Justiça

Quem é Luís Bernardo, o dono da WLP alvo de buscas pela PJ

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Foi assessor de José Sócrates, mas também de António Guterres, e diretor de comunicação do Benfica. No setor dos media, trabalhou com a Global Media, Cofina e Media Capital.

O dono da Wonder Level Partners (WLP), Luís Bernardo, foi alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária. Sob o consultor comunicação recaem suspeitas de corrupção, por uma alegada viciação das regras de contratação pública, avançou na manhã desta quinta-feira a CNN Portugal. Em causa estão fortes suspeitas de favorecimento de empresas do setor da comunicação, publicidade, marketing digital e marketing político, por parte de diversas entidades públicas”, confirma um comunicado emitido pela PJ.

Luís Bernardo, 58 anos, apresenta-se como ex-jornalista, fundador da TVI, consultor de comunicação e especialista em marketing político há quase 30 anos. Aliás, é dele a primeira notícia da TVI, no dia 20 de fevereiro de 1993, uma reportagem no Centro Cultural de Belém, que iria abrir portas um mês depois.

Assessor de comunicação de dois primeiros-ministros, José Sócrates e António Guterres, foi responsável por diversas campanhas políticas e de marketing. Coordenou vários eventos, como presidências da União Europeia por Portugal, e cimeiras, entre as quais da Nato, UE-África, UE-USA ou UE-Brasil, lê-se no site da WLP, a sua agência de comunicação.

Foi ainda diretor de comunicação do Sport Lisboa e Benfica, mas também de outras empresas, como o Group SAG, Unidas Group e instituições como UMP, IS e Yusi. Antes do Benfica, aliás, a WLP, a sua agência, trabalhou para o Sporting.

Luís Bernardo foi também convidado pela comissão executiva da Global Media liderada por José Fafe para apresentar um plano estratégico de futuro para o grupo, agora prestes a concretizar a venda de meios como TSF, Jornal de Notícias, O Jogo, Evasões, Volta ao Mundo, N-TV ou Delas.

Ainda no setor de media, presta serviços à Media Capital e trabalhou como consultor do Grupo Cofina, quando este tentou comprar a Media Capital.

Segundo o Público, Luís Bernardo juntou-se ao Partido Socialista enquanto militante em 1987, tendo também integrado, em 1990, o secretariado da Juventude Socialista (JS) liderado por António José Seguro, descreve o Correio da Manhã.

Em comunicado, a PJ confirmou as buscas e avançou que se investigam factos suscetíveis de enquadrar a prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, prevaricação, participação económica em negócio, abuso de poderes (titulares de cargos políticos) e abuso de poder (regime geral).

Segundo explicou a PJ, esta operação, denominada “Operação Concerto”, executou 34 mandados de busca e apreensão, dez buscas domiciliárias e 13 não domiciliária em organismos públicos, e 11 buscas não domiciliárias em empresas, em Lisboa, Oeiras, Mafra, Amadora, Alcácer do Sal, Seixal, Ourique, Portalegre, Sintra e Sesimbra.

“As diligências realizadas visam consolidar a indiciação de que, às empresas referenciadas pela investigação, terão sido adjudicados contratos, por ajuste direto ou por consulta prévia, em clara violação das regras aplicáveis à contratação pública, designadamente, dos princípios da concorrência e da prossecução do interesse público, causando elevado prejuízo ao Erário Público”, explica a PJ.

Segundo apurou a CNN Portugal, entre os os visados está a WLP, de Luís Bernardo, alegadamente pela forma como ganha contratos para liderar a comunicação de entidades públicas por ajuste direto ou consulta prévia. Um dos casos de suspeita de viciação das regras da contratação pública diz respeito ao Tribunal Constitucional.

A investigação acredita que foi montado um esquema de criação de aparência fictícia de legalidade, verificando-se que em vários concursos de consulta prévia surgem em simultâneo, alegadamente simulando serem concorrentes, a WLP de Luís Bernardo; a First Five Consulting de João Tocha; a Remarkable, de um sócio de João Tocha; e a Sentinelcriterion de um sobrinho de Luís Bernardo.

Na operação desta quinta-feira participaram cerca de 150 elementos da Polícia Judiciária, inspetores e peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística e da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática da PJ, além de oito magistrados do Ministério Público, no DCIAP.

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