PCP acusa UE de “cinismo e hipocrisia” e pede “voz forte” para travar “massacre na Faixa de Gaza”
Paulo Raimundo reiterou que o PCP se "distancia e condena" ações "que visem as populações e vitimem inocentes", mas condena igualmente a "escalada de guerra de Israel contra o povo palestiniano".
O secretário-geral do PCP acusou esta segunda-feira a União Europeia de “hipocrisia e cinismo” relativamente ao conflito entre Israel e o Hamas, pedindo uma “voz forte de condenação” para travar “uma ação de massacre” na Faixa de Gaza.
Em conferência de imprensa após uma reunião do Comité Central do PCP, que decorreu entre domingo e esta segunda, Paulo Raimundo reiterou que o seu partido se “distancia e condena” ações “que visem as populações e vitimem inocentes”, mas condena igualmente a “escalada de guerra de Israel contra o povo palestiniano”.
“É de assinalar a hipocrisia e cinismo de todos aqueles que tanto falam em direito internacional, mas que, durante tantos anos, se calaram perante a brutalidade exercida contra o povo palestiniano e, agora, se continuam a calar perante o massacre e os crimes de guerra em curso na Faixa de Gaza, pelas mãos do Estado de Israel”, disse. Questionado sobre como é que avalia a postura da União Europeia (UE) e do Governo português relativamente a este conflito, o secretário-geral do PCP disse que a UE se enquadra na sua ideia de “hipócritas e cínicos”.
“Basta ver as declarações que foram proferidas, as atitudes que foram tomadas, aquilo que se disse e não disse, (…) para perceber onde é que se enquadra a questão da hipocrisia e do cinismo”, disse, aludindo igualmente à deslocação das presidentes da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu a Israel, na passada sexta-feira.
Segundo Paulo Raimundo, “são exatamente os mesmos que estiveram calados durante anos e anos consecutivos” sobre a situação na Palestina, que agora se calaram igualmente “face aos crimes de guerra que estão em curso, essa ação de massacre que está em curso por parte de Israel à Faixa de Gaza”.
“Desses, não se ouve uma palavra, uma condenação que seja, qualquer ação ou iniciativa para travar o crime que está concretização, assim como não só não condenam como apoiam as perigosas tentativas de proibição, em várias partes do mundo, de manifestações pela paz e de solidariedade com o povo palestiniano”, disse.
O líder do PCP comparou o ultimato dado pelas autoridades israelitas aos palestinianos da Faixa de Gaza – intimando-os a deixarem o norte e dirigirem-se para o sul –, a dizer a uma pessoa que se vai bombardear a sua casa, “mas saia da sala e vá para a casa de banho”.
“É isso que se está a fazer ao povo palestiniano, independentemente de serem do Hamas ou não. E era sobre isso que era preciso ouvir uma voz forte de condenação e de obrigar a travar, porque, se Israel estiver isolada nesse processo, rapidamente o travará”, defendeu.
O dirigente do PCP acrescentou ainda que a solução para o conflito entre Israel e o Hamas é “como em tantos outros: basta a palavra certa no momento certo e o poder certo, do ponto de vista internacional, para parar este conflito”. Sobre a postura do Governo português, Paulo Raimundo sustentou que o Estado “tem a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir, com as forças e o espaço que tem, as resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU)”.
“Penso que essa questão não está em causa, ou seja, o reconhecimento de que a solução do conflito passa pela criação de dois Estados, com a criação do Estado da Palestina independente e soberano: essa é a posição do Governo português”, disse, reiterando que o executivo deve reafirmá-la “em todas as suas instâncias”.
Questionado se também considera que as declarações do Presidente da República denotam “hipocrisia e cinismo”, Paulo Raimundo disse que, daquilo que tem ouvido, as afirmações de Marcelo Rebelo de Sousa não se encaixam nesses adjetivos.
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