Milhares de feridos em explosões de ‘pagers’ no Líbano, incluindo embaixador iraniano
Entre os feridos, encontra-se o embaixador do Irão no Líbano. Pelo menos nove pessoas morreram e 2.800 ficaram feridas com as explosões dos pagers no país. Beirute aponta o dedo a Israel pelo ataque.
Milhares de pessoas, incluindo o embaixador iraniano em Beirute e membros do grupo xiita Hezbollah, ficaram feridas esta terça-feira no Líbano, após os seus pagers portáteis terem explodido, segundo autoridades libanesa e órgãos de comunicação estatais.
A agência noticiosa estatal libanesa noticiou que nos subúrbios sul de Beirute e noutras áreas do país “o sistema de pagers portáteis foi detonado com recurso a tecnologia avançada”. Entre os feridos, encontra-se o embaixador do Irão no Líbano, Mojtaba Amani, de acordo com órgãos estatais de Teerão.
O Ministério da Saúde do Líbano colocou todos os hospitais em alerta para receberem casos de emergência e pediu que as pessoas que possuem pagers se afastem deles. Pediu ainda aos profissionais de saúde que evitassem o uso de dispositivos eletrónicos sem fios. Fotógrafos da agência Associated Press (AP) nos hospitais da região descreveram que as urgências estavam sobrecarregadas de doentes, muitos deles com ferimentos nos membros e alguns em estado grave.
A Agência Nacional de Notícias estatal informou que os hospitais no sul do Líbano, no leste do Vale de Bekaa e nos subúrbios sul de Beirute – áreas onde o Hezbollah tem uma forte presença – apelaram para a doação de sangue de todos os tipos.
O Exército israelita afirmou que acompanha o caso. “Neste momento não há alterações nas orientações do Comando da Frente Interna. A vigilância deve ser mantida e qualquer mudança na política será anunciada de imediato”, segundo uma declaração militar, que não menciona diretamente o Líbano nem o grupo xiita libanês Hezbollah.
A declaração, a primeira das Forças Armadas desde a revelação dos acontecimentos de hoje no Líbano e que atingiram membros do Hezbollah, acrescenta que o chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi, realizou uma “avaliação da situação” em conjunto com a liderança militar, com “ênfase na preparação para o ataque e a defesa”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Líbano atribuiu as explosões simultâneas, ocorridas ao princípio da tarde, a um “ciberataque israelita, no qual foi detonado um grande número de ‘pagers’”, e revelou que está a preparar uma queixa ao Conselho de Segurança da ONU. “Esta deliberada escalada israelita coincide com as ameaças de expandir a guerra para o Líbano e com a sua postura intransigente, apelando para mais derramamento de sangue, destruição e sabotagem”, acusou a diplomacia de Beirute em comunicado.
No mesmo sentido, o Hezbollah afirmou em comunicado que Israel é “inteiramente responsável” por “esta agressão criminosa” e que receberá a sua “justa punição”. “Depois de examinar todos os factos, dados atuais e informações disponíveis sobre o ataque maligno que ocorreu esta tarde, consideramos o inimigo israelita totalmente responsável por esta agressão criminosa que também teve como alvo civis e matou várias pessoas”, declarou o grupo pró-iraniano no comunicado.
Entre os feridos, encontra-se o embaixador do Irão no Líbano, Mojtaba Amani, de acordo com a televisão estatal de Teerão, mas os seus ferimentos são ligeiros. No seguimento das explosões de pagers, que atingiram também membros do Hezbollah presentes na Síria, os Estados Unidos instaram o Irão a evitar quaisquer ações que possam aumentar a tensão entre Israel e o seu aliado libanês.
“Pedimos ao Irão que não utilize o mais pequeno acontecimento para tentar alimentar a instabilidade e agravar ainda mais as tensões na região”, declarou o porta-voz da diplomacia norte-americana, Matthew Miller. Segundo o ministro das Telecomunicações do Líbano, Johanny Corn, os pagers que explodiram faziam parte de um carregamento que “chegou recentemente” ao país.
Em declarações à imprensa após uma reunião do Conselho de Ministros, o governante indicou que ainda não recolheu informação suficiente sobre o sucedido, mas indicou que as baterias dos pagers aqueceram e que algumas pessoas conseguiram afastar-se dos aparelhos antes de explodirem.
“Talvez tenham sido ativados remotamente, mas não sabemos como”, acrescentou Corn, acrescentando que é mais provável que os pagers tenham sido introduzidos no Líbano para este fim. Israel está envolvido numa intensa troca de tiros com o grupo libanês desde 8 de outubro, quando o Hezbollah começou a lançar ataques em solidariedade com as milícias palestinianas do Hamas na Faixa de Gaza.
Na passada terça-feira, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que as missões das forças de Telavive na Faixa de Gaza estão quase cumpridas e que o foco estava a mudar para a fronteira com o Líbano, onde o constante fogo cruzado com o Hezbollah obrigou cerca de 60.000 pessoas a fugir das suas casas.
(notícia atualizada às 20h12 com mais informação)
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