Paris aponta ex-ministro Stéphane Séjourné para substituir Thierry Breton na Comissão Europeia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 16 Setembro 2024

Horas após Thierry Breton anunciar a saída da Comissão Europeia, Emmanuel Macron já nomeou um candidato substituto para comissário europeu da França: o ministro dos Negócios Estrangeiros cessante.

O Palácio do Eliseu acaba de nomear Stéphane Séjourné, que era, desde janeiro, ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo francês cessante, para substituir Thierry Breton como o candidato de França para a próxima equipa da Comissão Europeia, avança o Politico. Não é claro, contudo, se o ainda governante também vai substituir Breton no que resta do atual mandato do Executivo comunitário.

A nomeação do ainda governante surge horas depois de o comissário europeu para o Mercado Interno resignar ao cargo “com efeitos imediatos”, numa carta dirigida à líder do Executivo comunitário, em que afirma que “há alguns dias, na reta final das negociações” para a formação do novo Colégio de Comissários, Ursula von der Leyen pediu ao Presidente francês que “retirasse” o seu nome, oferecendo “como contrapartida política uma pasta alegadamente mais influente para a França”.

Macron tinha nomeado Breton para um segundo mandato no Berlaymont, mas a segunda maior economia do bloco comunitário estaria insatisfeita com a pasta que estava a ser oferecida desta vez ao comissário, cuja relação com a sua “chefe” era turbulenta, o que levou o Presidente francês a intensificar os contactos com von der Leyen na semana passada, de acordo com fontes citadas pelo Politico.

Em comunicado, a Presidência francesa escreve esta segunda-feira que Stéphane Séjourné preenche “todos os critérios exigidos” para a posição. Emmanuel Macron “sempre defendeu a atribuição de uma pasta fundamental ao seu comissário Europeu”, sendo “este o sentido dos seus contactos com a presidente da Comissão Europeia desde então”, acrescenta.

A decisão de nomear o ainda chefe da diplomacia francesa foi tomada “em acordo” com o recém-nomeado primeiro-ministro francês, Michel Barnier, indica ainda o Palácio do Eliseu, que confirma que o país está a tentar ficar com uma pasta “chave” na próxima Comissão Europeia, relacionada com a “soberania industrial e tecnológica” e a “competitividade europeia”.

No entanto, a nomeação de Stéphane Séjourné contraria o esforço de Ursula von der Leyen para formar uma Comissão paritária em género. Neste momento, e se for confirmada a candidata proposta pelo Governo da Eslovénia, a próxima equipa do Executivo comunitário terá 11 mulheres entre os 27 comissários — cujos nomes ainda terão de ser aprovados pelo Parlamento Europeu.

Deste modo, ainda não é certo que Ursula von der Leyen consiga revelar a sua equipa na reunião com os líderes dos grupos políticos do Parlamento Europeu que está agendada para esta terça-feira. Numa conferência de imprensa esta manhã, um porta-voz da Comissão disse apenas que a chefe do Executivo comunitário “espera estar em condições de apresentar amanhã a proposta para o próximo Colégio de comissários”. “Em política, 24 horas é muito tempo”, disse.

A demissão de Thierry Breton também já foi aceite, acrescentou o porta-voz, sem, porém, responder sobre para que pastas estava a ser considerado o agora ex-comissário na futura Comissão, nem acerca de uma carta enviada por von der Leyen ao Governo esloveno, que rejeita o pedido do Parlamento do país para que revele o seu conteúdo — o que está a atrasar a oficialização do nome de Marta Kos como candidata da Eslovénia.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h22)

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