BRANDS' ECO “Teremos a primeira pós-graduação em IA para gestão”

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  • 12 Dezembro 2023

José Crespo de Carvalho, presidente da Comissão Executiva do ISCTE Executive Education, revela ao ECO a ambição da internacionalização e a modernização na oferta de cursos para atingir esse objetivo.

A ambição de internacionalizar cada vez mais a sua oferta tem levado o ISCTE Executive Education a fazer algumas adaptações nos programas de formação de executivos de que dispõe.

A diversificação dos catálogos dos programas em open enrolment, a promoção do ethos humano na formação executiva e, ainda, a integração de Inteligência Artificial na oferta têm sido algumas das mudanças que o ISCTE tem vindo a fazer.

Em entrevista ao ECO, José Crespo de Carvalho, presidente da Comissão Executiva do ISCTE Executive Education, explicou em detalhe todas estas mudanças e revelou a vontade de conseguir acabar 2024 com metade dos seus alunos de origem internacional.

Como é que o Iscte Executive Education (IEE) está a adaptar os seus programas de formação de executivos para incorporar perspetivas globais e preparar líderes para operar num ambiente de negócios internacional?

O IEE está a implementar intercâmbios internacionais, parcerias com instituições estrangeiras, e incluir estudos de caso e projetos que abordem desafios globais. E está a internacionalizar a sua atividade através da presença em mercados com potencial. Do Médio Oriente à Ásia e da Europa às Américas, latina e do Norte.

A internacionalização é o pilar essencial da estratégia do IEE há quase 5 anos e traduz-se por alargar a oferta formativa a outros mercados, sejam eles de língua portuguesa, sejam de outras línguas, neste caso oferecidos em inglês.

Trata-se de um movimento quase sem precedentes em termos de formação executiva em Portugal. A formação executiva usualmente “ficava por casa” e aproveitava os recursos, leia-se clientes, internos ao mercado. E, com isso, alimentava a sua operação de open enrolment e vice-versa.

No entanto, existindo tantos mercados e um decréscimo significativo das pirâmides etárias nas faixas mais jovens e promissoras em termos executivos futuros no mercado nacional, sobretudo quando analisadas a médio prazo, bem como um êxodo notável de bons quadros para trabalharem noutros países, então será interessante explorar várias alternativas fora de portas e por via de vários modelos. É isso que o Iscte Executive Education está a fazer na China, Médio Oriente, América Latina, EUA e Europa.

Por alguma razão fomos classificados pelo Financial Times como a operação de formação de executivos número 1 em Portugal, em diversidade e proveniência geográfica dos participantes, e número 14 no mundo. Por alguma razão temos levado a cabo um processo de internacionalização que corrobora estes resultados, tendo hoje uma carteira extensíssima de contactos internacionais e de prospects a explorar e muitos casos já efetivados. Não esquecer, como é óbvio, que apanhámos uma pandemia pelo meio que atrasou este desiderato, que consideramos chave na estratégia de desenvolvimento da formação de executivos.

Há objetivos? Claro que sim. Acabar 2024 com 50% de alunos internacionais e também 50% das receitas no mercado internacional.

De que maneira o Iscte Executive Education está a diversificar os seus catálogos de programas em open enrolment para atender às dinâmicas de procura por parte dos mercados, incluindo novos temas e formatos inovadores?

Estamos a introduzir cursos modulares, micro certificações, certificações médias e mais longas e diplomas de estudos pós-graduados, programas online com presença do docente, formatos e-learning e abordagens práticas para manter os nossos programas relevantes e atrativos.

Aliás, os programas serem práticos é uma característica nada despicienda na medida em que é isso que nos caracteriza desde há 35 anos, altura em que fomos criados. Chamamos a atenção, porém, para o facto de todas estas introduções se estenderem ao mercado internacional, onde se torna absolutamente relevante levar também inovação, novos temas e novos formatos.

Em abertura temos programas de mercado de capitais, na área das tecnologias, da qualidade, do place marketing e place branding, do desenvolvimento pessoal e coaching, da sustentabilidade, e teremos a primeira pós-graduação em inteligência artificial para gestão lançada em Portugal, a começar no próximo semestre, que esperamos que seja um turning point em tudo o que se faz em termos de formação executiva. Já usamos muitas ferramentas de Inteligência Artificial, mas, neste momento, e ao lançarmos uma pós-graduação, seremos os pioneiros nesta área, explorando mercados e abrindo horizontes a profissionais para usarem IA em Gestão e nas diversas áreas da gestão.

Já o disse, mas repito: continuamos a explorar igualmente novos formatos – formatos imersivos, formatos com desafios, jogos e todas as dimensões que consideramos importantes para estimular pessoas individual e coletivamente a fazerem mais e melhor.

José Crespo de Carvalho, presidente da Comissão Executiva do ISCTE Executive Education
O Iscte Executive Education está a fortalecer a sua posição no segmento corporativo, desenvolvendo programas customizados que atendem às necessidades específicas das empresas? Pode explicar-nos mais sobre isso?

Usamos muito a ideia de piloto. Um curso breve em piloto para testar uma ideia. E, depois, abrir esse tópico às instituições para que elas possam validar e aprofundar o piloto com um programa mais longo. No entanto, se isto é importante no mercado nacional, mais importante é no mercado internacional, onde há diferenças culturais assinaláveis.

Fomos a operação de formação de executivos que ficou em quinto lugar no mundo nos rankings do Financial Times, em termos de crescimento da formação corporate. Isso significa para nós uma responsabilidade muito grande, quer para continuar a crescer, quer para continuar a fazer mais e melhor.

Uma coisa satisfaz-nos muito: é muitíssimo raro uma empresa abandonar-nos depois de comprovar a excelência do serviço que oferecemos. O grau de retenção é enorme e isso é um motivo de orgulho para a nossa atividade corporate.

De que forma o Iscte Executive Education está a promover um ethos humano na formação executiva, garantindo proximidade ao participante e construção de um saber-saber, saber-fazer e saber-ser?

Primeiro temos de ter uma base sólida de valores a transmitir e partilhar. E, nesse aspeto, não transigimos nem um milímetro. Depois devemos explorar o domínio cognitivo (Saber-Saber), psico-motor (Saber-Fazer) e sócio-afetivo (Saber-Ser e Saber-Estar). Só assim as aprendizagens podem estar relacionadas com um pensamento lógico, teoria e conceitos, com a manipulação de instrumentos práticos de desenvolvimento de atividades e tarefas – sobretudo as mais orientadas para o acréscimo de valor, podem ser realizadas no domínio social e afetivo ou, também, através de componentes sociais e afetivas. Muito importante entrar em sentimentos, em comportamentos, em capacidade de adaptação à mudança e gestão dessa mudança, às relações pessoais e interpessoais e à maestria com que se abordam e ultrapassam obstáculos e desafios.

A mentoria, a atenção aos participantes, os projetos práticos, os grupos de trabalho, o desenvolvimento de competências interpessoais e o desenho de fronteiras éticas, de princípios e de valores torna-se absolutamente essencial.

Como é que o IEE planeia integrar tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial e a realidade virtual, para aprimorar a experiência de aprendizagem na formação de executivos?

Estamos a investir em plataformas online avançadas, em simulações virtuais e na “gamificação” para oferecer experiências de aprendizagem mais envolventes e de caráter mais aplicacional. Estamos, como já referi, a introduzir fortemente IA em praticamente todos os módulos e a compor programas à volta da IA. A Inteligência Artificial para Gestão será seguramente um passo à frente de todos os nossos concorrentes. Levá-la para o mercado internacional será, igualmente, uma experiência a não perder.

O Iscte Executive Education está a incorporar avaliação contínua e feedback no processo de formação executiva para garantir a relevância e eficácia dos programas?

Certamente que sim. A adoção de ferramentas de avaliação online, o feedback regular dos mentores e a construção conjunta e próxima com os participantes – e isto não é apenas discurso, verifica-se mesmo na prática – e os mecanismos de acompanhamento pós-programa para ajustar continuamente os currículos são absolutamente fundamentais.

Dar prioridade ao desenvolvimento de competências socio-emocionais, como inteligência emocional e liderança ética, na formação de executivos é um dos objetivos do IEE. Mas como o faz?

Há cada vez mais seminários, workshops e módulos específicos, há cada vez mais atividades práticas de resolução de problemas, e verifica-se um coaching e um mentoring individuais para promover um equilíbrio entre habilidades técnicas e competências interpessoais.

Finalmente, quer-nos falar da coleção de livros das Vozes? Para que fazem livros como 67 Vozes por Portugal, 101 Vozes pela Sustentabilidade, 71 vozes pela Competitividade, 77 vozes pela nossa Saúde ou 88 vozes sobre a Inteligência Artificial? E podem esperar-se mais?

As vozes são uma ligação à sociedade civil, a quem quiser participar. Com convites, bem certo. Mas feita a pessoas que estão na órbita da escola e pessoas que nada têm ou pouco têm a ver com ela. Procuramos trazer diversidade de pensamento, originalidade, pontos de vista diferentes, complementaridade, debate e conhecimento e partilha. Procuramos fazer um conjunto de readings que sejam serviço público, serviço à sociedade em geral e que permitam, a preços contidos, fazer chegar mensagens à sociedade, no seu todo, sobre as quais esta deveria estar informada e deveria gostar de participar.

Tudo começou em plana pandemia com a ideia das vozes por Portugal. Ninguém sabia para onde íamos e o que nos esperava depois. Foi uma belíssima forma de darmos um pontapé de saída para nos pormos a pensar em Portugal e no futuro. A partir daí surgiram as áreas temáticas, como a Sustentabilidade, a Saúde, a Competitividade, a Inteligência Artificial, e ainda temos estruturadas outras vozes, sendo um projeto de afirmação para e por Portugal. Portugal que sabe pensar. Portugal que quer participar. Portugal que pretende tornar-se melhor e mais estruturado e que tem ideias e sabe como levar à prática.

Não temos tradição de grandes e profundos debates sobre vários temas. As “Vozes por…” são esses grandes e profundos debates sobre vários temas. Basta estar atento a elas. Estão à venda em todas as livrarias. Diria mais, se há projeto com sentido na área de educação é exatamente este: debate, liberdade de opinião, pluralidade, complementaridade e construção.

O Iscte Executive Education está a participar na forma como quer ver a sociedade no futuro, dando espaço a todo o tipo de pensamento e incluindo. E isso é fundamental.

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