Marcelo confirma envolvimento do filho no caso das gémeas luso-brasileiras

Presidente da República revela que Nuno Rebelo de Sousa lhe enviou email sobre o processo das crianças no Hospital Santa Maria. E diz que "certamente" está em condições de se manter no cargo.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu esta segunda-feira que, afinal, o seu filho, Nuno Rebelo de Sousa, a viver no Brasil, lhe enviou um e-mail sobre o tratamento das gémeas luso-brasileiras no Hospital Santa Maria, em Lisboa. Mas afasta qualquer prioridade no caso das duas crianças brasileiras. E revela que toda a correspondência foi enviada, como é usual, para o gabinete do primeiro-ministro, António Costa, acrescentando: “Não acompanho o que se passa a seguir, nem é desejável”.

“No dia 21 [de outubro de 2019], o dr. Nuno Rebelo e Sousa, meu filho, enviou-me um email comunicando que um grupo de amigos da família das duas crianças gémeas se tinham reunido e estava a tentar que fossem tratadas em Portugal. Era uma corrida contra o tempo. Tinham contactado o Hospital D. Estefânia que tinha dito que seria o Hospital Santa Maria, mas que não tinha resposta do Hospital Santa Maria. Então Nuno Rebelo de Sousa dizia se era possível saber se haveria uma resposta”, revelou o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa invocou o período agitado, entre 21 de outubro e 31 de outubro de 2019, “que coincidiu com a formação de um Governo, a sua tomada de posse, e com uma operação sua ao coração”, para justificar o esquecimento em relação ao email do filho.

Feito o levantamento “exaustivo ao servidor da Presidência”, foi então possível descobrir a tal documentação que Marcelo afirmou que “já foi enviada à Procuradoria-Geral da República (PGR)”, que há cerca de duas semanas terá aberto um inquérito contra um desconhecido.

A razão pela qual só hoje estou em condições de vos comunicar é, por um lado, a complexidade de encontrar no servidor da Presidência da República, passados anos e há milhares de emails e não queria fazê-lo antes de enviar para a PGR”, afirmou o Chefe do Estado.

No mesmo dia do pedido de esclarecimentos do filho do Presidente, Marcelo afirmou que despachou “para o chefe da Casa Civil”, que distribuiu o assunto a “Maria João Ruela, a assessora para os assuntos sociais, que iria tentar perceber do que se trata”. “Na sequência disso, Maria João Ruela contactou o Hospital Santa Maria, no dia 23 de outubro, tendo recebido a resposta de que este processo estava a ser analisado assim como vários casos do mesmo tipo em hospitais portugueses“, continuou.

Nessa mesma comunicação, Maria João Ruela foi informada pelos serviços hospitalares de que “a capacidade de resposta é muito limitada e que depende de decisões médicas, do hospital e do Infarmed”. Marcelo acrescentou que esta informação foi depois comunicada, por escrito, a Nuno Rebelo de Sousa.

O Presidente indicou ainda que o chefe da Casa Civil de Belém informou Nuno Rebelo de Sousa de que “a prioridade é dada aos casos que estejam a ser tratados nos hospitais portugueses”, daí que os pais das gémeas ainda não tenham sido contactados. “O SNS cobre em primeiro lugar as situações de pessoas que residam ou se encontram em Portugal”, disse o chefe da Casa Civil ao filho de Marcelo, de acordo com o próprio.

O Chefe do Estado deu nota de que “este caso assim como centenas, senão milhares de outros casos, que chegam a Belém, são enviados ao chefe do gabinete do primeiro-ministro”, na altura ainda Vítor Escária, agora arguido na Operação Influencer, “uma vez que aí é concentrada toda a correspondência entre a Presidência e o Governo”, esclareceu.

“O que se passa a seguir, não sei”, deixando no ar de que o gabinete do primeiro-ministro poderá ter tido alguma intervenção. Marcelo garante que não teve intervenção alguma no caso das gémeas, afirmando que “certamente” está em condições de continuar a exercer as funções de Presidente da República. “O que fica claro é que o Presidente da República deu um despacho neutral e que não há uma intervenção do Presidente pelo facto de ser ou não ser filho”, salientou.

Sobre a eventualidade de Nuno Rebelo de Sousa ter usado o nome do pai para conseguir algum tipo de favorecimento no tratamento das gémeas, Marcelo foi taxativo: “Não pode invocar o meu nome seja filho ou primo. Espero bem que ele, outro familiar amigo, o que quer que seja, não tenha invocado o meu nome ou o relacionamento comigo, se isso se viesse a comprovar seria totalmente inaceitável”.

(Notícia atualizada às 19h11)

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