Nível de literacia financeira dos portugueses melhora muito pouco em três anos

Entre 2020 e 2023, Portugal evoluiu muito pouco ao nível dos conhecimentos, atitudes e comportamentos financeiros dos cidadãos. E se recuarmos a 2016, há inclusive um retrocesso.

Os níveis de literacia financeira dos portugueses continuam a ser muito baixos. Num inquérito realizado pela Comissão Europeia entre março e abril deste ano e publicado em julho, Portugal era o segundo país da União Europeia com os piores níveis de literacia financeira.

Agora, de acordo com um inquérito realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), publicado esta quinta-feira, ficou a saber que, nos últimos três anos, Portugal registou muito poucas melhorias no nível de literacia financeira dos seus cidadãos.

Se em 2020 os portugueses, que participaram no “Inquérito Internacional sobre Literacia Financeira dos Adultos”, foram capazes de responder acertadamente a 62% das perguntas colocadas sobre conhecimentos, atitudes e comportamentos financeiros, no relatório deste ano a percentagem subiu apenas um ponto percentual para 63%.

“Tal como em 2020, no exercício de 2023, Portugal tem resultados acima da média nas atitudes e nos comportamentos financeiros, mas mantém-se abaixo da média na vertente de conhecimentos financeiros”, refere o Banco de Portugal em comunicado.

Cerca de 48% dos portugueses atingiram o que é considerado o objetivo de conhecimentos básicos no contexto da literacia financeira, ao responderem corretamente a 5 das 7 questões colocadas pelos técnicos da OCDE, que compara com um rácio de 58% na OCDE e com 50% da totalidade dos países participantes.

No entanto, se recuarmos a 2016, quando este inquérito foi publicado pela primeira vez, verifica-se uma descida do nível de literacia financeira dos adultos portugueses nos últimos sete anos, dado que, nessa altura, o rácio de respostas acertadas ascendia a 67%.

Entre as três principais categorias avaliadas pela OCDE para aferir o nível de literacia financeira dos adultos, o melhor resultado alcançado por Portugal no inquérito deste ano surge no indicador de atitudes financeiras, com Portugal a ocupar o sétimo lugar entre os 39 países analisados.

“Os resultados neste indicador decorrem, respetivamente, de 69% e 54% dos entrevistados portugueses terem discordado das afirmações como ‘vivo para o presente e não me preocupo com o futuro’ e ‘Dá-me mais prazer gastar dinheiro do que poupar para o futuro’, percentagens significativamente acima da média dos países participantes”, justifica o Banco de Portugal.

82% de entrevistados portugueses referiram ter rendimento suficiente para cobrir as suas despesas nos últimos 12 meses, uma percentagem significativamente acima da média dos países participantes no inqúerito da OCDE.

No canto oposto está o indicador de conhecimentos financeiros, com Portugal a aparecer em 21.º lugar do ranking e com um resultado abaixo da média dos países da OCDE. Cerca de 48% dos portugueses atingiram o que é considerado o objetivo de conhecimentos básicos no contexto da literacia financeira, ao responderem corretamente a 5 das 7 questões colocadas pelos técnicos da OCDE, que compara com um rácio de 58% na OCDE e com 50% da totalidade dos países participantes.

A OCDE avaliou ainda outros indicadores, como a inclusão financeira, a literacia financeira digital e o bem-estar financeiro. No plano da literacia financeira digital, Portugal foi capaz de apresentar resultados “relativamente positivos”, com 98% dos 1.473 entrevistados a referiram que não partilham com amigos passwords ou PINs associados à conta bancária e não partilharam online informação sobre as suas finanças pessoais.

Destaque ainda para as respostas dadas no campo do bem-estar financeiro, com 82% de entrevistados portugueses a referir ter rendimento suficiente para cobrir as suas despesas nos últimos 12 meses, uma percentagem significativamente acima da média dos países participantes no inquérito da OCDE, “ainda que, em contrapartida, 30% refiram que não sobra dinheiro ao fim do mês (abaixo da média dos países participantes)”, refere o Banco de Portugal.

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