Portugal tem “potencial” para atrair mais de 500 milhões de investimento em terrenos agrícolas e florestais

  • Ana Petronilho
  • 13 Dezembro 2023

Terrenos com projetos focados em culturas permanentes, como o olival, amendoal, vinha e pomares de fruto estão a despertar o interesse de investidores dos EUA, Espanha, França, Reino Unido e Holanda.

Até hoje, o volume de investimento em terrenos agrícolas e florestais é “pouco visível e pouco estruturado”, sendo que em 2023 o número de transações fechadas neste segmento deverá atingir um valor acima de 300 milhões de euros. Mas, segundo a JLL, este número fica aquém do “potencial” investimento acima dos 500 milhões de euros que Portugal pode vir a atrair “nos próximos dois anos”, segundo o estudo “Natural Capital” da consultora, realizado em parceria com a Consulai, uma consultora especializada nos setores agroalimentar, agrícola e florestal, que traça o retrato detalhado deste mercado a nível nacional.

Tratam-se de investimentos em terrenos com projetos focados em culturas permanentes, como o olival, amendoal, vinha e pomares de fruto, que Gonçalo Ponces, head of development & Natural Capital da JLL, explica ao ECO que estão a despertar o interesse “de diferentes perfis de investidores, como family offices, fundos de pensões, seguradoras e alguns investment managers, de países maioritariamente da “América do Norte e Europa, de onde se destacam Espanha, França, Reino Unido e Holanda”.

Entre os terrenos agrícolas, estes investidores estão a olhar, sobretudo, para os terrenos localizados nas principais zonas de regadio, “onde se inserem os perímetros do Alqueva, Idanha-a-Nova e Ribatejo”. Para os terrenos florestais, as zonas de maior interesse são as zonas Centro e a Norte, “com maior presença de pinheiro manso e eucalipto”, refere ainda Gonçalo Ponces.

Ao ECO, o responsável na JLL lembra ainda que estes projetos “obrigam a compromissos de capital iniciais significativos, até à maturidade do ativo biológico, e a uma exploração eficiente com uma visão de longo prazo”, e que, por isso, os negócios “de dezenas e centenas de milhões de euros dependem da dimensão das herdades e do estágio em que os projetos agrícolas se encontram”.

E este é precisamente um dos maiores entraves ao crescimento deste mercado. Gonçalo Ponces diz que há “dificuldade em encontrar projetos com uma escala que justifique o investimento mínimo de alguns destes players” tendo em conta que o país tem um território “pequeno” onde “existem muitas terras divididas em pequenas parcelas, muitas propriedades rurais sem registo ou com muitos proprietários”. Por essa razão, “a perspetiva de investimento e produção alimentar tende a ser ibérica”.

Mas, apesar de estar ainda “a dar os primeiros passos” no investimento destes ativos, há um “elevado potencial de crescimento” no país onde Gonçalo Ponces acredita existir a capacidade para dinamizar transações acima dos 500 milhões de euros “nos próximos dois anos”.

De acordo com este estudo, “o complexo agroflorestal representa 5,1% do PIB nacional, num país que dispõe de mais de 560 mil hectares de áreas de regadio”.

No setor agrícola, “as culturas permanentes mais relevantes são o olival, a vinha e o amendoal, ao passo que em termos de culturas anuais, o país evidencia-se pelas plantações de cereais para forragem, tomates para transformação e arroz. No setor florestal, que cobre 3,2 milhões de hectares, 26% da área é dedicada ao eucalipto, 22% ao pinheiro-bravo e 22% à cortiça.

A nível europeu, segundo o estudo, em 2023, este mercado envolveu 5.3 mil milhões de euros, o que representa “um crescimento de 200% face aos 1.8 mil milhões de euros” captados em 2022. O número traduz “52% do total” de investimento captado a nível mundial tendo sido registado um investimento de 10.2 mil milhões de euros.

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