Dívida da TAP à Azul traz ministro brasileiro dos Aeroportos a Portugal

A Azul não prescinde de receber os 90 milhões de euros devidos pela TAP e aceita apenas negociar o pagamento dos juros. Os advogados das duas partes reataram conversações.

O ministro brasileiro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Serafim Costa Filho, tem prevista uma viagem a Portugal entre 23 e 25 de outubro, com a dívida da TAP à Azul na agenda. Além de reunir com o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, o governante pretende encontrar-se com a administração da TAP, apurou o ECO.

O despacho do Presidente Lula da Silva, a que o ECO teve acesso, autoriza o ministro a viajar para Lisboa e Madrid, para “participar de um roadshow com investidores estrangeiros, bem como de reuniões com representantes de companhias aéreas e com autoridades portuárias e homólogas daqueles países”. O primeiro destino será a capital espanhola, entre 21 e 23.

O ECO questionou o Ministério das Infraestruturas sobre se iria existir algum encontro com representantes do Governo brasileiro, mas a entidade liderada por Miguel Pinto Luz não quis fazer qualquer comentário.

Um dos motivos da viagem de Sílvio Costa Filho são as obrigações da TAP subscritas pela Azul, que fizeram escalar a tensão entre as duas companhias, que são parceiras comerciais no Brasil.

A atravessar uma situação financeira difícil, com negociações em curso com os credores, a Azul enviou o mês passado uma carta à TAP SGPS a pedir a confirmação das garantias para os 90 milhões de euros em obrigações da companhia portuguesa que subscreveu em 2016, por iniciativa de David Neeleman, a que já acrescem 70 milhões em juros. Garantias que a TAP considera não serem válidas.

A Azul avançou também com uma proposta para o reembolso antecipado das obrigações que vencem em 2026, com negociação dos juros devidos. A TAP propôs pagar apenas 50 milhões de euros, como noticiou o ECO, montante abaixo da dívida inicial.

A tensão entre as duas companhias escalou esta segunda-feira com a entrevista do CEO da Azul, John Rodgerson, à CNN Portugal, em que o gestor ameaça romper o acordo comercial com a TAP no Brasil, que ajuda a angariar passageiros para os voos da companhia portuguesa (e vice-versa), caso as garantias não sejam confirmadas ou não exista um pagamento antecipado.

Relata inclusive que já deu conta dessa possibilidade aos interessados na privatização da TAP, que veem a elevada quota nas ligações entre o Brasil e Europa como um dos principais ativos da empresa.

Ao que o ECO apurou, a Azul não prescinde de receber os 90 milhões de euros devidos pela TAP e aceita apenas negociar o pagamento dos juros. Os advogados das duas partes reataram entretanto conversações, tendo a companhia aérea brasileira já contratado um escritório em Portugal, segundo noticiou a Lusa.

As obrigações têm um juro elevado, de 7,5%, que, além disso, é composto. Ou seja, os juros vão acumulando ao capital inicial e, a cada ano que passa, incidem sobre um capital maior.

Segundo o Observador, no final do ano passado, o montante total já ia em 214 milhões, dos quais 160 milhões devidos à Azul, o equivalente a 967 milhões de reais, ao câmbio atual. Os outros 54 milhões são devidos à Parpública, que em 2016 acompanhou a operação subscrevendo 30 milhões de euros em obrigações.

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