Frente a frente: Pedro Nuno Santos denuncia “mentira” do programa do Chega, Ventura critica “ministro trapalhadas”

Debate ficou marcado pelos temas da corrupção, habitação, pensões e SNS. André Ventura critica falta de reformas, Pedro Nuno Santos aponta "irresponsabilidade" do Chega.

Justiça, habitação, pensões e saúde estiveram em destaque no frente a frente entre o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e o presidente do Chega, André Ventura, que se realizou esta quarta-feira, num debate transmitido na TVI/CNN. Tal como aconteceu com o encontro entre Luís Montenegro com Ventura, o debate excedeu o tempo suposto e superou os 38 minutos.

O líder do PS criticou o programa do Chega, dizendo que é “irresponsável”, “uma fantasia da primeira à última página”, por querer prometer tudo a todos, sobretudo no que diz respeito aos nove mil milhões de euros de despesa anual e permanente com o aumento das pensões. Já Ventura apontou as falhas de Pedro Nuno Santos enquanto era ministro, sobretudo na área da habitação.

Balanço

Este debate foi marcado pelos temas da justiça e da corrupção, nomeadamente depois de conhecida a decisão do juiz de instrução que libertou todos os arguidos detidos no caso da Madeira. Pedro Nuno Santos disse que a justiça “está a funcionar e a funcionar bem”, enquanto Ventura apontou que ainda é uma decisão inicial e que a justiça precisa de reformas.

O debate passou também pelas propostas de ambos os partidos na habitação, pensões e SNS. No âmbito da saúde, Ventura defende o recurso a privados, enquanto PS quer aprofundar o regime de dedicação plena no SNS.

Na área da fiscalidade, Pedro Nuno Santos destacou o aumento da dedução em IRS com rendas para habitação, de 600 para 800 euros, o alargamento do Porta 65, que deixará de ter tetos para as rendas beneficiarem do subsídio, ou uma nova dedução com o IVA gasto em bens essenciais.

Leilão

Pedro Nuno Santos: “Aumento da dedução com rendas para habitação para 800 euros, uma devolução no IVA em bens essenciais para quem não paga IRS”

André Ventura: “Eu vou mesmo, se puder, limitar a hipótese de recursos abusivos para garantir a cidadãos que justiça atuará a tempo e horas”.

Bottom line

Pedro Nuno Santos: “Nove mil milhões de euros para aumentar pensões, como propõe o Chega, não é de uma vez, é todos os anos. Obviamente que é impossível, é uma fantasia, é mentir os portugueses.”

André Ventura: “A lei não funciona nestes termos, se funcionasse não continuávamos a ter esta corrupção portuguesa.”

Número

Pedro Nuno Santos: 37 milhões de euros em bens foram arrestados em 2022, no âmbito do combate à corrupção, e foram confiscados a favor do Estado 13 milhões de euros.

André Ventura: 15 mil milhões de euros é o que o Governo já colocou no Serviço Nacional de Saúde, que mesmo assim continua sem funcionar e com “listas de espera a aumentar”.

Parecer

Com as últimas sondagens a apontar para um crescimento da AD, o debate era importante para Pedro Nuno Santos ganhar élan. Em vez disso, entrou vacilante no tema da justiça, com André Ventura a passar a ideia de que o candidato do PS não tem propostas concretas para atacar a morosidade e a corrupção, ao contrário do Chega. Na saúde, teve de recuar na proposta de obrigar os médicos a ficar no SNS após o internato, abrindo-a à negociação. Pedro Nuno Santos dedicou grande parte do seu tempo a tentar desmontar as propostas do rival, em vez de dar fôlego às suas. Foi bem-sucedido no ataque ao irrealismo das medidas de Ventura para a descida de vários impostos e o aumento das pensões. Deu um tiro certeiro quando acusou o líder do Chega de “aderir à ideologia da moda para ver se sobe no sistema”, com “um programa de falsidades, que é uma irresponsabilidade financeira e não é para levar a sério”.

(Opinião) André Veríssimo, sub-diretor do ECO

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