Empresas portuguesas sobem ao pódio nos Jogos Olímpicos. Caiaques da Nelo ganharam o ouro
Uma empresa de Vila do Conde fundada por um antigo atleta detém a “hegemonia” dos Jogos Olímpicos na canoagem. Em Águeda, a Miranda Bike lançou Iúri Leitão no ciclismo de pista.
Os Jogos Olímpicos de 2024 tiveram quatro atletas de Portugal a subirem ao pódio. Um deles, o ciclista Iúri Leitão, fez história ao tornar-se o primeiro português duplamente medalhado numa mesma edição da competição. Mas, além de desportistas, houve algumas empresas sediadas em território nacional a “conquistar” medalhas em Paris.
O maior destaque é a Nelo Kayaks, empresa de Vila do Conde que, segundo a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), foi responsável pelo fabrico de 80% dos 140 caiaques que estiveram em competição na capital francesa entre 26 de julho e 11 de agosto.
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Na verdade, a companhia – que conta com 180 funcionários e da qual 99% da produção tem o estrangeiro como destino – é já uma “veterana” dos Jogos Olímpicos. Desde 2004, ano em que Atenas acolheu o evento, é a fornecedora oficial na modalidade de velocidade na canoagem, desporto em que Portugal tem no currículo duas medalhas (prata em K2 1.000 metros masculinos, em Londres 2012, e bronze em K1 1.000 metros masculinos, em Tóquio 2020).
Porém, a primeira medalha olímpica conquistada pela Nelo Kayaks data de 1996, quando a competição se realizou na cidade norte-americana de Atlanta. A partir daí, já conseguiu 137 medalhas, incluindo as de Paris, mas foi na edição de 2016, no Rio de Janeiro, que alcançou mais sucesso, com os seus caiaques e canoas de alto desempenho a subirem ao pódio por 27 vezes.
Em declarações ao ECO, fonte da empresa vila-condense detalhou que, nos Jogos deste ano, a Nelo arrecadou “20 medalhas em 30 possíveis”, enquanto uma concorrente polaca conquistou sete e uma alemã conseguiu três. Ou seja, a fábrica localizada no Canidelo e fundada em 1977 por Manuel Ramos, um antigo atleta que foi o primeiro campeão nacional de canoagem em Portugal, “mantém a hegemonia” no palco olímpico, sublinhou.
Iúri Leitão pedalou no ciclismo de pista a partir de Águeda
No setor das duas rodas, responsável por metade das medalhas olímpicas portuguesas em Paris, a Carbon Team ganhou o ouro em duas ocasiões, ainda que através de atletas internacionais. Ao ECO, a empresa de Vouzela, que emprega 115 pessoas e exporta toda a produção, não revela quais as categorias, por uma questão de confidencialidade com os clientes.
“Temos três quadros/bicicletas que participaram nos Jogos Olímpicos de Paris. A Carbon Team forneceu os quadros para essas bicicletas que participaram, mas não podemos revelar as marcas de bicicletas, os atletas e as modalidades. Dessas três bicicletas que participaram, duas ganharam medalhas de ouro“, apontou Emre Ozgunes, general manager da empresa que se afirma como a primeira na Europa a produzir quadros de bicicletas em fibras de carbono.
Já em Águeda está sediada a empresa que lançou o duplo medalhado Iúri Leitão no ciclismo de pista. A Miranda Bike, que emprega 210 trabalhadores e se assume como o maior fabricante europeu de componentes de transmissão para bicicletas, patrocinou a Miranda Mortágua, equipa à qual pertencia o ciclista em 2017, quando era ainda amador.
“Foi nesta equipa [Miranda Mortágua] que o Iúri Leitão começou a aprimorar a modalidade de ciclismo de pista”, que, nestes Jogos Olímpicos, lhe deu uma medalha de ouro na prova de Madison – juntamente com Rui Oliveira – e outra de prata em Omnium, conta ao ECO fonte oficial da empresa aguedense, que exporta cerca de 90% da sua produção, essencialmente para países do continente europeu.
Tendo em conta que Portugal é líder na produção de bicicletas na Europa, o ECO contactou outras empresas da indústria nacional das duas rodas para saber se estavam associadas de alguma forma aos Jogos Olímpicos. A SRAM, com sede nos EUA, mas que tem uma fábrica na Pedrulha, em Coimbra, e é a maior fabricante europeia de correntes para bicicletas, não respondeu até à publicação deste artigo, assim como a Polisport, da Carregosa, e a gaiense RTE.
Apenas fonte da Rodi Cycling disse desconhecer se as bicicletas usadas por atletas na capital francesa tinham componentes fabricadas por si. E, apontando uma publicação da Iniciativa Liberal nas redes sociais, que dava conta de que a empresa de Aveiro era uma de oito companhias portuguesas que subiram ao pódio nestes Jogos Olímpicos, argumentou que se tratava de “aproveitamento político” para dar destaque ao cluster português no setor.
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“É um mal-entendido. Nós produzimos quadros de bicicleta em alumínio e as bicicletas que os atletas usam nos Jogos Olímpicos utilizam quadros em carbono”, afirmou, por sua vez, o CEO da aguedense Triangle’s, João Paulo Oliveira, acerca da publicação dos liberais, que assinalava os “campeões da economia, da indústria, da produção, da investigação, do design, da inovação e da exportação”.
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