PSD critica “falta de independência” de Centeno. PS lembra livro do ex-governador Carlos Costa

Miranda Sarmento questiona independência do governador e quer saber se Mário Centeno aprovou que o seu nome fosse sugerido a Marcelo. PS responde com livro de Carlos Costa. BCE em silêncio.

O PSD deixou críticas à revelação de que António Costa propôs Mário Centeno como primeiro-ministro interino ao Presidente da República, com o líder parlamentar social-democrata a apontar que é “mais uma demonstração – esta mais grave – da falta de independência do governador do Banco de Portugal”. Já o PS respondeu com o recente livro do antigo governador Carlos Costa: “Se vir com detalhe as personalidades que se juntaram na apresentação desse livro, verá o que é independência”, atirou Eurico Brilhante Dias.

Joaquim Miranda Sarmento recordou que o PSD sempre disse que Centeno, “desde a nomeação, quando passou diretamente de ministro das Finanças para governador do banco central, não era independente do poder político”. Em declarações no Parlamento, o deputado laranja falou numa “teia socialista” que “procura ocupar todos os espaços do Estado e do setor público” e que se estendeu ao banco central.

O líder parlamentar social-democrata salientou também que é preciso saber se a indicação de Centeno para primeiro-ministro “teve a anuência do próprio governador”. Adiantando, porém, que tal “mostra bem como é um agente político e não tem a independência que o banco central requer”.

“O banco central deve ser independente, foi uma das conquistas” que se obteve, reiterou Miranda Sarmento, apontando que é uma “instituição muito relevante”. Centeno “tem mais de 20 anos como funcionário do Banco de Portugal”, destacou, pelo que “deve ter preocupação de preservar a instituição”.

Já o líder do parlamentar do PS respondeu às críticas ao aconselhar os portugueses a irem ver a apresentação recente do livro do ex-governador Carlos Costa. “Se quiser ver com detalhe as personalidades que se juntaram na apresentação desse livro, verá o que é independência”, referiu aos jornalistas, em declarações nos Passos Perdidos.

A apresentação do livro contou com os ex-Presidentes da República Cavaco Silva e Ramalho Eanes, bem como do antigo primeiro-ministro Passos Coelho e do presidente do PSD, Luís Montenegro. Marcou também presença Fernando Teixeira dos Santos, antigo ministro das Finanças do Governo de José Sócrates.

Quanto à menção de Mário Centeno como um nome possível, defendeu que “qualquer português responsável, se o Presidente da República lhe pedir um serviço importante numa circunstância ao país, deve aceitar”.

Na quinta-feira, António Costa revelou que tinha proposto ao Presidente da República o nome do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, para lhe suceder em São Bento. “Estou certo que Centeno teria todas as qualidades para o poder fazer”, poupando “o país a meses de paralisação” sendo “uma personalidade que merece a confiança, o crédito e a admiração dos portugueses”, disse, à chegada à sede do PS.

BCE em silêncio, Banco de Portugal não responde

Questionado sobre esta situação, fonte oficial do Banco Central Europeu indicou ao ECO que não tinham comentários a fazer, chamando ainda assim a atenção para o “código de conduta que os membros do conselho de governadores do BCE têm de seguir”.

Um dos princípios básicos inscritos neste código é que “no desempenho dos seus deveres e responsabilidades, os membros e suplentes deverão observar os mais elevados padrões de conduta ética e integridade”. “Espera-se que atuem de forma honesta, independente, imparcial, com discrição e sem levar em conta o interesse próprio”, lê-se ainda.

O Banco de Portugal não vai responder às questões colocadas pelo ECO sobre o mesmo assunto.

(Notícia atualizada às 14h40)

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