mas que essa hipótese está fora de questão.
“Pensava que vinha comprar o Belenenses. Não percebia nada. Não sabia que o Belenenses SAD era só os jogadores. Mais nada, nem estádio, nem nada. Em Espanha, as coisas não funcionam como cá”, afirmou o dirigente durante um debate sobre o novo regime jurídico das sociedades desportivas (SAD).
No final, questionado pelos jornalistas, Patrick Morais de Carvalho não quis adiantar mais pormenores sobre o encontro. “Não quero [dar mais detalhes]. Até devia ter dito um clube espanhol, porque foi apenas um almoço exploratório e, no fundo, serviu de lição para perceber o modelo espanhol e os espanhóis perceberem o modelo português”, lançou, admitindo, ainda assim, abertura para outro tipo de sinergias.
“Claro que podemos fazer. Há muitos tipos de parcerias, até porque o TPO [‘third-party ownership’] não está proibido entre clubes. Portanto, o Belenenses e qualquer clube espanhol ou de outro país qualquer pode partilhar os direitos económicos dos seus jogadores. Isso, com clubes, não está vedado”, referiu.
E acrescentou: “O futuro do Belenenses também poderá passar por isso. Ter parcerias privilegiadas com alguns clubes, na América do Sul, no Brasil, em Espanha, porque não? Parcerias que nos ajudem mais rapidamente a atingir os nossos objetivos e que sejam win win, que todos ganhem com isso”.
Segundo o responsável, “os clubes portugueses podem e devem estabelecer parcerias com clubes de outros países e só têm a ganhar com isso”. No debate sobre o novo regime jurídico das SAD, além de Patrick Morais de Carvalho, que aplaudiu o esforço legislativo, mas criticou o resultado final, considerando que “os clubes ficam numa posição de inferioridade face aos investidores”, também participaram Francisco Dinis (deputado do PS), Miguel Lourenço (advogado do Benfica) e Catarina Pereira (solicitadora), além de a moderadora Irene Palma, jornalista de A Bola.
“A lei ficou aquém em muitos aspetos, e foi demasiado além noutros. Saudamos todo o regime de transparência criado com esta lei. A lei não está perfeita. Nem me parece que alguma vez venha a estar. Felizmente, tem um prazo para revisão de três anos. Não somos pessimistas à partida, mas somos cautelosos”, assinalou Miguel Lourenço.
Já Francisco Dinis apontou para os principais objetivos da nova lei, que passam por “salvaguardar a existência dos clubes, reforçar a idoneidade dos investidores, trazer menor conflito de interesses, maior transparência na publicidade dos atos de gestão, isto, além da promoção da igualdade de género”. Apesar de ter estado ausente “por questões de agenda”, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, transmitiu através de um vídeo a sua opinião sobre o novo regime jurídico.
“O que motivou esta reforma foi o apelo generalizado ao Governo, dos clubes, municípios, dirigentes, adeptos e associados – que viram os seus clubes afundar. Cerca de 30% das SAD criadas em Portugal caíram em situação de pré-falência ou falência. Um setor de atividade com um número impressionante destes casos é um setor doente”, realçou.
De acordo com o governante, o que provocou esta doença foram os “investidores sem idoneidade, a falta de transparência na gestão, e muitos conflitos de interesses. É importante defender a verdade desportiva e também os bons investidores”. “Queremos aumentar o número de investidores, por isso, criámos um conjunto de novas regras. É uma grande reforma e corrige uma trajetória que vinha a afetar a maior indústria do desporto português”, rematou.
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