BRANDS' ECO Inteligência artificial não substitui humanos, mas melhora o seu desempenho
Ricardo Martinho falava durante o IBM Technology Summit Lisboa 2024, que refletiu sobre o impacto da IA na inovação e como as empresas podem ganhar. Transparência é crucial nesta nova era, garante.
O auditório do Museu do Oriente, em Lisboa, reuniu empresários, gestores e especialistas em tecnologia para debater as potencialidades da inteligência artificial (IA) quando colocada ao serviço das empresas. No IBM Technology Summit Lisboa 2024, o presidente da IBM, Ricardo Martinho, fez questão de lembrar o principal compromisso da multinacional: “todas as ferramentas de IA têm de ser confiáveis e transparentes”.
Este é ponto assente para a tecnológica que, há pouco mais de um ano, criou “uma framework que seja segura e ética” no âmbito da AI Alliance com a Meta, dona do Facebook. O objetivo é definir padrões que permitam aproveitar o potencial da IA, evitando os riscos para a sociedade. “Não é por acaso que as nossas ferramentas são transparentes e verificáveis. Achamos mesmo que é para aí que a IA deve caminhar”, acrescentava Enric Delgado, CTO e diretor de Client Engineering na IBM Espanha, Portugal, Grécia e Israel.
As soluções desenhadas pela IBM e colocadas no mercado, alimentadas pela capacidade da IA, são acompanhadas de documentos que explicam como é que determinado modelo foi programado, que dados foram usados e que interpretações foram feitas. Isto é, assegura o especialista, fundamental para as empresas.
O watsonx é a estrela no alinhamento de inovação da IBM, que está a reforçar a aposta na disponibilização de ferramentas inteligentes com aplicação na segurança, armazenamento, automação e na resiliência de infraestruturas. “A Arrow tem um laboratório IA watsonx, na Suécia, que está disponível para quando alguém precisar de fazer um teste ou um piloto”, desafiou José Charraz, diretor-geral da Arrow.
Soluções transformadoras
Ao longo da manhã, o evento contou com a partilha de casos de sucesso com a implementação de soluções de IA, desde a automação da classificação de incidentes logísticos na Trivalor à digitalização dos contactos comerciais da Tabaqueira. O watsonx é uma espécie de assistente virtual musculado para o ambiente empresarial, que permite dotar as organizações de uma camada adicional de inteligência para alcançar melhores resultados.
Cibersegurança “mata a reputação de qualquer empresa”
Um dos destaques na programação do IBM Technology Lisboa Summit 2024 foi o debate moderado por Shrikesh Laxmidas, diretor-adjunto do ECO, que contou com a participação de Catarina Ceitil (CIO na Galp), João Pedro Oliveira e Costa (CEO do BPI), José Manuel Silva (presidente da Câmara Municipal de Coimbra) e Ricardo Martinho. A conversa ficou marcada pela diferença dos desafios na incorporação de soluções de IA no setor público e no setor privado.
“A incapacidade na administração pública de se tomar decisões é inacreditável”, lamenta o autarca de Coimbra, que quando assumiu funções, há três anos, deu início a um processo de digitalização dos processos. “Hoje está tudo digitalizado e estamos a fazer o caminho das smart cities, foi por isso que criámos o Coimbra City Lab para as empresas testarem novas tecnologias”, acrescentou.
Para Oliveira e Costa, o BPI mostrou a importância que atribui ao tema quando foi pioneiro na criação, há cinco anos, de uma academia de IA. “Já contratámos mais de 100 miúdos a quem demos formação”, destaca o CEO. Mais do que os temidos perigos da IA para o trabalho, o líder diz que o maior risco que lhe “tira o sono” é a cibersegurança. “Isto mata a reputação de qualquer empresa”, reforça, assinalando que o banco está a fazer o caminho para a cloud com apoio da IBM.
No caso da Galp, que atravessa um momento de transição para as energias renováveis, mas que carrega um “pesado legacy” em processo de descarbonização, os dados estão a ser utilizados sobretudo para “manutenções preditivas”. Catarina Ceitil reitera que “a inovação é importantíssima”, incluindo na área comercial para manter a satisfação dos clientes.
Um dos desafios sentidos pela Galp é na retenção de talento, um tema em que Oliveira e Costa afirma conhecer o segredo para o sucesso. “O que procuro no banco são pessoas com performance média-alta e alto compromisso. O tema do talento, para mim, é escolher as pessoas certas”, sublinha.
José Manuel Silva tem procurado contratar os melhores para a administração local, mas se não fosse a tecnologia seria ainda mais difícil manter a autarquia a funcionar. “Precisamos de mudar a lei das finanças locais porque precisamos de mais investimento para modernizar procedimentos, precisamos de dar formação às pessoas, de as poder premiar e não conseguimos fazer isso”, critica o presidente.
O objetivo é trazer para Coimbra o primeiro computador quântico em Portugal, mas, lamenta Ricardo Martinho, “a burocracia não nos tem ajudado”
O presidente da IBM, Ricardo Martinho, afirma que “a aposta na investigação e desenvolvimento é fundamental” e o verdadeiro motor de sucesso da tecnológica com mais de um século de vida. Para o líder, não há dúvidas de que “a computação quântica será um passo fundamental e disruptivo” para a sociedade. O objetivo é trazer para Coimbra o primeiro computador quântico em Portugal, mas, lamenta Ricardo Martinho, “a burocracia não nos tem ajudado”.
O potencial, acrescenta, está na aplicação na criação de novos medicamentos ou na melhoria das baterias elétricas. “Comparo esta computação quântica com os descobrimentos. É um mundo novo que não sabemos bem o que traz”, afiança, embora confiante no potencial de geração de valor para as empresas e para a economia.
“Acho que devia ser um desígnio nacional trazer para a realidade portuguesa esta tecnologia. Se não o fizermos, vamos ser mais uma vez os seguidores”, refere Ricardo Martinho.
Durante a tarde, a cimeira tecnológica esteve dedicada a sessões técnicas que expandiram, em detalhe para os especialistas, os temas debatidos durante a manhã. Rodrigo de Andrade, responsável de dados e IA, apresentou o “Project Ripasso”, que aplica modelos de IA à inteligência empresarial e que permite ao utilizador falar com o assistente virtual para fazer qualquer pergunta relacionada com o negócio.
Seguiu-se Arlindo Dias, responsável de automação, que apresentou soluções para cortar os custos de cloud e VMWare com o IBM Turbonomic “sem perder 50% do serviço”. Houve ainda tempo para ouvir Francesco Censi, especialista em segurança, sobre as ameaças de identidade. O evento terminou com a sessão de Simão Moura, especialista em armazenamento, que apresentou soluções da IBM para a preservação de dados e simplificar a infraestrutura.
O essencial, considera Ricardo Martinho, é que as pessoas tenham consciência de que “a IA não substituirá a inteligência humana, mas vem melhorá-la”. É importante não deixar escapar a onda da inovação para manter a competitividade, assegura.
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