Eleições na África do Sul põe fim a três décadas de domínio do partido de Mandela
Com 98% dos votos contados, o partido do Congresso Nacional Africano conseguiu uma percentagem de apenas 40%. Para governar terá de estabelecer alianças.
O Congresso Nacional Africano (ANC), que governa a África do Sul com maioria absoluta desde 1994, quando Nelson Mandela chegou ao poder com o fim do regime do apartheid, conseguiu apenas 40,21% dos votos nas eleições de quinta-feira, sendo obrigado a fazer alianças com outras forças políticas para conseguir governar.
Com os resultados de 99,5% das mesas de voto já apurados, o ANC seguia este sábado com 40,21% dos votos, segundo a agência Reuters. Uma forte redução face aos 57,5% conquistados em 2019.
Durante décadas o ANC viveu à sombra da libertação do apartheid, adiando as reformas que poderiam dar maior vigor à economia e estabilidade social. Tirando 2021, ano em que o PIB cresceu 4,7% após a forte contração (-6%) provocada pela pandemia, o ritmo foi sempre inferior a 2%, travando em 2023 para 0,6%. O PIB per capita continua, de resto, abaixo do valor registado em 2018.
Os vários escândalos de corrupção envolvendo o partido no poder, os elevados níveis de criminalidade, as frequentes faltas de energia elétrica e uma taxa de desemprego já nos 32,9% ajudam a explicar a perda de popularidade do ANC.
O partido foi ainda penalizado pela entrada na corrida do ex-Presidente Jacob Zuma, cujo partido uMkhonto weSizwe (MK) conseguiu 14,61% dos votos, em boa parte devido ao apoio na província de KwaZulu-Natal, onde nasceu.
Cyril Ramaphosa deverá conseguir a reeleição, a menos que a sua liderança seja posta em causa. Terá sempre de se aliar a uma ou mais forças para assegurar a governação.
O segundo partido mais votado foi a Aliança Democrática, de centro-direita, com 21,79%. Uma opção que permitira manter a agenda de dinamização da economia introduzida por Ramaphosa. Em terceiro lugar ficou o partido de extrema-esquerda Combatentes da Liberdade Económica (EFF), com 9,48%. Quer o uMkhonto weSizwe quer o EFF defendem o domínio governamental do banco central e a expropriação de terras sem compensação. O segundo pretende ainda nacionalizar a banca e a exploração mineira.
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