Irão pede a países muçulmanos que cortem relações com Israel

  • Lusa
  • 19 Novembro 2023

O ayatollah Ali Khamenei, a mais alta autoridade iraniana, afirmou que a derrota de Israel na guerra contra o Hamas "é um facto" e instou os países muçulmanos a cortarem relações com Telavive.

Ayatollah Ali Khamenei no decorrer de uma visita ao centro de desenvolvimento da Força Aérea do Corpo de Guardas da Revolução, o Exército ideológico do país, este fim de semana.Lusa

A guerra no Médio Orienta ganhou novos contornos este domingo com o discurso do ayatollah Ali Khamenei, a mais alta autoridade iraniana. De acordo com Ali Khamenei, a derrota de Israel na guerra contra o Hamas em Gaza “é um facto” e instou os países muçulmanos a cortarem relações com Telavive.

O líder supremo falava durante uma visita ao centro de desenvolvimento da Força Aérea do Corpo de Guardas da Revolução, o Exército ideológico do país, durante a qual foi apresentada uma nova versão de um míssil balístico hipersónico, o Fattah II.

“A derrota do regime sionista em Gaza é um facto. Entrar em hospitais e casas não é uma vitória, porque a vitória significa a derrota do outro lado, o que não conseguiu até agora e não conseguirá no futuro”, disse o ayatollah num discurso.

“Esta incapacidade é também a dos EUA e dos países ocidentais” e à sua incapacidade militar para ajudar a derrotar o movimento palestiniano, acrescentou.

Os países muçulmanos devem romper as suas relações políticas com o regime sionista, pelo menos durante algum tempo.

Ali Khamenei

Ayatollah do Irão, a mais alta autoridade iraniana

O Irão saudou os atentados mortais lançados pelo movimento islamista palestiniano em Israel, em 7 de outubro, embora tenha afirmado não estar envolvido.

Segundo Ali Khamenei, “os sionistas consideram-se uma raça superior e consideram o resto da humanidade uma raça inferior. É por isso que mataram milhares de crianças sem qualquer remorso”.

Ali Khamenei considerou ainda inaceitável que “alguns países muçulmanos pareçam condenar os crimes do regime sionista” sem tomar medidas. “Os países muçulmanos devem romper as suas relações políticas com o regime sionista, pelo menos durante algum tempo”, afirmou, apelando também para a suspensão do “fornecimento de energia e de produtos” a Israel.

Vários países árabes, incluindo o Egito, os Emirados Árabes Unidos e Marrocos, estabeleceram relações oficiais com Israel, inimigo declarado de Teerão.

Durante a sua visita, o ayatollah Khamenei examinou a frota de mísseis e drones de Israel, um dos quais se chama Gaza.

Foi-lhe apresentado o Fattah II, uma nova versão de um míssil hipersónico revelado em junho, com um alcance de 1.400 quilómetros e uma velocidade entre 13 e 15 vezes superior à velocidade do som, segundo a agência Irna. Também foram apresentadas versões melhoradas do sistema antimíssil 9-Dey e do drone Shahed 147.

O desenvolvimento do arsenal militar iraniano preocupa muitos países, sobretudo os EUA e Israel, que temem que o seu território possa ser afetado pelas armas iranianas.

Este domingo, o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, sublinhou que “do sangue das crianças palestinianas oprimidas surgirá um sistema mundial justo” e criticou a posição da comunidade internacional face à ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza.

“O sofrimento do povo palestiniano colocou-nos a todos perante o teste divino de como apoiá-lo”, disse, antes de acrescentar que “a população mundial, além de odiar o regime sionista e os Estados Unidos, sente desespero perante a ineficácia dos mecanismos internacionais”, segundo um comunicado publicado pela presidência iraniana no seu ‘site’.

Neste sentido, sublinhou que a população mundial “procura uma ordem mundial justa”, e destacou que “o sangue das crianças palestinianas oprimidas abrirá o caminho para a vingança pela mão de Deus e para acabar com o domínio dos opressores e dos faraós deste tempo”.

Israel lançou a sua ofensiva contra o enclave na sequência dos ataques do Hamas, em 7 de outubro, que causaram cerca de 1.200 mortos e 240 raptados.

As autoridades da Faixa de Gaza, controlada pelos islamitas, referiram 12.300 mortos, incluindo mais de 5.000 crianças, enquanto mais de 180 palestinianos foram mortos pelas forças de segurança israelitas e em ataques de colonos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

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