Frente a frente: Pedro Nuno Santos admite solução de Governo com BE, Mortágua apela a entendimento

A coordenadora do Bloco insiste num acordo com o PS, mas o líder socialista atira negociações para depois de 10 de março. Pedro Nuno Santos defende que tem medidas "mais equilibradas".

A “boa memória” da geringonça, como lhe chamou Pedro Nuno Santos, foi o tiro de partida para o debate desta sexta-feira com a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, que foi transmitido pela RTP1.

Mariana Mortágua e Pedro Nuno Santos antes da entrada para o frente a frente na RTP1 e RTP3.RTP

 

A líder bloquista pressionou a um acordo à esquerda, mas o secretário-geral socialista só avaliará um possível entendimento com BE, no pós-eleições de 10 de março, isto é, se precisar do suporte daquele partido para conseguir governar com estabilidade.

De resto, foram mais as pontes do que as divergências entre PS e BE em matérias como saúde e habitação. Mas Pedro Nuno Santos defende que tem “medidas mais equilibradas”.

Balanço

Apesar de Pedro Nuno Santos rejeitar linhas vermelhas para negociações pós-eleitorais com o BE, o debate desta sexta-feira evidenciou pelo menos duas divergências claras.

O líder do PS rebateu por completo a ideia de Mortágua de condicionar a política de spreads da Caixa Geral de Depósitos (CGD) nos créditos à habitação. “O Governo não pode pedir à CGD para baixar o spread. Esta medida não seria possível, é uma medida que não funciona e tem um problema, porque é regressiva. É que os lucros da CGD são dividendos do Estado, de todos os portugueses, que pode, por exemplo, aplicar na construção de habitação”, defende o líder do PS.

Para além disso, Pedro Nuno Santos afastou a reversão da privatização de algumas empresas, como os CTT ou a ANA – Aeroportos de Portugal, como defende o BE. “O que lá vai, lá vai, não podemos andar para trás. Não está no nosso horizonte reverter privatizações”, defendeu o líder do PS.

Leilão

Pedro Nuno Santos: “Vamos aumentar a dedução em IRS com despesa com rendas para habitação para 800 euros”.

Mariana Mortágua: “É preciso tetos às rendas especulativas e diminuir a pressão que hoje existe do excesso do Alojamento Local nos centros das cidades”.

Bottom line

Pedro Nuno Santos: “Um acionista não pode dar orientações [à CGD] sobre baixar o spread, o que o acionista pode indicar é para ter uma politica de crédito generosa”.

Mariana Mortágua: “A única hipótese de haver estabilidade neste país é um entendimento à esquerda”.

Número

Pedro Nuno Santos: 40 anos é a idade limite para os jovens poderem aceder à garantia pública para o crédito à habitação, segundo a proposta eleitoral do PS.

Mariana Mortágua: 6% é o número de profissionais de saúde abrangidos no regime de dedicação plena no SNS, que Mortágua diz ser diferente da proposta de exclusividade do Bloco.

Parecer

Neste date da geringonça gauche, a coordenadora do Bloco apareceu logo muito bem, com um outfit que deixava o sempre elegante Pedro Nuno Santos sem vantagem. Mas sem querer agitar muito, Pedro Nuno Santos conseguiu desmontar ataques nos temas da Caixa e da habitação. Não perdeu. Mas também não ganhou muito.

Shrikesh Laxmidas, diretor-adjunto do ECO

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