Coligação entre Verdes e CDU? “Neste momento, tudo é possível” admite vice-chanceler alemão
Vice-chanceler e representante dos Verdes na 'coligação semáforo' que governa a Alemanha não descarta a possibilidade de se juntar à CDU num acordo pós eleitoral. "Tudo é possível", referiu.
O vice-chanceler da Alemanha e ministro da Economia e Ação Climática não descarta que a Coligação Democrática Unitária (CDU) e os Verdes venham a firmar uma coligação governamental depois das próximas eleições na Alemanha, sublinhando que “neste momento, tudo é possível”. Segundo Robert Habeck, uma parceria entre partidos de espetros políticos diferentes, embora seja pouco intuitiva, não seria uma novidade na Alemanha uma vez que é uma realidade a nível estatal naquela república democrática.
“Coligações entre os Verdes e a CDU existem em várias regiões da Alemanha. É possível [acontecer] se as pessoas se ouvirem umas às outras e estiverem disponíveis para fazer acordos de coligação“, disse o vice-chanceler alemão esta terça-feira, durante uma conferência de imprensa à margem da Web Summit.
“Uma lição que podemos levar dos últimos três anos [de governação] é que não podemos ter vergonha de cooperar, é essa a chave da democracia: encontrar consensos. Neste momento, na Alemanha, tudo é possível“, respondeu em declarações aos jornalistas, vincando que a ‘coligação semáforo” é “história e que o período de governação contou com momentos dificeís de cooperação entre os três partidos. Robert Habeck já anunciou a sua candidatura a chanceler pelos Verdes.
As declarações surgem no dia em que o chanceler alemão anunciou que a moção de confiança ao seu Governo está marcada para o dia 16 de dezembro. Será expectável que à coligação entre o SPD, CDU e os Verdes, presidida por Olaf Scholz seja retirada a confiança, e nesse caso caberá ao presidente Frank-Walter Steinmeier dissolver o Bundestag no prazo de 21 dias. As eleições antecipadas deverão decorrer a 23 de fevereiro de 2025.
Neste momento, as primeiras sondagens, apesar de darem a vitória à CDU, não garantem uma maioria absoluta ao partido liderado por Friedrich Merz, ex-ministro das Finanças que foi demitido na semana passada.
Segundo o agregador de sondagens sobre a Alemanha do site Politico, a CDU está perto de recuperar o eleitorado que tinha aquando da última vitória de Angela Merkel, com as intenções de voto a apontarem para uma média de 32%. Por seu turno, AfD, que ganhou as últimas eleições regionais na Turíngia, e antes, assegurou o segundo lugar nas eleições europeias (à frente dos partidos do Governo), surge em segundo com cerca dos 17% votos.
Já o SPD, de Scholz, aparece em terceiro lugar, com 16% – a sua pior votação desde a Segunda Guerra Mundial. Mais dramática é a situação da Esquerda e do FDP que só reúnem 3% e 4% dos votos, respetivamente. Segundo as regras do parlamento alemão, os partidos precisam de, pelo menos, 5% dos votos para ter assento no hemiciclo. Quem fica acima desse limiar são os Verdes (10%) e o partido de extrema-esquerda, a Aliança Sahra Wagenknecht (7%).
“Democracia está sob ataque”
Durante a sua intervenção no palco principal da Web Summit, esta terça-feira, Robert Habeck alertou para as ameaças e internas e externas contra a democracia e as liberdades da União Europeia. Seja por causa da guerra na Ucrânia espoletada pela Rússia — que se aproxima do seu terceiro ano — ou por causa da retórica populista que tem ganhado terreno em todo o bloco europeu, permitindo aos partidos mais extremados chegar a Governo.
“Trata-se de uma guerra contra a democracia e a liberdade, que nos permite ver quem são os nossos aliados”, afirmou o vice-chanceler alemão, alertando também para o crescimento de “movimentos populistas” nos vários cantos da Europa, mas sobretudo “nos países fundadores da UE”.
“Enquanto comunidade temos de nos juntar. Os populismos vão criar disrupções na sociedade usando um técnica que nós, liberais democratas, não usamos: gritando”, continuou, deixando um alerta “a democracia está sob ataque” e que nos dias de hoje já não é prudente assumir “a democracia liberal e a liberdade são uma garantia”.
Assim, e dirigindo-se aos empreendedores que marcam presença na edição deste ano da Web Summit, Habeck foi perentório: “O nosso futuro está sob ataque e vocês podem fazer uma diferença”, disse.
(Notícia atualizada às 13h33)
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