Itália em greve contra os orçamentos de Meloni
A adesão foi superior a 70%, principalmente no centro do país, onde se registou a maior parte dos protestos contra os orçamentos do governo da primeira-ministra.
A Itália concluiu esta sexta-feira o primeiro dia de uma série de greves contra os orçamentos do Governo da primeira-ministra, Giorgia Meloni, resultando num confronto sobre a limitação das horas de greve. De acordo com os dois principais sindicatos, a CGIL e a UIL, a adesão foi superior a 70%, principalmente no centro do país, onde se registou a maior parte dos protestos.
O Governo, por outro lado, saudou a “fraca participação” no protesto. A CSIL, uma das principais organizações sindicais italianas e de origem democrata-cristã, não aderiu ao protesto. “Matteo Salvini exprime a sua grande satisfação pelo número de participantes na greve de hoje, com uma fraca participação do setor dos transportes”, informou em comunicado o gabinete do ministro dos Transportes e vice-presidente do Governo italiano.
De acordo com os sindicatos, a greve teve grande adesão pelo setor dos transportes, onde se registaram picos de adesão de 100% em alguns setores, como os portos, e até 80% na logística. Os transportes públicos pendulares e ferroviários tiveram uma adesão média de 70%. Os dados contradizem com os fornecidos pelo Ministério dos Transportes, que assegurou um tráfego regular na rede local e uma adesão à greve de cerca de 5%, bem como a ausência de cancelamentos na rede de alta velocidade.
Ao longo da semana, os sindicatos acusaram o Governo de impedir o direito à greve, após Salvini ter forçado o limite da greve de oito para quatro horas no setor dos transportes, alegando zelar pela segurança dos cidadãos. “Não podemos e não vamos parar até obtermos resultados. Fazemos greve porque não queremos que o país entre em colapso por causa do Governo. Defendemos o país e desafiaremos as limitações nos locais apropriados”, protestou o secretário-geral da CGIL, Maurizio Landini, no palco da manifestação na Piazza del Popolo, em Roma.
Com o lema “Basta”, a CGIL e a UIL convocaram a greve para exigir “o aumento dos salários, o alargamento dos direitos e a luta contra uma lei orçamental que não trava o empobrecimento dramático dos trabalhadores, dos pensionistas e dos reformados e não oferece um futuro aos jovens”.
Em vez de uma greve geral, os manifestantes organizaram uma série de protestos ao longo de vários dias em diferentes regiões do país. A convocatória desta sexta afetou principalmente as regiões centrais, enquanto a 20 de novembro será a vez da Sicília, a 27 de novembro da Sardenha e a 24 de novembro a greve de oito horas ou de turno completo afetará todos os trabalhadores das regiões do Norte.
Os funcionários públicos e os trabalhadores dos setores dos transportes, da educação, da investigação e dos serviços de correio foram também chamados a parar o trabalho a nível nacional. As organizações sindicais organizaram cerca de 100 manifestações em todo o país, às quais também se juntaram estudantes.
Cerca de 60.000 pessoas reuniram-se em várias cidades como Florença, Milão e Roma, segundo os organizadores. “Queremos dar um futuro à Itália, o que implica o futuro dos jovens, que por sua vez implica um trabalho digno. O governo deve abordar esta questão”, acrescentou Landini.
Meloni pareceu ignorar o apelo e marcou uma viagem à Croácia durante a greve. “Não posso dizer muito, porque a greve geral contra o orçamento foi convocada no verão, quando eu ainda nem sequer o tinha pensado”, disse à imprensa, depois de garantir que tem “grande respeito pelos direitos dos trabalhadores”.
O Governo aprovou um orçamento para o próximo ano com medidas no valor de cerca de 24 mil milhões de euros, que incluem cortes nos impostos sobre o trabalho. Para os sindicatos, as soluções não são suficientes para resolver os problemas dos cidadãos, à medida que os preços continuam a subir.
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