Exportadoras portuguesas enfrentam nova regra para etiquetas no Reino Unido em 2024

A partir de 1 de janeiro de 2024, as empresas portuguesas que exportem vinho ou comida embalada passam a ter que incluir na etiqueta o nome completo e a morada do produtor ou importador.

O Reino Unido tem uma nova regulamentação de etiquetagem que entra em vigor no dia 1 de janeiro do próximo ano. As empresas que exportem comida embalada e bebidas têm que indicar o nome completo e a morada do produtor ou do importador. O ECO falou com as associações e empresários que relatam que desde o Brexit que os produtos enviados para o Reino Unido têm uma etiquetagem específica e que mais uma alteração “não vai fazer grande diferença”. Com uma opinião contrária está o administrador da Quinta do Crasto que afirma que esta nova lei de etiquetagem só “vem complicar” a logística e aumentar os custos.

O requisito estava originalmente previsto para ser aplicado a partir de 1 de outubro de 2022, mas acabou por ser prolongado até 1 de janeiro do próximo ano. Para além da morada e do nome completo do produtor ou importador, a comida embalada e as bebidas que forem enviadas para o Reino Unido têm que indicar o nome do produto, a lista de ingredientes, a informação sobre alérgenos, instruções de preparação e informação nutricional, condições de armazenamento e data de validade. No entanto, estas especificações já estavam implementadas antes da nova regra de etiquetagem.

Ana Isabel Alves, diretora executiva da Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal (ACIBEV), relata que “não têm recebido queixas dos associados” em relação à nova regulamentação. Justifica que “hoje em dia o Reino Unido já tem uma série de legislação específica e que não vai alterar muita a situação”.

Hoje em dia o Reino Unido já tem uma série de legislação específica e que não vai alterar muita a situação.

Ana Isabel Alves

Diretora executiva da Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal

“Uma coisa era quando o Reino Unido estava na União Europeia e que havia uma rotulagem única para o mercado único, e essa harmonização era fundamental porque permitia ter uma economia de escala, a partir do momento que o Reino Unido sai da União Europeia e as empresas têm que fazer um rótulo específico, é só mais uma especificidade“, explica a diretora executiva da Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal.

Até setembro deste ano, foram exportados 67 milhões de euros de vinho para o Reino Unido, contra os 53,8 milhões exportados no período homólogo. O ano passado foram exportados 83,9 milhões de euros para o Reino Unido, contra 96 milhões de euros em 2021, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).

Deolinda Silva, diretora executiva da Portugal Foods, conta que a “nova regulamentação não está a causar qualquer tipo de constrangimento” às exportadoras alimentares e que “algumas fizeram logo a adaptação quando foi publicada a legislação“. A líder da Portugal Foods dá o exemplo da Vieira que “acomodou toda a alteração na altura” que estava previsto ser aplicado (a partir de 1 de outubro de 2022). “Já têm o endereço correto, o certificado de origem, adaptaram-se na altura”.

Nova lei de etiquetagem é “ligar o complicómetro”

Para o administrador da Quinta do Crasto, que exporta vinho para 54 mercados e o Reino Unido está no top três ao absorver cerca de 15% da produção, esta “nova lei acaba por complicar a nível logístico, não vem ajudar e tem um impacto em termos de etiquetagem e gestão no armazém. Isto é ligar o complicómetro”. Apesar da complicação, admite que a empresa “já está preparada para esta nova lei de etiquetagem”.

A nova lei de etiquetagem acaba por complicar a nível logístico, não vem ajudar e tem um impacto em termos de etiquetagem e gestão no armazém. Isto é ligar o “complicómetro”.

Tomas Roquette

Administrador da Quinta do Crasto

Tomás Roquette explica ao ECO que há uns anos tinham uma única etiquetagem global que servia para toda a Europa, com a saída do Reino Unido aparece mais uma rotulagem específica. “Isto obriga em termos logísticos a preparar uma etiqueta à parte, a guardar o produto à parte, isto tem uma implicação logística complicada e aumenta os custos. Mandar produzir numa máquina cem mil rótulos que são iguais para todos os países é diferente de começar a subdividir, para além de ter custos dificulta a preparação da encomenda”, afirma o administrador da Quinta do Crasto, que no ano passado faturou 9,5 milhões de euros e produziu 1,4 milhões de garrafas de vinho.

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