Costa do Marfim duplica preço de compra do cacau aos produtores locais. País representa 45% da produção mundial

  • Lusa
  • 2 Abril 2024

A Costa do Marfim decidiu fixar o preço do cacau no produtor em 2,3 euros por quilo, um nível de preços que nunca foi atingido na história da indústria do cacau.

A Costa do Marfim fixou esta terça-feira o preço do cacau aos produtores locais em 2,3 euros por quilograma para a estação intermédia, um aumento de 50%, devido aos aumentos dos preços mundiais, anunciou o ministro da Agricultura. A estação intermédia vai de abril a setembro. O cacau da Costa do Marfim representa 45% da produção mundial – mais de dois milhões de toneladas – e 14% do Produto Interno Bruto desta nação africana.

“O Governo da Costa do Marfim decidiu fixar o preço no produtor em 1.500 francos CFA [2,3 euros] por quilograma. Trata-se de um nível de preços que nunca foi atingido na história da indústria do cacau”, declarou o ministro Kobenan Kouassi Adjoumani numa conferência de imprensa. Este aumento surge numa altura em que os preços do cacau estão a bater recordes nos mercados de matérias-primas.

Em Nova Iorque, por exemplo, o valor mais do que triplicou num ano, atingindo 10.000 dólares (cerca de 9.282 euros) por tonelada, devido ao mau tempo (chuva seguida de seca) em países produtores como a Costa do Marfim, o que prejudicou as colheitas. A Costa do Marfim vende as suas sementes de cacau antecipadamente e o preço de compra é fixado pelo Governo. Desta forma, é menos sensível às flutuações do mercado do que outros países, como os Camarões, um produtor mais pequeno, onde o sistema é liberalizado.

Perante a subida dos preços, algumas pessoas na Costa do Marfim criticaram este sistema, argumentando que, nos países onde o sistema é liberalizado, o quilo de cacau é atualmente vendido três a quatro vezes mais caro. “Aqueles que defendem este argumento esquecem que o nosso país já experimentou o sistema liberalizado, cujos resultados não corresponderam às expectativas”, respondeu o ministro, recordando que, entre 2000 e 2011, foram pagos “preços irrisórios” aos produtores quando os preços mundiais baixaram.

“No sistema estabilizado, a subida diária dos preços mundiais não é repercutida imediatamente, mas beneficia os produtores com um desfasamento temporal”, acrescentou. Este anúncio do aumento dos preços foi bem recebido por alguns representantes dos produtores. “As nossas preocupações foram tidas em conta. O sistema em vigor assegura um rendimento aos produtores”, afirmou o secretário-geral da Central Sindical Agrícola da Costa do Marfim, Thibault Yoro.

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