Taiwan já só tem 12 aliados diplomáticos. Nauru muda reconhecimento para Pequim

  • Lusa
  • 15 Janeiro 2024

Após eleições em Taiwan, Nauru passa a reconhecer a República Popular da China como o único Governo legal que representa toda a China e pretende reatar relações diplomáticas plenas.

O Nauru, país insular do Pacífico, anunciou esta segunda-feira que passou a reconhecer Pequim como o único governo legítimo de toda a China, rompendo laços com Taiwan, que tem agora apenas 12 aliados diplomáticos.

Taiwan passa assim a ter laços oficiais com 11 países e o Vaticano. Sete estão na América Latina e nas Caraíbas, três nas ilhas do Pacífico e um em África.

Taipé confirmou também o corte de relações diplomáticas com a República de Nauru, depois de o Executivo do país ter anunciado o estabelecimento de relações com Pequim. O corte das relações diplomáticas ocorre apenas dois dias depois de o vice-presidente e candidato do Partido Democrático Progressista (DPP, na sigla em inglês), William Lai Ching-te, ter vencido as eleições presidenciais de Taiwan com 40,05% dos votos.

Em conferência de imprensa, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Tien Chung-kwang, que anunciou o corte de relações, afirmou que a China “está sempre a tentar abafar Taiwan” na cena internacional.

Taiwan permanece inabalável e continuará a ser uma força para o bem.

Tien Chung-kwang

Vice-ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan

“Temos toda a confiança nos países com os quais mantemos boas relações. Não vamos cair na armadilha da propaganda chinesa, mas é claro que continuamos muito alarmados com a situação”, disse o responsável quando questionado se Taiwan temia um “efeito cascata” dos seus outros aliados diplomáticos.

Posteriormente, o ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan afirmou na sua conta oficial na rede social X (antigo Twitter) que o corte nas relações desta vez “não é apenas uma retaliação da China” contra a eleição da ilha, “mas também um desafio direto à ordem internacional”.

Taiwan permanece inabalável e continuará a ser uma força para o bem”, afirmou o ministério.

A decisão surge depois de o Governo de Nauru, uma pequena nação insular do Pacífico Sul, ter anunciado o corte de relações diplomáticas com Taiwan e o reconhecimento da República Popular da China.

Uma breve declaração divulgada, esta segunda-feira, pelo Governo de Nauru sublinhou que o país reconhece o princípio ‘Uma só China’ e procura reatar relações diplomáticas plenas com Pequim. “Nauru reconhece a República Popular da China (RPC) como o único Governo legal que representa toda a China e pretende reatar relações diplomáticas plenas” com este país, sublinhou o comunicado.

A nação insular defendeu a mudança de política como um primeiro passo para “fazer avançar o desenvolvimento” da pequena república oceânica.

Durante os oito anos de mandato da atual Presidente, Tsai Ing-wen, Taiwan perdeu nove aliados diplomáticos para além de Nauru: São Tomé e Príncipe (2016), Panamá (2017), República Dominicana, Burkina Faso, El Salvador (2018), Ilhas Salomão, Kiribati (2019), Nicarágua (2021) e Honduras (2023).

Taiwan mantém o reconhecimento diplomático de doze Estados, sete dos quais situados na América Latina e nas Caraíbas, como o Paraguai, a Guatemala e o Haiti; três na Oceânia, um em África e um na Europa (Cidade do Vaticano).

Entretanto, o Governo chinês apresentou um protesto formal aos Estados Unidos pela reação do Departamento de Estado aos resultados das eleições em Taiwan, considerando que “violou gravemente o princípio de ‘uma só China’”.

“O Departamento de Estado dos EUA emitiu uma declaração sobre as eleições na província chinesa de Taiwan que violou gravemente o princípio de ‘uma só China’”, lê-se num comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

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