Macron rejeita demitir-se e acusa extrema-direita de “escolher a desordem”

O presidente francês prometeu cumprir integralmente o mandato no Eliseu até 2027 e acusa os extremos, à direita e esquerda, de formarem uma frente "anti-republicana".

Apesar das pressões, o Presidente francês Emmanuel Macron afastou esta quinta-feira demitir-se, acusando a extrema-direita de “escolher a desordem e o caos” no país quando aprovou uma moção de censura para derrubar o governo de Michel Barnier.

“Cumprirei integralmente o meu mandato de presidente”, assegurou Macron, em declaração ao país transmitida pela televisão. “Se assumo todas as minhas responsabilidades não assumirei as responsabilidades de outros”, adiantando que nomeará nos próximos dias um novo primeiro-ministro. “Nomearei um novo primeiro-ministro nos próximos dias que irá formar um Governo de interesse nacional, que represente todas as forças políticas de um arco de governação ou, no mínimo, que se comprometam a não o censurar”, assinalou.

Macron atesta que “a prioridade continuará a ser o orçamento”. Por isso mesmo, o Presidente francês adiantou: “No início do próximo ano o novo Governo irá preparar um novo orçamento que é necessário para proteger os franceses de uma inflação mecânica, porque recuso que os franceses paguem a fatura. É necessário que a França possa investir”, dando enfoque às transições tecnológicas e ambientais.

Anunciou ainda que “será entregue uma lei especial antes de finais de dezembro, tal como está previsto pela Constituição, para a continuidade dos serviços públicos”.

Em cima da mesa para futuro primeiro-ministro estão vários nomes, entre os quais Bernard Cazeneuve, Sébastien Lecornu ou François Bayrou. Nos últimos dias, os media franceses indicaram que se saberia qual o sucessor de Michel Barnier até ao próximo sábado, dia 8 de dezembro, data da cerimónia oficial da inauguração da Catedral de Notre-Dame, onde vai receber, entre outras figuras, o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump.

“A partir de hoje é uma época nova que se está a iniciar. Os desafios são numerosos e temos de ser ambiciosos para a França”, frisou, num discurso incisivo dirigido ao povo francês em que faz uma forte crítica à oposição por querer lançar a “desordem” e o “caos” no país. “Os partidos escolheram o caos, a única agenda que une as esquerdas e direita radicais”, notou Macron, afirmando que os dois blocos se juntaram “numa frente anti-republicana”.

Macron alertou: “Eles [oposição] não querem construir. Não estão a pensar em vocês, nas vossas vidas. Só pensam nas presidenciais, para as precipitar, com cinismo e com desejo de caos”. A este propósito, o chefe de Estado não deixou dúvidas: “O mundo, a Europa avança e precisamos de um Governo que possa tomar as decisões; e o mandado que me foi entregue é de cinco anos; tenciono respeitá-lo até ao fim”.

Eles [oposição] não querem construir. Não estão a pensar em vocês, nas vossas vidas. Só pensam nas presidenciais, para as precipitar, com cinismo e com desejo de caos.

Emmanuel Macron

Presidente francês

O chefe de Estado fez questão de frisar que, até às presidenciais em 2027, restam 30 meses de mandato, para que “o Governo possa agir e fazer da França um país mais forte e mais justo”.

Conto com uma maioria para exercer no Parlamento. As nossas obrigações serão respeitadas”, apela.

No início do discurso, o chefe de Estado começou por afirmar: “Ontem a Assembleia Nacional votou, por maioria, a rejeição do orçamento da Segurança Social; uma censura ao Governo Michel Barnier”. E prosseguiu: “Hoje o primeiro-ministro entregou a demissão [Michel Barnier] e do seu Governo e eu aceitei”.

O chefe de Estado agradeceu publicamente a “Michel Barnier pelo seu trabalho desempenhado em prol do país, dedicação e tenacidade. Ele e os seus ministros estiveram à altura do momento quando outros não estiveram”, referindo-se aos partidos de oposição. E considerou que esta censura é um ato “inédito nos últimos 60 anos porque a extrema-direita e a extrema-esquerda se uniram numa frente anti-republicana”.

“Sei que muitos quererão tornar-me responsável; não irei assumir as responsabilidades dos outros e dos parlamentares que escolheram fazer cair o orçamento e o Governo a escassos dias das festas do Natal”, rematou.

Barnier apresentou esta quinta de manhã a sua demissão a Macron, que lhe pediu que continue a tratar dos assuntos correntes até que seja nomeado um substituto, segundo o Eliseu.

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