IRC progressivo é “um tiro nos pés”, diz Carlos Moreira da Silva
Carlos Moreira da Silva critica o IRC progressivo e diz que não se devem castigar as empresas que crescem mais, argumentando que a elevada carga fiscal afasta investimento do país.
A Associação Business Roundtable Portugal (BRP) defende a redução da carga fiscal para as empresas, argumentando que o IRC progressivo é “um tiro nos pés para quem quer ter mais empresas e crescer mais” e apontando para uma realidade escondida, que os números não mostram: os investimentos que voam para o estrangeiro devido aos elevados impostos cobrados no país.
“Em 2013, ainda no Governo de Passos Coelho, na troika, a primeira decisão que na BA [Glass] se tomou [devido ao IRC progressivo] foi fazer o forno [que era para ser construído na Marinha Grande] em Espanha. Se vou pagar mais impostos aqui faço noutro sítio. É claro”, partilhou Carlos Moreira da Silva, presidente da Business Roundtable Portugal (BRP), que é acionista de referência da BA Glass e antigo chairman.
A falar numa conferência organizada pela AEMinho e pela BRP, dedicada ao tema da produtividade, que decorreu esta quarta-feira em Braga, Carlos Moreira da Silva adiantou que depois desta primeira decisão, a empresa decidiu, “muito recentemente, que o primeiro forno híbrido elétrico era para ser em Avintes, mas vai para Espanha, ou para a Polónia“.
“Isto é o que está escondido. Não se vê nos números. O investimento que deixo de fazer porque as condições não são atrativas é perda do Estado”, atira o responsável, acrescentando que “o que não é razoável e é contraproducente é que se penalize o sucesso”.
Para o líder da associação, “o IRC progressivo é um tiro nos pés para quem quer mais empresas e crescer mais“. Carlos Moreira da Silva considera o tema da escala essencial para as empresas ganharem competitividade e produtividade, argumentando que “o impacto do crescimento das empresas é brutal para o Estado, direta e indiretamente nos impostos.”
“Eu defendia que não devia haver IRC. Tributar dividendos, muito bem. O dinheiro que fica na empresa é melhor usado que no Estado“, atira o presidente da associação que representa 43 empresas e grupos empresariais, responsáveis por um volume de negócios de 124 mil milhões de euros e que empregam 424 mil trabalhadores.
José Carlos Nogueira, CFO da Mota-Engil, concorda que “o Estado terá que criar condições para que grandes grupos económicos possam ajudar a que economia seja acelerada“, destacando desafios como a competitividade, inovação e descarbonização.
Já Ana Fernandes, COO da Sonae Arauco, refere que o “Estado para além de recolher benefícios fiscais e económicos, que são óbvios”, com a criação de empresas com maior escala, há ainda um benefício social. “Se uma empresa investe em inovação, formação, dos seus trabalhadores, isso para o Estado é um aporte. É criar valor.”
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