“Inevitável”, “bizarro”, “crise de regime”. Partidos reagem a eleições antecipadas
Montenegro foi o primeiro a reagir à convocação de eleições antecipadas. "É urgente restabelecer o prestígio, credibilidade e confiança das pessoas", disse. CH, PCP e BE preferiam eleições mais cedo.
Minutos depois ser conhecida a decisão do Presidente da República, de dissolver a Assembleia da República e convocar eleições para 10 de março, o PSD foi o primeiro partido a reagir com Luís Montenegro a considerar “inevitável que a palavra fosse devolvida ao povo português”. Já o Chega, tal como PCP e o Bloco de Esquerda, preferia que as eleições fossem mais cedo e classifica de “bizarro” a aprovação deste orçamento.
Montenegro promete apresentar-se em março com “humildade”
O líder social-democrata lembrou, na sede nacional do partido, que este era o “terceiro pântano político” do Partido Socialista em 22 anos e que, por isso, era “preciso cortar o mal pela raiz”. O presidente do PSD manifestou “respeito e concordância” com a decisão do Presidente da República em convocar eleições antecipadas.
Luís Montenegro defendeu ainda que “é urgente restabelecer o prestígio, credibilidade e confiança das pessoas nas instituições democráticas”. Nas legislativas marcadas para o início de março, prometeu apresentar-se “com humildade” e “sem teimosias ideológicas”.
Chega preferia eleições mais cedo
Já André Ventura criticou a opção do Presidente de esperar pela aprovação do Orçamento do Estado para 2024. “Um cenário bizarro, de estarmos a discutir um orçamento que o novo Governo vai querer retificar”, disse o presidente do Chega na Assembleia da República.
Ainda assim, o Chega tem cerca de 200 propostas de alteração a apresentar na discussão da especialidade mesmo “reconhecendo que o PS não estará aberto a nenhuma delas”.
O terceiro maior partido preferia que as eleições fossem marcadas para o final de fevereiro. “O que vai acontecer é que o primeiro semestre vai estar, do ponto de vista económico, totalmente ocupado por este OE. Em rigor, o novo governo só vai começar a governar por altura do verão e isso é negativo para Portugal”, disse.
IL acusa PS de “atrasar o país” e diz que país precisa de outro orçamento
O presidente da Iniciativa Liberal acusou, no Parlamento, o PS de “atrasar o país”, considerando que “havia condições” para as eleições se realizarem antes de 10 de março, e defendeu que “não é este” o orçamento de que o país precisa.
Na opinião do liberal, “havia condições” para as eleições se realizarem numa “data mais próxima” e considerou que “é mais uma vez o PS a atrasar o país”, dado que os socialistas vão ter de escolher um novo secretário-geral. Rui Rocha apontou também que as próximas legislativas representam “uma enorme oportunidade”, possibilitando “encerrar o livro socialista”.
Questionado sobre uma possível coligação com o PSD, o presidente da IL rejeitou, indicando que o partido vai apresentar-se a eleições com listas e candidatos próprios, bem como com a sua “visão de país”. “Era perfeitamente possível que o PS agilizasse esta decisão sobre a sua liderança e não pusesse o país em suspenso durante tanto tempo”, defendeu Rui Rocha, afirmando esperar que “seja a última vez que isso aconteça”.
O líder da IL referiu também que António Costa vai continuar a liderar o atual Governo “durante quatro meses”, mesmo estando “ferido na sua credibilidade”.
Quanto ao Orçamento do Estado, Rui Rocha criticou a decisão do Presidente da República de permitir a entrada em vigor: “Não me peçam para ter qualquer tipo de entusiasmo com a decisão de que este orçamento entrará em vigor. O Orçamento do Estado que o país precisa não é este”.
PCP também critica data das eleições
A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, também considera que as “as eleições deviam ser realizadas mais cedo”, até porque este OE2024 “não dá resposta aos problemas prementes dos trabalhadores, povo e país”.
Paula Santos acredita ainda que “eleições podem, com o reforço do PCP, constituir uma oportunidade para a mudança de política”.
Eleições eram a “única solução” para Bloco
O Bloco de Esquerda foi o terceiro partido da noite a criticar a data das eleições antecipadas. Pedro Filipe Soares disse, na Assembleia da República, que preferia que a ida às urnas “fosse mais cedo”, ainda que a decisão do Presidente era a “única solução” e “saída pela democracia”.
“Todos gostaríamos que fosse mais cedo, mas acho que em democracia também impera este valor de todos estarem capacitados para concorrer às eleições sem qualquer tipo de problemas”, disse.
Em relação ao OE2024, o deputado bloquista disse que a decisão “não muda a a qualidade” do documento. “Votámos contra ele e votaremos contra ele novamente. É tão mau que agora até está a ser abraçado pelos partidos de direita”, disse.
PAN espera que Operação Influencer não afaste as pessoas
Inês Sousa Real apelou aos portugueses para participarem nas eleições e espera que os casos de justiça, como a ‘Operação Influencer’, “não afastem as pessoas”.
Quanto ao Orçamento do Estado, a líder do PAN “não atira a toalha ao chão” e garante vai apresentar propostas de alteração para que “o PS saia da bolha da maioria absoluta”. O partido absteve-se na votação na generalidade do documento.
Livre diz que Portugal enfrenta “crise de regime”
O deputado único do Livre avisou que Portugal enfrenta uma “crise de regime” e não apenas uma crise política que se resolve com eleições, considerando que o “processo orçamental está esvaziado”.
“Não há como dourar a pílula: o que temos à nossa frente, quem dera que fosse apenas uma crise política que se resolvesse com eleições. É mais sério do que isso, é uma crise de regime que todos nós temos de contribuir para debelar”, afirmou Rui Tavares numa primeira reação à decisão do Presidente. Para o deputado único do Livre, “é preciso mudar a prática política em Portugal” e também “mudar a cultura de poder”.
O deputado do Livre respeita o calendário político do Presidente para o OE2024 porque “há argumentos ponderosos a favor de fechar este orçamento e tê-lo aprovado”.
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