Televisão

“Queremos acima de tudo ser um canal de companhia, bem disposto”, diz diretor do novo V+ TVI

Rafael Ascensão,

Hugo Andrade diz não querer "um canal feito de desgraças" mas sim que as pessoas "tenham vontade de estar no canal". José Eduardo Moniz considera que o lançamento do V+ TVI é "símbolo da vitalidade".

Queremos acima de tudo ser um canal de companhia, um canal bem disposto“, disse Hugo Andrade, na apresentação do V+ TVI, o novo canal generalista por cabo da Media Capital que vai para o ar no dia 9 de agosto, nas operadoras Meo, Nos e Vodafone.

Segundo o diretor do canal, o objetivo é que o V+ TVI “seja um canal muito positivo“. “Não quero um canal feito de desgraças. Mais do que ver, quero que as pessoas tenham vontade de estar no canal. E isto tem um posicionamento de ser claramente um projeto de companhia positiva, descontraída, sem o peso do dia-a-dia. O posicionamento é de ser ligeiro e próximo”, explicou à margem do evento ao +M.

Já para José Eduardo Moniz, diretor-geral da TVI, o lançamento do V+ TVI é “símbolo da vitalidade” do universo dos canais da Media Capital, num contexto de “clima concorrencial difícil”, e onde a evolução e necessidade de adaptação tecnológica é diária. “É um canal feito com muita paixão, com muita força de vontade”, disse na sessão de apresentação, acrescentando que o slogan do canal – “o canal que faltava” – traduz em pleno a questão que levou ao seu lançamento.

Tudo faremos para garantir que os espectadores encontrem nos canais TVI aquilo que necessitam, seja na informação, entretenimento, ficção ou desporto. A nossa vontade é que a TVI continue a singrar nos caminhos que tem vindo a trilhar e que a sua liderança se solidifique”, afirmou.

O novo canal – que vem substituir o TVI Ficção – pretende “ser uma verdadeira alternativa à oferta existente no cabo e diferenciadora face à concorrência”, com uma programação bastante diversificada que vai desde o entretenimento à informação, ficção, desporto, música, culinária, fama ou crime.

Na ficção, o novo canal vai trazer novelas mais recentes e mais séries e novelas, “algumas de produção externa ao grupo de que faz parte a TVI”. “Festa é Festa” (de 2ª a domingo, ao final da manhã), “Bem Me Quer” (tardes de 2ª a 6ª), “Café” (tardes de 2ª a 6ª), “Esperança” (tardes de 2ª a 6ª) ou “Ai a Minha Vida” (manhãs de 2ª a 6ª) são alguns dos títulos a serem transmitidos pelo V+TVI que não esquece outros mais antigos como Inspetor Max (manhãs de sábado e domingo) ou Morangos com Açúcar (2ª a domingo à hora de almoço).

Para o entretenimento, o novo canal “trará à programação atual mais concursos e passatempos, em parte recorrendo ao catálogo recente da TVI e noutra parte produzindo programas originais”, tinha já adiantado a estação. “Bom dia alegria” (de 2ª a 6ª às 8h30) ou “Para si” (de 2ª a 6ª às 16h) são programas que vão ocupar este segmento.

Quanto ao desporto – uma novidade e grande aposta do novo canal –, os telespectadores do V+ TVI vão poder contar com relatos dos jogos dos três maiores clubes portugueses e com programas de análise e debate sobre a atualidade futebolística nas noites de segunda a domingo.

A aposta no desporto foi, aliás, o que também motivou o lançamento do canal em agosto, segundo disse Nuno Santos na apresentação, adiantando que o canal vai olhar para esta temática “pela componente do entretenimento e espetáculo” e que a ideia passa por mostrar ao telespectador o que se passa nos estádios portugueses.

Já na informação, o V+TVI vai apostar em breves apontamentos noticiosos distribuídos ao longo do dia, de segunda a sexta, numa espécie de síntese “sobre o que se está a passar no país e no mundo”, que vai ser produzida pela mesma redação que hoje produz a CNN Portugal e os serviços noticiosos da TVI”.

O canal também já tinha referido que “não terá a informação como elemento-chave da programação“, naquela que é uma diferença significativa face à CMTV. Recorde-se que enquanto generalista o V+TVI concorre no mesmo segmento do canal do grupo MediaLivre. Mas, “se a pergunta é se este canal foi formatado para concorrer com a CMTV, a resposta é não”, garantiu Hugo Andrade ao +M. “A CMTV tem o seu mercado, é um projeto muito focado e bem conseguido. Nós vamos fazer o nosso projeto, para o nosso público”, acrescentou.

De segunda a sexta-feira, à tarde, o canal conta ainda com um “espaço de informação que vai marcar a agenda da atualidade judicial”. No campo da música, o canal da Media Capital aposta no programa “Tony e amigos” enquanto na culinária vai transmitir “Cozinhar e Poupar” (2ª a 6ª, de manhã).

Já de 2ª a 5ª, em late night, os telespectadores vão poder acompanhar “tudo o que acontece no mundo glamoroso das celebridades nacionais e internacionais”. Já nas noites de sexta-feira e sábado, o V+TVI vai oferecer “a melhor seleção de filmes eróticos internacionais”.

Questionados pelo +M quanto a expectativas em termos de audiências, tanto Hugo Andrade como José Eduardo Moniz optaram por não fixar um número, referindo que as audiências serão as que os espectadores permitirem.

No entanto, a antecipação já feita pela Media Capital – grupo que no cabo tem também a CNN Portugal e o TVI Reality – é a de que o mesmo tenha um share de audiência de 5,2% em 2030, segundo uma estimativa incluída no pedido de modificação de serviço de programas televisivos, entregue à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

De acordo com o documento, a TVI antecipa “um crescimento significativo de audiências” após o alargamento do âmbito do canal, “permitindo ao share de audiências crescer do atual nível, próximo dos 1,4%, até atingir um patamar superior aos 5% em 2030”. A concretizar-se, o novo canal generalista da Media Capital ficará num patamar idêntico ao que tem atualmente a CMTV.

“Esse aumento de audiências permitirá à TVI incrementar o valor total das suas receitas de publicidade, direitos de sinal e de interatividade”, prosseguia o grupo nas projeções financeiras. A expectativa com o novo canal passa exatamente por também conseguir atrair mais e novos anunciantes, disse Hugo Andrade ao +M, algo que deve ser possível com a maior abrangência de que o V+ vai ser dotado.

“A TVI Ficção era um canal muito feminino. Este canal tem um perfil que vai a mais públicos, permite-nos maior cobertura de públicos, pelas características do canal e da própria programação, mas também pela entrada de novos comunicadores. E é isso que os anunciantes querem. Claro que os anunciantes são um player super essencial neste mercado e claro que quando trabalhamos para ter mais espectadores diferentes, também queremos que os anunciantes nos acompanhem nesta caminhada, porque se tivermos ambos – espectadores e anunciantes – quer dizer que estamos a fazer um bom trabalho”, explicou o diretor do canal.

O novo canal terá um estúdio novo, em uso “quase exclusivo”, em Queluz de Baixo, e assegurará parte da sua emissão a partir dos estúdios da TVI e da CNN no Porto, explica a Media Capital. Em termos de recursos humanos foram feitas algumas contratações, mas “muito poucas”, segundo Hugo Andrade, que adiantou que “tudo o que é produção” é feito 99% internamente.

Recorde-se que também a SIC estará a equacionar o lançamento de um novo canal de ficção no cabo, algo que poderá acontecer ainda este ano, como noticiou o +M. Neste caso, a ideia não será relançar nenhum dos canais, mas antes avançar de raiz para um novo projeto. Recentemente também a Medialivre, dona da CMTV, lançou o Now, um canal de informação que por sua vez concorre no segmento da CNN e da SIC Notícias.

Hugo Andrade encara de forma favorável este surgimento de novos canais. Sou um apologista de que quanto mais oferta houver, melhor trabalhamos. Vejo com muitos bons olhos a chegada de novos canais de televisão, de novas plataformas de streaming, novos jornais ou novas rádios. Quanto mais houver de certeza que mais se chega às pessoas, a dispersão não é necessariamente um problema. O problema é perder-se público”, disse ao +M.

“Considero que se nós, Media Capital, tivermos uma oferta diversificada mas toda ela articulada uma com a outra que garanta que quem queira vir aos nossos meios tem a oferta que precisa – seja na TVI, na CNN, no V+ TVI, no TVI Player, seja onde for – estamos a fazer aquilo que o espectador quer”, concluiu.

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