Partidos trocam acusações sobre atraso de 30 anos na Alta Velocidade

Partidos votaram favoravelmente resolução do PS sobre a Alta Velocidade, mas responsabilizam o Governo pelo atraso. Pedro Nuno Santos também foi visado.

PS apontou no Parlamento os “30 anos de atraso em relação em Espanha para decidir a Alta Velocidade”, apelando ao avanço do concurso para a linha de TGV entre o Porto e Lisboa. PSD e Chega responsabilizam o Governo pela demora e indecisão. Socialistas dizem que foram Durão Barroso e Passos Coelho que meteram o projeto no lixo.

São 30 anos de atraso em relação em Espanha para decidir a Alta Velocidade ou mais de 50 anos para decidir o novo aeroporto de Lisboa. Continuamos sem avançar fruto de uma cultura política, especialmente da nossa direita, onde decidir é um problema, certamente na esperança que o mercado resolva tudo”, afirmou Hugo Costa, deputado do PS, abrindo as hostilidades no debate pedido pelo partido do Governo sobre “Novas ligações ferroviárias”.

“Ao fim de oito anos de Governo, o PS não quer falar do passado, não quer falar do presente, só quer falar do futuro, numa reencarnação do agora é que vai ser. O PS vem ao Parlamento pedir aos grupos parlamentares que ajudem a PS a instar o Governo a governar“, afirmou Paulo Rios Oliveira, do PSD, referindo-se à resolução apresentada pelo PS que recomenda “o desenvolvimento das diligências conducentes ao início do concurso da Linha de Alta-Velocidade Porto-Lisboa”.

Uma resolução que os social-democratas vão votar favoravelmente, mas não sem críticas apontadas ao lançamento, “à última hora”, do concurso público para o primeiro troço da linha de Alta Velocidade, entre Porto e Oiã (Aveiro), que o Governo entende ser essencial para o sucesso da candidatura aos fundos europeus. “Não será isto a forma mais confessada de dizer que não trabalharam, foram incompetentes e não fizeram o trabalho de casa?”, questionou Paulo Rios Oliveira. “Votaremos a favor de Portugal e não do PS, porque não conhecemos e não acompanhamos as peças técnicas e do concurso”, acrescentou.

“Nesses 30 anos quantos governou o PS?”, começou por perguntar Filipe Melo. O deputado do Chega mostrou uma capa do jornal Público de 1999 com a notícia de que o TGV iria ligar o Porto a Lisboa em 1h15 em 2015. Era António Guterres primeiro-ministro. “Seguiu-se José Sócrates, depois António Costa, com um intervalo pelo meio do PSD. “Foram vários anos de Governos socialistas. A responsabilidade é inteiramente do Partido Socialista”, acusou.

Hugo Costa atirou responsabilidades para os governos do PSD: “António Guterres apresentou o projeto do TGV, o Dr. Durão Barroso enviou para o caixote do lixo. José Sócrates apresentou o projeto do TGV, o Dr. Passos Coelho enviou para o caixote do lixo“.

Bruno Dias, do PCP, disparou aos dois partidos. “O PS e PSD são cúmplices na destruição da ferrovia em Portugal”, disse, acrescentando que “não é por falta de apoio parlamentar que esta e outras infraestruturas vão derrapando no tempo coma a sua decisão sempre discutida a véspera das eleições e depois adiada”.

Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, partido que também irá votar favoravelmente a resolução do PS, também sublinhou o atraso face ao resto da Europa e atirou aos dois maiores partidos. “É caso para dizer que ao longo das últimas décadas o PS arrastou os pés, também nesta matéria. Entre um PS que arrasta os pés e um PSD que hesita, a IL avança para este projeto com confiança“, afirmou o deputado.

O Governo pretende avançar nas próximas semanas com o concurso público internacional para o primeiro troço da linha de Alta Velocidade, entre Porto e Oiã (Aveiro), uma obra orçada em 1.950 milhões de euros. O concurso é considerado essencial pelo Executivo para Portugal garantir 729 milhões de euros em fundos europeus do Mecanismo Interligar a Europa (MIE) para a primeira fase do projeto, que tem um custo global de 3.550 milhões de euros e inclui também a ligação entre Oiã e Soure.

O concurso para as PPP da linha ferroviária de Alta Velocidade Porto – Lisboa prevê três PPP para diferentes troços da linha. O contrato de concessão terá a duração de três décadas, cinco para a construção e 25 para a gestão operacional, como avançou o ECO.

Pedro Nuno Santos visado pela direita

Pedro Nuno Santos, que esteve na bancada do PS, também foi visado no debate pela direita. “O PS não quer nem pode falar de saúde, de educação, de justiça, de pobreza, de serviços públicos. O PS quer ao menos falar de Pedro Nuno Santos. O problema do ex-ministro e futuro deputado é que ele tem um passado que o persegue. Onde ele toca estraga”, afirmou Paulo Rios Oliveira.

O deputado do PSD apontou como exemplos a crise na habitação, o despacho para o novo aeroporto revogado pelo primeiro-ministro e a sua demissão na sequência do caso da indemnização paga a Alexandra Reis, antiga administradora executiva da TAP . “Não serviu para ministro, mas querem que sirva para primeiro-ministro”, atirou. Também o Chega lembrou o pedido de desculpas “embaraçado” de Pedro Nuno Santos no despacho do novo aeroporto.

Coube a José Carlos Barbosa, do PS, fazer a defesa do novo secretário-geral do partido: “Aquilo que sabemos hoje é que se já ministro que no pós-25 de abril apostou na ferrovia foi Pedro Nuno Santos“.

Segundo a Lusa, a resolução do PS que recomenda “o desenvolvimento das diligências conducentes ao início do concurso da Linha de Alta-Velocidade Porto-Lisboa” até ao dia 30 de janeiro foi aprovada por todas as bancadas, com a exceção do Chega, que se absteve.

(notícia atualizada às 19h00 com resultado da votação da resolução do PS)

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