IL quer ouvir ERC sobre críticas à entrevista de José Rodrigues dos Santos a Marta Temido
A IL quer esclarecer se a deliberação da ERC interferiu ou não com a liberdade jornalística de José Rodrigues dos Santos e, por consequência, da própria RTP.
A Iniciativa Liberal quer ouvir no Parlamento a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre as críticas do regulador à forma como José Rodrigues dos Santos conduziu uma entrevista a Marta Temido durante a campanha das eleições europeias.
Numa deliberação sobre as “Participações contra a RTP1 a propósito da exibição de uma entrevista a Marta Temido, cabeça de lista pelo PS às eleições europeias’”, conhecida na última semana, a ERC avalia a pertinência de três queixas relativas à alegada falta de rigor e isenção do entrevistador na condução da sua entrevista, tendo concluído que o jornalista se afastou do “registo de factualidade e das regras de condução da entrevista jornalística”, prejudicando “o direito dos telespectadores de serem informados”.
Agora, num pedido de audição da ERC, entregue esta terça-feira pelo partido liderado por Rui Rocha na Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, os liberais defendem que “qualquer pronunciamento, por parte de entidades públicas, referente à pertinência ou adequação da conduta de jornalistas deve ser cuidadosamente avaliado antes da sua emissão, atendendo à suscetibilidade das liberdades que podem estar em causa”.
Assim, “é fundamental que a Assembleia da República possa esclarecer em audição se a deliberação em causa interferiu ou não com a liberdade jornalística do visado e, por consequência, da própria RTP“, justifica a IL.
Este domingo, num artigo publicado no Observador, José Rodrigues dos Santos rebateu ponto por ponto a deliberação da ERC, defendendo que não violou qualquer dos seus deveres deontológicos na condução da entrevista, limitando-se a “ir a repique”, apontando ainda um erro factual na deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social.
“A ERC diz que teci ‘comentários laterais a afirmações da entrevistada que se situam no plano da opinião e não no plano da factualidade’. Para sustentar esta afirmação extraordinária, a ERC invoca que, quando a entrevistada afirmou que ‘alguns (países) têm até situações de tal modo graves que, neste momento, equacionar esta questão levanta uma série de outras questões’, eu terei replicado ‘por acaso, não creio‘. Fiquei muito espantado com esta citação, porquanto não proferi a declaração que a ERC me atribui. (…) Ao ouvir isto, eu de facto disse algo, mas, ao contrário do que pretende a ERC, não foi ‘por acaso, não creio’. O que eu disse foi ‘o caso da Ucrânia'”, apontou José Rodrigues dos Santos.
“Em suma, o problema desta entrevista não foi colocar em causa o direito constitucional dos telespectadores à informação, foi o facto de a entrevistada evitar o tema e, quando forçada a encará-lo, negar informação factualmente verdadeira ou prestar declarações factualmente falsas ou que induziam em erro, o que inevitavelmente obrigou a repique”, contestou o jornalista.
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