Menos de 8% das empresas portuguesas usam inteligência artificial

Inquérito do INE concluiu que apenas 7,9% das empresas portuguesas usaram inteligência artificial no ano passado, variando consoante o número de trabalhadores.

Com a inteligência artificial (IA) no primeiro plano da tecnologia, novos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que apenas 7,9% das empresas portuguesas utilizaram tecnologias de IA no ano passado, mais 0,7 pontos percentuais do que em 2021. As ferramentas de IA mais utilizadas são as que “identificam objetos ou pessoas através de imagens e que automatizam diferentes fluxos de trabalho ou auxiliam na tomada de decisão”.

De acordo com o Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação nas Empresas, a percentagem de empresas que usam IA varia consoante o número de funcionários. “Esta proporção aumenta com o escalão de pessoal ao serviço, destacando-se as empresas com 250 ou mais pessoas ao serviço, com 35,4%, seguido das de 50 a 249 pessoas (16,4%), e por último as empresas com 10 a 49 pessoas ao serviço (5,8%)”, segundo os dados divulgados pelo INE esta terça-feira.

Por setor de atividade, as maiores percentagens de utilização deste tipo tecnologia verificam-se na Informação e comunicação (29,8%), nos outros serviços (10,5%) e na indústria e energia (8,8%), à semelhança de 2021. O setor da construção e atividades imobiliárias regista a menor proporção (3,3%).

Das empresas que utilizam tecnologias à base de IA, 44,7% identificam objetos ou pessoas através de imagens. Seguem-se as tecnologias que automatizam diferentes fluxos de trabalho ou auxiliam na tomada de decisão com 40,8% (+3,6 pontos percentuais), as que analisam linguagem escrita com 35,0% (+0,4 pontos percentuais), e as tecnologias de aprendizagem automática para análise de dados (inclui deep learning), com 26,2% (-1,2 pontos percentuais).

A tecnologia de IA menos utilizada pelas empresas é a que permite a movimentação física de máquinas através de decisões autónomas baseadas na observação do meio envolvente (8,3%), tendo sido, no entanto, mais utilizada no setor da Indústria e energia (15,3% das empresas deste setor que utilizam tecnologia de IA).

A IA tem mostrado que pode ser uma ferramenta importante para as empresas, sobretudo desde que a OpenAI lançou o ChatGPT no final do ano passado, um chatbot com IA que é capaz de responder aos pedidos dos utilizadores. Em agosto, a tecnológica norte-americana apoiada pela Microsoft lançou, inclusivamente, uma nova versão da ferramenta destinada às empresas, a que chamou de ChatGPT Enterprise.

Além da baixa utilização de IA no ano passado, o inquérito concluiu que, em 2023, 62,4% das empresas têm um website próprio ou do grupo económico a que pertencem, registando-se um decréscimo de 0,6 pontos percentuais relativamente ao ano 2021, sendo que 79,1% das empresas disponibilizam a descrição dos bens ou serviços e/ou listas de preços, e 49% disponibilizam conteúdo em pelo menos duas línguas.

O INE dá conta que em 2023, 61,1% das empresas utilizam meios digitais de comunicação (social media) e a quase totalidade utiliza as redes sociais (99,1%).

Por outro lado, as vendas através do comércio eletrónico representaram 19% do total do volume de negócios em 2022 (mais 1,8 pontos percentuais que no ano anterior), atingindo os 68 mil milhões de euros (+36,3% face a 2021).

Quase 44% dos portugueses fizeram compras online este ano

Em simultâneo, o INE publicou os resultados do Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação nas Famílias, tendo concluído que quase metade da população entre os 16 aos 74 anos fez compras através da internet.

A taxa de utilização do comércio eletrónico aumentou 1,2 pontos percentuais face a 2020, para 43,9%, depois dos aumentos mais expressivos verificados em 2020 (mais 7 pontos percentuais) e em 2021 (mais 5,2 pontos percentuais). Isto num ano em que também a percentagem de agregados com ligação à internet em casa através de banda larga cresceu, sendo agora de 85,8%.

Apesar da evolução, a proporção de utilizadores do comércio eletrónico em Portugal continua abaixo da média da União Europeia. Em 2022, 56,1% da população do bloco comunitário fez compras online, 13,4 pontos percentuais mais do que a proporção registada em Portugal (42,7%).

Na nota divulgada esta terça-feira, explica-se que em Portugal a taxa de utilização de comércio eletrónico aumentou ligeiramente no caso das mulheres. “Em 2023, continua a verificar-se que a proporção de mulheres que efetuaram encomendas pela internet (44,5%) é superior à dos homens (43,3%), ainda que a diferença se tenha reduzido de 3,8 pontos percentuais em 2022 para 1,2 pontos percentuais em 2023.

O INE dá conta que a taxa de utilização do comércio eletrónico é mais elevada na Área Metropolitana de Lisboa (51,1%) e o Algarve (44,9%). Destacam-se ainda a região Centro (43,8%) e do Alentejo (43,7%) com proporções muito próximas da obtida para o conjunto do país (43,9%).

Quanto à análise etária da utilização do comércio digital, as encomendas online são mais frequentes no grupo etário dos 25 aos 34 anos (75,2% de utilizadores), nos utilizadores com ensino superior (68,3%) ou secundário (56,8%), que são estudantes (61,3%) ou se encontram a trabalhar (53,4%), e entre os que se situam nos dois quintis de rendimento mais elevados (de 56,2% a 62,0%).

Os produtos físicos continuam a ser o tipo de produto que mais utilizadores encomendam (97,5% encomendaram pelo menos um produto físico), mas a aquisição de serviços é o que tem registado um maior crescimento desde 2020 (passando de 47,8% em 2020 para 69,8% em 2023).

Os principais produtos ou serviços encomendados em 2023 foram, tal como em anos anteriores, a roupa, calçado e acessórios de moda (67,6%), as refeições em takeaway ou entrega ao domicílio (38,9%) e os filmes, séries ou programas de desporto em formato digital (37,6%).

No que respeita a serviços adquiridos pela internet, em 2023 continuou a verificar-se uma tendência de crescimento na proporção de utilizadores que adquiriram bilhetes para eventos culturais (passando de 32,0% em 2022 para 37,9% em 2023) e serviços de transporte (de 32,0% em 2022 para 37,8% em 2023)

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