Teixeira Duarte duplica de valor em bolsa à boleia da alta velocidade

As ações da construtora dispararam após o lançamento do primeiro concurso para o TGV. Analistas veem potencial para mais ganhos.

As ações da Teixeira Duarte TDSA 2,37% ganharam nova vida na bolsa de Lisboa nos últimos dias. Apesar desta quarta-feira terem fechado a perder 0,39% para os 0,128 euros, os títulos da construtora escalaram 69% nas últimas cinco sessões, encontrando-se a negociar em máximos de 2020. Os analistas atribuem este disparo ao lançamento do primeiro concurso para a linha de alta velocidade (TGV), para o qual concorre em consórcio com a Mota-Engil, um concurso que pode ser um ponto de viragem para as ações (e para os lucros).

Só este ano, nas 12 sessões de bolsa contabilizadas, a capitalização bolsista da construtora quase que duplicou de valor como resultado de uma subida de 97% do preço das ações. Apenas nas últimas cinco sessões, contaram-se mais de 5,8 milhões de títulos a trocarem de mãos, segundo dados da Refinitiv. Trata-se de um volume de negociação recorde, que compara com uma média de 567 mil ações negociadas por dia nos últimos três meses.

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As ações da Teixeira Duarte estão a valorizar mais de 96% este ano, na sequência do anúncio dos resultados do concurso público sobre a obra da linha de alta velocidade que vai ligar Lisboa/Porto”, realça Henrique Tomé, analista da XTB.

Recorde-se que o Governo lançou na sexta-feira o concurso para o primeiro troço da linha de alta velocidade Lisboa/Porto. Entre os interessados a agarrar esta obra está a Teixeira Duarte por via de um consórcio do qual também faz parte a Mota-Engil e que engloba também a Casais, Gabriel Couto, Alves Ribeiro e Conduril.

Os privados que ganharem o concurso para a PPP terão cinco anos para a construção do troço, sofrendo penalidades financeiras caso incumpram o prazo. Ficam também responsáveis pela manutenção e gestão da linha por um período de 25 anos, recebendo em função da disponibilidade de serviço assegurada às empresas que explorarem a ligação, como a CP ou outras. O primeiro troço está orçado em cerca de 1.900 milhões de euros.

O analista da XTB destaca que as ações, “além de terem disparado, o volume de negociação chegou mesmo a atingir máximos históricos, o que demonstra que este evento é de extrema relevância para a empresa“, justifica Henrique Tomé.

Se esta obra se revelar como um marco importante para os lucros e desenvolvimentos da empresa, poderemos ter as ações da Teixeira Duarte a inverter a sua tendência descendente que já vinha de há vários anos.

Henrique Tomé

Analista da XTB

“Se esta obra se revelar como um marco importante para os lucros [empresa fechou o primeiro semestre de 2023 com prejuízos de três milhões de euros] e desenvolvimentos da empresa, poderemos ter as ações da Teixeira Duarte a inverter a sua tendência descendente que já vinha de há vários anos”, acrescenta.

“Este comportamento pode ser justificado por uma combinação de fatores, como a construção de um novo hospital em Lisboa num montante estimado de 200 milhões de euros, a participação direta e indireta na infraestrutura da ferrovia nacional e a necessidade de construção nova de habitação“, refere ainda João Queiroz.

“Estes fatores devem contribuir para o aumento do preço das ações desta cotada que continua a ser uma empresa de referência no setor da construção & obras públicas em Portugal”, explica o head of trading do Banco Carregosa.

Acreditamos que a cotação da Teixeira Duarte continue a recuperar nos próximos meses, dependendo das apresentações trimestrais de resultados e da capacidade de beneficiar de uma recuperação económica global ou mesmo de conseguir evitar um cenário de estagnação. Esta cotada aparenta deter uma diversificada carteira de projetos que lhe permitirá continuar a melhorar as receitas e a começar a gerar positivos fluxos de caixa”, antecipa o mesmo analista.

Acreditamos que a cotação da Teixeira Duarte continue a recuperar nos próximos meses dependendo das apresentações trimestrais de resultados e da capacidade de beneficiar de uma recuperação económica global ou mesmo de conseguir evitar um cenário de estagnação.

João Queiroz

Head of trading do Banco Carregosa

Segundo João Queiroz, “a empresa também aparenta estar a investir em novas tecnologias e competências, o que lhe permitiria manter-se competitiva no mercado, auxiliando o país na transição energética e na defesa do ambiente”.

A evolução da economia é apontada como um dos principais desafios. “A incerteza económica deverá ser um dos principais riscos tanto para a empresa como para o setor“, conclui Henrique Tomé.

Já João Queiroz aponta, além da economia, outros desafios: “A capacidade em melhorar e robustecer os resultados de forma sustentada e a sua aptidão e experiência para incorporar a tecnologia de forma a trazer inovação e a melhorar a sua eficiência para defrontar a sua concorrência”.

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