Grossistas e supermercados de rua enfrentam gigantes do retalho com mais produtos de marca própria

Com as vendas de produtos de marca própria a dispararem este ano quase 30%, a UniMark, que integra grossistas com 50 cash & carries e 1.700 lojas de proximidade, alarga marca UP para 700 referências.

Com o objetivo de “combater a grande distribuição”, a cooperativa de grossistas e retalhistas UniMark prepara-se para investir em 2024 no crescimento da oferta dos produtos de marca própria UP para os chamados supermercados de proximidade e no canal da hotelaria e da restauração (Horeca).

A diretora executiva da UniMark, que integra 23 associados grossistas com cerca de 50 cash & carries e perto de 1.700 clientes retalhistas, adianta que o número de produtos da marca própria vai ser alargado dos atuais 610 para 700, nas categorias de mercearia, confeitaria, bebidas, congelados, detergentes ou higiene pessoal.

Carla Esteves calcula ao ECO que o volume de negócios dos associados no que diz respeito às marcas próprias foi de 17 milhões de euros no ano passado e “deverá fechar em 22 milhões de euros em 2023, um aumento de quase 30%”. Valores que refletem “as decisões de compra racionalmente baseadas no preço e a preferência [dos consumidores] pelas designadas marcas próprias da distribuição”.

Carla Esteves, diretora executiva da UniMark

“A extinção anunciada para o final deste ano do IVA a 0% para os produtos do cabaz essencial, aliada a outros fatores, como o aumento das taxas de juro e dos custos da energia e a persistência da inflação, irá impor em 2024 uma maior pressão sobre os orçamentos das famílias portuguesas”, acrescenta a porta-voz da UniMark, que dinamiza o retalho independente de proximidade com várias insígnias associadas, sendo a maior — apoiada por 16 dos grossistas — a rede “Aqui é Fresco”, com cerca de 700 lojas.

Com a escalada da inflação, as marcas próprias têm vindo a ganhar peso nas compras das famílias portuguesas, representando atualmente mais de 44% do total de vendas nos produtos de grande consumo, segundo os dados mais recentes da consultora Nielsen. Portugal é já o quarto país europeu que mais consome este tipo de produtos, que em alguns dos principais retalhistas que operam no mercado nacional chegam a valer até 80% da oferta.

Marca própria com gestão direta

Sediada em Lisboa, a central de compras foi lançada em 1996 e, oito anos depois, foi criada a marca UP, que no caso das associadas maiores e que têm as suas próprias marcas brancas é usada como complementar. No ano passado, precisamente para fazer face ao crescimento do peso das marcas próprias, decidiu criar uma estrutura própria e assumir a gestão direta da marca, que até então era feita em outsourcing por outra empresa, seguindo as suas instruções.

Os atuais “campeões de vendas” da marca UP, dentro do alimentar, são a água, o açúcar, o sal, as leguminosas enlatadas ou em frasco, o arroz, as salsichas e o ice tea. Nos outros setores lideram a lixívia, o papel doméstico (guardanapos, rolos de cozinha e papel higiénico) e a comida para cães e gatos, que também é englobada neste segmento.

Apesar de haver dois grandes grupos económicos (Sonae e Jerónimo Martins) que controlam o mercado nacional e sete empresas que dominam quase 80% do retalho alimentar, Portugal ainda é “um dos poucos países da Europa onde subsiste uma rede de comércio independente de proximidade com algum furor, equivalente a 10% a 20% do negócio”, composta sobretudo por PME, segundo o retrato feito por João Vieira Lopes, diretor-geral da UniMark, que é também presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Grossistas e supermercados de rua enfrentam gigantes do retalho com mais produtos de marca própria

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião