#14 O que se passou no Portugal x Geórgia e o inacreditável Grupo E

O ECO estabeleceu uma parceria com o jornal desportivo online Bola na Rede, para o acompanhamento do Euro 2024. O jornalista Diogo Reis é Enviado Especial à Alemanha e escreve uma crónica diária.

Está tudo bem para Portugal desde que a derrota não pese no psicológico dos jogadores e complique o trabalho. A turma de Roberto Martínez entrou para este desafio já com a vida tranquila, enquanto a Geórgia preparava-se para (possivelmente) o maior jogo da sua história. Há uma diferença de vontades, ainda que Portugal tenha dado titularidades a jogadores com pouco ou nenhum minuto no Euro (motivação individual). No fim, a Geórgia conseguiu algo inédito e Portugal tem de levantar a cabeça, trabalhar e apagar qualquer nuvem de negatividade, antes de jogar os oitavos-de-final.

Compra-se control(o) defensivo

Portugal continua sem apresentar uma exibição completa a nível defensivo neste Euro 2024, tendo em conta a qualidade que tem à sua disposição. Facilitou a chegada da Chéquia ao último terço, melhorou contra a Turquia e descambou frente à Geórgia, que são muito fortes nos contra-ataques. Viu-se diversas transições rápidas da Geórgia a explorar a profundidade contra Portugal. Apesar dos golos terem nascido de erros individuais (passe atrasado de António Silva e grande penalidade) e ter sido utilizado uma diferente dinâmica (Gonçalo Inácio-Danilo-António Silva), o processo defensivo deveria ter sido melhor e há que trabalhar esse aspeto.

Eslovénia: Here we go again

Não é a primeira vez que Portugal de Roberto Martínez tem vida complicada contra um bloco baixo. Diante da Geórgia, a Seleção Nacional apresentou dificuldades na construção, sobretudo em gerar espaços e jogar por dentro de forma continuada. Viraram-se muitas vezes para as laterais, esperando rasgos de Pedro Neto ou Francisco Conceição (com adversidades em ultrapassar oponentes) e cruzamentos. Houve também tentativas de remates de fora, no qual João Félix, com liberdade de movimentos a procurar dar apoio, buscou algumas vezes. Roberto Martínez precisa de trabalhar na penetração de blocos baixos, pois a Eslovénia também é uma equipa que se sustenta na organização defensiva, embora tenha menos argumentos que a Geórgia no plano ofensivo. Recordar que Portugal jogou com a Eslovénia no passado mês de março e perdeu por 2-0 num jogo de cariz particular.

Danilo Pereira e João Palhinha no mesmo 11 inicial, porquê?

Roberto Martínez explicou em conferência de imprensa o motivo de ter voltado à linha de três centrais e conciliado Danilo Pereira e João Palhinha no mesmo 11 inicial. Segundo o treinador da Seleção Nacional, a ideia passava por combater os contra-ataques da Geórgia (que surtiram efeito), recuperar rápido, aumentar as linhas de passe por fora ao ter três centrais, trazer maior largura e abrir espaços por dentro. Além disso, mencionou a importância de João Palhinha fazer mais minutos, tendo ainda expressado a sua vontade em dar descanso a Rúben Dias. Terá acontecido o mesmo com Pepe e Danilo Pereira pareceu-lhe a opção mais viável para o eixo defensivo, acompanhado por Gonçalo Inácio e António Silva numa linha a três.

Jejum de Cristiano Ronaldo, novidade para Roberto Martínez e Geórgia a escrever história

A Geórgia nunca tinha jogado um Campeonato da Europa. E, portanto, nunca tinha vencido um jogo, muito menos qualificar-se para os oitavos-de-final. Agora é tudo passado, porque conseguiram. É possivelmente o maior jogo da sua história até ao momento, e, além do referido, fizeram-no vencendo Portugal. Quanto a Cristiano Ronaldo, foi a primeira vez em 11 fases finais (Mundial e Europeus) que o avançado português não marcou pelo menos um golo na fase de grupos. Já Roberto Martínez registou a primeira derrota em jogos oficiais ao serviço de Portugal, depois de 12 vitórias consecutivas (repetir, em jogos oficiais).

Inacreditável Grupo E

Pela primeira vez na história dos Campeonatos Europeus, as quatro equipas do grupo terminaram todas com os mesmos pontos (4P). A Roménia foi líder de um grupo pela primeira vez (defronta os Países Baixos), a Bélgica passou em segundo lugar (França pelo caminho e no mesmo lado de Portugal), a Eslováquia também se junta à festa dos apurados (enfrenta a Inglaterra) e a Ucrânia foi eliminada, apesar de ter conseguido fazer a sua melhor pontuação numa fase de grupos de Europeu. Inédito é dizer pouco.

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