Altice seduz investidores com “recital” para vender negócio em Portugal

“Project Recital” será o nome dado internamente pela Altice à venda das operações em Portugal, um negócio que poderá avaliar a dona da Meo entre 7 a 9,5 mil milhões de euros.

Foi em setembro que Patrick Drahi, fundador e acionista maioritário da Altice, deu indicações de que estava aberto a vender alguns negócios do seu império para reduzir a montanha de dívida do grupo, que supera os 55 mil milhões de euros.

Com o nome da empresa em Portugal arrastada para o processo judicial Operação Picoas, no âmbito da investigação que levou à prisão do empresário Armando Pereira, antigo sócio de Drahi na Altice, e implicou outros altos cargos do grupo, Drahi colocou as operações no país na lista de ativos a alienar.

Já com uma lista de potenciais interessados no negócio da operadora de telecomunicações em Portugal, entre os quais a Saudi Telecom, uma apresentação com informações sobre os negócios da Altice Portugal foi enviada a potenciais investidores, uma operação que a empresa batizou internamente de “Project Recital”.

Na apresentação, a que o ECO teve acesso, a Altice mostra os dados da atividade no país e os principais investimentos em que a dona da Meo está ativa.

A Altice apresenta aos investidores um “mercado português de telecomunicações altamente atrativo”, no qual a Meo é líder “indisputável” em todos os segmentos, com provas dadas para resistir à concorrência de novos players e “fluxos de receita altamente diversificados com fortes alavancas de crescimento”.

E o “recital” prossegue com as participações da Meo na rede de fibra ótica, com mais de 50% do capital da FastFiber e outros ativos de infraestruturas.

Com uma quota de mercado de 45% no segmento móvel, 39% na internet e 40% nos serviços de televisão paga, a Altice destaca que a empresa tem mostrado um crescimento consistente da base de novos subscritores. Por outro lado, a Geodesia e a Altice Labs são apontados como alavancas adicionais de crescimento com forte potencial de vendas internacionais.

A Geodesia Alemanha, empresa especializada na construção de redes, “assinou contratos para implantar FTTH (Fiber-to-the-Home) em mais de cinco milhões de casas e está perto de garantir outro grande contrato para implantar em cerca de quatro milhões de residências adicionais, com os valores do contrato totalizando cumulativamente mais de dez mil milhões de euros em receitas”, refere a apresentação a potenciais interessados na compra da Altice Portugal.

A Altice reserva o último ponto da apresentação a investidores para mostrar a evolução dos números do negócio, cujo crescimento foi impulsionado pelo investimento realizado pela empresa nos últimos anos, mas que está agora terminado. Para 2023, a Altice está a antecipar um crescimento das receitas para 2,8 mil milhões de euros, face aos 2,6 mil milhões registados em 2022. Já o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) deverá atingir os mil milhões, no final deste ano, acima dos 900 milhões registados no ano passado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Altice seduz investidores com “recital” para vender negócio em Portugal

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião