Televisão

TVI quer alcançar share de 5,2% em 2030 com o novo canal generalista

Carla Borges Ferreira,

A concretizar-se, o novo canal generalista da Media Capital ficará num patamar idêntico ao que tem hoje a CMTV. A estimativa é que as receitas cresçam quase cinco vezes e os custos 24 vezes.

O novo canal generalista da TVI deve ter um share de audiência de 5,2% m 2030, antecipa a Media Capital. A estimativa faz parte do pedido de modificação de serviço de programas televisivos, entregue à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), e ao qual o +M teve acesso. Mais TVI é o nome, provavelmente ainda de trabalho, com o qual o grupo se refere ao novo canal.

De acordo com o documento, a TVI antecipa “um crescimento significativo de audiências após o alargamento do âmbito do Mais TVI, permitindo ao share de audiências crescer do atual nível, próximo dos 1,4%, até atingir um patamar superior aos 5% em 2030”, pode ler-se. A concretizar-se, o novo canal generalista da Media Capital ficará num patamar idêntico ao que tem hoje a CMTV.

“É nosso entendimento que o TVI-Ficção é visto atualmente por uma agregação de vários segmentos, de natureza distinta. A novela mais vista no canal continua a ser os “Morangos com Açúcar”, dirigida a um público entre os 13 e os 20 anos de idade, de ambos os sexos. Já as novelas que passam à noite na TVI têm como alvo principal as mulheres, que frequentemente são acompanhadas pelas suas famílias frente ao televisor. As novelas que passam às 23h tendem a ser mais vistas por pessoas mais idosas (mais de 55 anos), as das 22h tendem a ser mais abrangentes no que respeita à idade”, justifica o grupo.

“O MaisTVI pretende alargar o público-alvo do canal TVI-Ficção, agregando-lhe mais segmentos. A programação de desporto deverá atrair público com perfil adulto e mais masculino, a de entretenimento será vocacionada para as famílias”, acrescenta.

“Esse aumento de audiências permitirá à TVI incrementar o valor total das suas receitas de publicidade, direitos de sinal e de interatividade”, prossegue o grupo nas projeções financeiras. “É expetativa da TVI que a contribuição deste projeto para a rentabilidade do grupo caia em 2025 para depois crescer consistentemente até atingir níveis da ordem dos 40% das receitas“, concretiza

O MaisTVI contará com os recursos técnicos e humanos da TVI, mas o grupo considera que poderão ser necessários investimentos ao nível de recursos humanos, infraestrutura tecnológica, sistemas e estúdios. Assim, os custos vão evoluir dos 185 mil euros em 2023 para 1,2 milhões em 2024, 3,4 milhões em 2025 e 4,5 milhões em 2030, enquanto as receitas passam dos 1,7 milhões em e 2023 para os 2,2 milhões expectáveis em 2024, 3,4 milhões em 2025 e 7,9 milhões em 2030.

Ou seja, o grupo estima que as receitas incrementais cresçam a um ritmo médio de 24,5% ao ano, se comparamos com o TVI Ficção em 2023, e estimam que os custos aumentem a um ritmo médio anual de 58%. Se a comparação for com a operação em 2024, que já inclui estimativas de quatro meses do novo canal, as receitas incrementais vão evoluir a um ritmo de 23,7% ao ano e os custos a 24,2% ao longo dos próximos seis anos.

O novo canal terá um estúdio novo, “em uso quase exclusivo”, em Queluz de Baixo, e assegurará parte da sua emissão a partir dos estúdios da TVI e da CNN no Porto, explica a Media Capital.

O canal “tentará atrair e cativar a atenção de todos os Portugueses, independentemente do seu sexo, idade, raça ou ideologia” e a programação resultará de uma combinação de vários géneros, incluindo ficção, entretenimento, desporto e informação”, lê-se nas linhas orientadoras.

Na ficção, por comparação com a programação atual, “o MaisTVI trará novelas mais recentes e mais séries e novelas, algumas de produção externa ao grupo de que faz parte a TVI” e no entretenimento, “trará à programação atual mais concursos e passatempos, em parte recorrendo ao catálogo recente da TVI e noutra parte produzindo programas originais“.

No desporto, que é uma novidade do novo canal, “o Mais TVI dará mais animação à cobertura de eventos desportivos ao vivo, cobrirá mais modalidades desportivas e será mais imaginativo do que é hábito na Televisão Portuguesa no uso da temática de desporto em formatos de entretenimento“, escreve o grupo. Como adiantou o +M, o jornalista João Ricardo Pateiro, que deixou a TSF em maio, após quase três décadas na rádio ainda da Global Media, será um dos rostos da informação desportiva.

Por último, na informação, “apostará em breves apontamentos noticiosos distribuídos ao longo do dia, focados predominantemente sobre acontecimentos nacionais, a produzir pela mesma redação que hoje produz a CNN Portugal e os serviços noticiosos da TVI”. “O MaisTVI não terá a informação como elemento-chave da programação, pelo que não terá o seu horário nobre preenchido por programas de informação nem interromperá a sua programação com alertas informativos; os apontamentos noticiosos pretenderão apenas manter a audiência fiel do canal atualizada sobre acontecimentos nacionais”, concretiza a Media Capital, vincando neste ponto uma diferença significativa face à CMTV.

Quanto ao racional para a transformação do TVI Ficção em canal generalista, o grupo aponta a convicção de que “os serviços de programas de ficção serão os que mais irão sofrer desta tendência de migração das audiências para os serviços de vídeo-a-pedido”, pelo que a evolução tornará o canal “mais resistente à ameaça dos serviços de vídeo-a-pedido”.

As emissões experimentais no novo canal arrancam em agosto, provavelmente, e como já avançou o +M, coincidindo com o arranque dos jogos da Liga.

Apesar de apelidado de Mais TVI, o grupo explica que a requereu o registo “de duas potenciais marcas mistas que traduzem mais apropriadamente a linha de programação que ora se apresenta, e espera ter o registo de pelo menos uma delas aprovado até agosto”, data do pontapé de saída do novo canal.

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