Com projeto de 34 milhões à espera de aprovação, Casais pede rapidez nos fundos europeus

A empresa, que submeteu um envelope de 34 milhões de euros ao abrigo dos fundos europeus, critica a falta de apoios e avisa que sozinhas as empresas não conseguem financiar a transição energética.

O Grupo Casais, que teve rejeitado o seu projeto de investimento de 47 milhões de euros às Agendas Mobilizadoras, no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), continua a aguardar resposta sobre outro projeto que candidatou aos fundos europeus. Mesmo sem saber se este envelope de 34 milhões de euros será aprovado, o grupo de construção diz que é necessário que os fundos do PRR cheguem o mais rápido possível e avisa que as empresas precisam de apoios para financiar a transição para a sustentabilidade.

“Fizemos um envelope mais pequeno [de 34 milhões de euros, no âmbito do Regime Contratual de Investimento] do que aquele que havia sido candidatado nas Agendas Mobilizadoras [no valor de 47 milhões de euros]”, explica António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais ao ECO. De acordo com o líder do grupo de construção bracarense, este projeto “contempla a criação de alguma capacidade adicional de fabrico de offsite”, sendo que a empresa ainda não tem resposta sobre esta candidatura. “E mesmo assim achamos que haveria espaço para mais investimento”, atira o empresário.

Avançamos até onde foi possível sozinhos, mas percebemos que apenas com a ajuda dos incentivos ao investimento estaremos em posição para conseguir inovar e contribuir, em tempo útil e em escala, para as necessidades de habitação e construção do país.

António Carlos Rodrigues

CEO do Grupo Casais

Para António Carlos Rodrigues, “esta candidatura é de extrema importância para viabilização de investimentos que permitirão a resposta atempada às necessidades de construção a que assistimos todos os dias”, acrescentando que “a produtividade do setor está estagnada há décadas”. “Por outro lado, assistimos a uma quebra de cerca de 50% de mão-de-obra no setor desde 2005. A solução será a industrialização, para a qual o investimento em inovação produtiva se encontra perfeitamente alinhado.”

A colaborar em projetos para Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Luxemburgo, Croácia, Arábia Saudita e Brasil, António Carlos Rodrigues lembra que com o projeto do Hotel B&B de Madrid, a Casais provou “que era possível fabricar um edifício em Portugal e transportá-lo e instalá-lo noutro país. Mas seremos irrelevantes se não criarmos escala.”

Depois de ter visto o seu projeto na área da construção industrial sustentável ter sido excluído, em 2022, das agendas mobilizadoras, o líder da Casais destaca que a empresa tem inovado “as nossas soluções, mas é um investimento a longo prazo, porque na realidade estamos a criar mercado, pelo que é impossível viabilizar o investimento produtivo no curto prazo”.

Avançamos até onde foi possível sozinhos, mas percebemos que apenas com a ajuda dos incentivos ao investimento estaremos em posição para conseguir inovar e contribuir, em tempo útil e em escala, para as necessidades de habitação e construção do país”, avisa o empresário, acrescentando que é “necessário que os fundos do PRR cheguem o mais rápido possível.”

A transição para uma construção sustentável industrializada requer uma visão de longo prazo porque é preciso mudar muitas peças da cadeia de valor desde o projeto, o fabrico e a execução e operação (…) Não é viável solicitar ao setor privado que invista sem apoios e subsídios para ajudar a suportar esta fase de transição.

António Carlos Rodrigues

CEO do Grupo Casais

António Carlos Rodrigues entende que “a transição para uma construção sustentável industrializada requer uma visão de longo prazo porque é preciso mudar muitas peças da cadeia de valor desde o projeto, o fabrico e a execução e operação”. “O que fizemos até hoje responde aos poucos projetos onde a industrialização é aplicável. Não passamos ainda do primeiro turno de fabrico e mesmo esse turno tem ainda muitas horas vazias. Por isso não é viável solicitar ao setor privado que invista sem apoios e subsídios para ajudar a suportar esta fase de transição”, alerta.

O governo anterior entendeu que as empresas de construção seriam beneficiadas pela quantidade de obras que seriam lançadas e por essa razão não precisavam de verbas para apoiar a transição digital e a aposta na sustentabilidade”, acusa o empresário, que na altura contestou a exclusão das Agendas Mobilizadoras. E acrescenta: “como podemos ver na maior parte das obras públicas os beneficiados têm sido as empresas estrangeiras”.

Para o CEO do Grupo Casais, “é importante o apoio à criação de capacidade adicional por um lado, na consciência que no imediato não haverá quantidade de projetos para essa capacidade, mas uma fábrica e a capacitação do setor não se faz de um dia para o outro”. “Por isso o custo é mesmo esse: o de apoiar a criação de capacidade para que a mesma esteja disponível gradualmente e de forma incremental”, acrescenta.

Por outro lado, defende “é preciso medidas do lado da procura. Dois exemplos: a França tornou obrigatório que até 2030 a construção incorpore 50% de soluções offsite e modular”. Já o Reino Unido adjudicou 14 mil milhões a várias empresas de construção offsite para um período de sete anos. Uma estratégia, diz, que está assente na consciência que uma indústria robusta de offsite, cria a capacidade de exportar obra num futuro próximo. “Por exemplo para a reconstrução da Ucrânia, não temos dúvidas que os ingleses e franceses já estão a ganhar a dianteira. Portugal deveria fazer o mesmo”, conclui.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Com projeto de 34 milhões à espera de aprovação, Casais pede rapidez nos fundos europeus

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião