Ministro da Habitação israelita ordena expropriação da UNRWA em Jerusalém leste

  • Lusa
  • 12 Fevereiro 2024

A medida abrange os gabinetes da ONU em Maalot Dafna e Kafr Aqab, Jerusalém leste, anexada por Israel desde 1967 mas considerado, a par da Cisjordânia ocupada, território palestiniano.

O ministro da Habitação de Israel ordenou esta segunda-feira ao diretor-geral da Autoridade das Terras de Israel (ILA) a expropriação dos terrenos ocupados em Jerusalém leste pelo gabinete da Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA).

Numa carta dirigida ao diretor-geral Yaakov Quint, o ministro Yitzhak Goldknopf, um rabino e dirigente do partido ultraortodoxo Agoudat Israel, exige-lhe que termine “imediatamente” com todos os acordos firmados entre a ILA e a UNRWA com o objetivo de desalojar a agência de todos os territórios “arrendados ao Estado”, indicou o diário The Times of Israel.

Desta forma, a medida exigida por Goldknopf abrange os gabinetes da ONU em Maalot Dafna e Kafr Aqab, situada em Jerusalém leste, anexada por Israel desde 1967 mas considerado, a par da Cisjordânia ocupada, território palestiniano em termos de Direito internacional. Goldknopf considerou que a UNRWA “atuou ao serviço” do Movimento de Resistência Palestiniana (Hamas) “e inclusive participou no brutal massacre de 7 de outubro”.

“A minha intenção é pôr fim a isto e expulsá-los de Israel”, acrescentou o rabino e dirigente político israelita. Israel acusou 12 elementos da UNRWA, que possui 13.000 funcionários, de terem participado nos ataques do Hamas de 07 de outubro, um número posteriormente reduzido para metade e com o chefe da Agência, Philippe Lazzarini, a considerar inconsistente esse documento acusatório.

Israel tem a decorrer no Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, uma acusação de genocídio que foi interposta pela África do Sul. Diversos países decidiram suspender o financiamento à UNRWA, com destaque para os Estados Unidos, Austrália, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Finlândia e Japão.

Portugal foi um dos países a assumir uma posição distinta e anunciou inclusive um aumento do contributo para esta agência das Nações Unidas. O secretário-geral da ONU, António Guterres, designou uma Comissão de investigação independente, liderada pela ex-ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, com a colaboração de três institutos escandinavos.

O relatório só estará concluído em abril, quando a situação humanitária na Faixa de Gaza está à beira do colapso. O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 7 de outubro. Nesse dia, 1.139 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 134 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 29.000 pessoas – na maioria mulheres, crianças e adolescentes — e feridas mais de 67.000, também maioritariamente civis.

As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 7 de outubro. A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade. Desde 7 de outubro, pelo menos 392 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.

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