Sistema de seguro de saúde da China perdeu 19 milhões de subscritores em 2022

  • ECO Seguros
  • 17 Dezembro 2023

A redução da população segurada pode representar um "sério risco para a saúde" nas áreas rurais, onde a população tende a ser mais velha.

No meio de uma crise económica no país, o sistema estatal de seguro de saúde da China perdeu 19 milhões de subscritores em 2022 e ainda se prevêem dados pouco animadores para este ano, com sete das oito províncias que disponibilizaram dados sobre as apólices de seguro contratualizadas registaram quebras relativamente ao ano passado, avança o jornal americano Financial Times.

De acordo com os especialistas que falaram com o jornal, a receita para a perda de apólices foi a combinação entre o aumento dos valor dos prémios, o receio das clientes com o futuro da economia chinesa, o perder de compra dos consumidores, copagamentos (isto é, a seguradora cobrir apenas parte das despesas médicas e não o total), a limitação dos serviços cobertos pelas seguradoras.

O resultado desta conjuntura foi o afastamento dos clientes, principalmente devido ao agravamento das dificuldades financeiras da população que bateu em julho o recorde de desemprego juvenil de 21,3% em junho, a partir dessa data, as autoridades chinesas deixaram de tornar públicos dados relativos a esta matéria. Após o encerramento de negócios e aumento de desemprego durante a pandemia da COVID-19, o número de pessoas na “lista negra” das autoridades por não terem pago dívidas a serviços públicos aumentou para 8,54 milhões de pessoas, de 5,7 milhões em 2020, estão proibidas de efetuar pagamentos com meios digitais (similares ao MBway) e comprar um bilhete de avião, por exemplo.

Enquanto o menor prémio da principal apólice de seguro ter duplicado desde 2018, o rendimento de um trabalhador migrante apenas aumentou 24% no mesmo período de tempo, deixando esta comunidade vulnerável à subida dos preços das apólices, escreve o Financial Times, citando dados do órgão estatístico chinês.

Os antigos segurados justificaram as suas decisões de terminar ou não renovar o contrato com a seguradora com a necessidade de utilizar esse dinheiro para cobrir despesas essenciais, investindo numa alimentação mais saudável que acreditam evitar futuros problemas de saúde e até poupando para despesas médicas, visto que há planos mais baratos que apenas requerem que o segurado pague parte da despesa médica.

Uma fonte próxima do ministério das finanças confessou ao jornal de economia americano que o aumento dos cancelamentos do seguro de saúde coloca um “sério risco de saúde” para as comunidades nas áreas menos desenvolvidas, onde caso ocorra um acidente sem que haja seguro de saúde, a família pode chegar à bancarrota.

Se há problemas sentidos pela população e analisados pelos especialistas, os últimos também apontam para o caminho para resolver o problema: o governo chinês deve investir nas coberturas de seguro. Assim as coberturas de seguro iam ficar mais baratas e, por isso, mais acessíveis à população chinesa, estimulando, para além da saúde dos cidadãos, a economia do país.

Aos mesmo tempo que lançam possível soluções, os especialistas reconhecem possíveis entraves à recetividade do governo de Pequim em aumentar a despesa pública, numa altura em que a está a tentar reduzir para enfrentar uma possível recessão económica. Acredita-se que a recuperação económica da segunda maior economia do mundo esteja a ser ameaçada por ter falhado em recuperar a confiança dos consumidores, por sentir um abrandamento do setor imobiliário e conta com exportações mais fracas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Sistema de seguro de saúde da China perdeu 19 milhões de subscritores em 2022

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião