Alto funcionário da Comissão Europeia suspeito de receber presentes do Qatar. Procuradoria abre investigação
A Procuradoria Europeia abriu um inquérito sobre as alegações de corrupção contra um alto funcionário da Comissão Europeia, suspeito de ter recebido presentes do Qatar.
A Procuradoria Europeia confirmou esta sexta-feira a abertura de um inquérito sobre as alegações de corrupção contra um alto funcionário da Comissão Europeia, suspeito de ter recebido presentes do Qatar.
Na sequência da publicação de um artigo no diário francês Libération, a Procuradoria Europeia anunciou a abertura de um inquérito ex-officio contra o estónio Henrik Hololei, antigo diretor-geral dos Transportes da Comissão Europeia.
O Ministério Público recorda que “as instituições e os órgãos” da UE “devem comunicar sem demora à Procuradoria Europeia todos os atos criminosos relativamente aos quais esta tenha competência” e precisa que, até ao momento, não recebeu qualquer comunicação do Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF) ou da Comissão.
Segundo o Libération, os investigadores do OLAF identificaram, no entanto, num relatório, uma série de “regalias” de que Hololei teria beneficiado a partir do Qatar, incluindo “estadas em hotéis de cinco estrelas, por vezes com a família e sessões de compras”.
Segundo o diário francês, Hololei terá, “na maior parte das vezes viajado sem o declarar em pelo menos 25 ocasiões a expensas do Qatar” quando o alto funcionário era responsável pela negociação de um acordo de “céu aberto” com os Emirados, que permitia à Qatar Airways um maior acesso ao território europeu.
Este caso vem juntar-se ao chamado “Qatargate”. Desde dezembro de 2022, o Parlamento Europeu tem sido abalado por suspeitas de corrupção envolvendo representantes eleitos do Qatar e de Marrocos.
Na quinta-feira, questionada durante uma conferência de imprensa, a Comissão Europeia afirmou ter “agido rapidamente” no caso Hololei, enquanto o inquérito OLAF foi “concluído em julho de 2024” com uma recomendação de “acompanhamento disciplinar”.
“Imediatamente”, a Comissão transmitiu o relatório ao Gabinete de Investigação e Disciplina (IDOC), com um “mandato para dar início a uma ação disciplinar”, disse um porta-voz do executivo europeu.
O caso está atualmente na “primeira fase do processo pré-disciplinar”, segundo este porta-voz, que escusou “especular” sobre as conclusões do procedimento interno.
Na sequência das primeiras revelações, o alto funcionário, de 54 anos, deixou o cargo de diretor-geral em 2023 para assumir uma posição menos estratégica de “conselheiro” político, que ainda ocupa atualmente.
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