O Lobo que se fez alfa na política, advocacia e agora na EDP

Lobo Xavier vai ser o novo chairman da EDP. Conhecido pela liderança na sociedade de advogados Morais Leitão e pelo papel no CDS, tem também sido ativo na administração de várias empresas.

Sócio, administrador, consultor, membro do Conselho de Estado, comentador político, líder parlamentar do CDS. Muitos são os cargos decisórios, experiência política e empresarial que se conhecem a António Lobo Xavier, e há mais um que, em breve, o advogado juntará ao seu currículo: foi o escolhido para presidir o Conselho Geral e de Supervisão da EDP em substituição de João Talone, tal como o ECO avançou em primeira mão.

Desde 2006 que é um dos principais rostos da sociedade de advogados Morais Leitão. Assumiu o papel de sócio, depois de a Morais Leitão, Galvão Teles Soares da Silva & Associados se ter fundido nesse mesmo ano com outra sociedade, fundada por Lobo Xavier em 1989, a Osório de Castro, Verde Pinho, Vieira Peres, Lobo Xavier e Associados. É advogado especializado em Direito Fiscal e, depois da notícia do ECO, foi também já revelado que Lobo Xavier renunciou à Morais Leitão para eliminar quaisquer riscos de conflito de interesse, porque aquela sociedade presta serviços jurídicos à EDP.

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Efetivamente não foi apenas agora, com o convite de Lobo Xavier para presidente do Conselho de Administração da EDP, que os caminhos da Morais Leitão se cruzaram com os da elétrica. A EDP já recorreu aos serviços desta sociedade para assessorar alguns dos seus negócios. No entanto, de acordo com os estatutos da elétrica, é incompatível que um administrador não executivo tenha presença numa empresa que preste serviços à EDP, pelo que Lobo Xavier terá de abdicar da sua posição na Morais Leitão.

Da advocacia às grandes empresas

Fecha-se, desta forma, um capítulo de 18 anos da carreira de Lobo Xavier na Morais Leitão, mas outros mantêm-se abertos. O jurista desempenha atualmente as funções de administrador não-executivo noutras empresas, nomeadamente na gigante das telecomunicações Nos e na BA Glass, o maior operador em Portugal na produção de embalagens e garrafas de vidro.

Em simultâneo, e desde setembro do ano passado, assumiu as funções de vice-presidente do banco BPI, ao lado do presidente Fernando Ulrich, cujo mandato se prolonga até 2025, e no qual Lobo Xavier também integra a comissão de auditoria.

Anteriormente, na Sonaecom, também já foi membro do conselho de administração e da comissão executiva, na qual foi responsável pela área de sustentabilidade, conta a nota biográfica na página da Nos. Foi ainda administrador não-executivo da Mota-Engil até 2021.

No papel de administrador e consultor de empresas nacionais e multinacionais, descreve a Morais Leitão no seu site, Lobo Xavier foi responsável por diversas operações de reorganização e de reestruturação, fusões e aquisições, envolvendo questões relacionadas com a dupla tributação, IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado e IRC -Imposto sobre o Rendimento Coletivo.

Ultimamente, tem-se também dedicado ao planeamento sucessório para acionistas de “várias das mais relevantes empresas” de controlo familiar em Portugal, bem como colaborado na organização e gestão destas entidades, lê-se na mesma página da sociedade de advogados.

O passado político ainda aceso

A ligação mais direta de Lobo Xavier à política nacional é, desde 2016, o papel que desempenha como Conselheiro de Estado junto do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Também se mantém presente através do comentário político, tendo lugar cativo no programa “O Princípio da Incerteza”, exibido, semanalmente, na CNN Portugal.

No entanto, já era conhecido dos portugueses como ex-deputado e ex-líder parlamentar do CDS, um passado que “ressuscitou” recentemente. E recentemente, em setembro do ano passado, já com Nuno Melo, foi responsável pela elaboração da Declaração de Princípios do partido. O CDS “tem de lutar pela sua sobrevivência” e “renascer”, defendeu António Lobo Xavier, citado pelo Expresso, em setembro do ano passado.

Lobo Xavier foi deputado à Assembleia da República entre 1983 e 1996 e líder parlamentar de 1992 a 1994. Integrou ainda a Comissão da Reforma Fiscal de 1998 e foi presidente da Comissão de Reforma do IRC de 2013.

Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1982, e com Mestrado em Ciências Jurídico-Económicas pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1988), chegou a exercer mais tarde, durante a década de 90, a docência universitária no meio académico português.

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