As “Sete Magníficas” vão continuar a dominar o mercado?

Alphabet (Google), Amazon, Apple, Meta Platforms (Facebook), Microsoft, Nvidia e Tesla representam um terço da capitalização das 500 empresas do S&P 500 e têm sido o grande motor de ganhos da bolsa.

Os fortes desempenhos bolsistas e as capitalizações bolsistas estratosféricas valeram-lhe o nome de Sete Magníficas. Alphabet (Google), Amazon, Apple, Meta Platforms (Facebook), Microsoft, Nvidia e Tesla têm sido o motor dos ganhos em Wall Street, ajudando as bolsas norte-americanas a continuarem sustentadamente em território de máximos históricos. Juntas representam cerca de um terço da capitalização bolsista do S&P 500, o maior índice bolsista do mundo. Olhando para o futuro, os analistas continuam a identificar valor, mas consideram que há quem possa fazer melhor, em 2025. Dentro e fora do setor tecnológico.

As sete cotadas — todas do setor tecnológico — apresentam valorizações, em 2024, que oscilam entre 18%, no caso da Microsoft, e uns estonteantes 180% da Nvidia. Enquanto o mercado como um todo treme perante receios de abrandamento quando sai um indicador abaixo das expectativas, a subida de taxas de juro, ou a ameaça de tarifas, na sequência da vitória de Donald Trump nas eleições do passado mês de novembro, as “Sete Magníficas” mantêm o seu domínio em bolsa, segurando um forte desempenho, alicerçado nas boas expectativas para a evolução dos seus negócios, num momento em que a Inteligência Artificial é o grande catalisador do otimismo em torno das chamadas megacap.

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Alphabet (Google), Amazon, Apple, Meta Platforms (Facebook), Microsoft, Nvidia e Tesla valem hoje todas mais de um bilião de dólares em bolsa, com a Apple a manter-se na lista das mais valiosas, com um valor de mercado superior a 3,7 biliões, enquanto Microsoft e Nvidia disputam a segunda e terceira posição no ranking das mais valiosas, com capitalizações bolsistas que rondam os 3,4 biliões.

Contas feitas, as sete magníficas apresentam uma capitalização bolsista de cerca de 17,8 biliões de dólares, o que equivale a cerca de um terço dos 53,93 biliões de dólares a que estão avaliadas as 500 maiores empresas cotadas no índice norte-americano S&P500.

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Em termos de desempenho, o domínio destas sete megacapitalizações também é evidente. Segundo dados do Capital Group, desde o início de 2023 — período em que as Sete Magníficas ganharam visibilidade enquanto grupo –, apenas quatro das sete (Nvidia, Microsoft, Alphabet e Meta Platforms) representaram cerca de 40% do retorno do mercado norte-americano, até ao final de junho.

O otimismo em torno da Inteligência Artificial e as receitas robustas apresentadas pelo grupo das sete magníficas tem suportado a evolução destas ações, que seguem firmes apesar de notícias de investigações, no caso da Nvidia, processos que podem forçar a Alphabet a desmantelar negócios, ou do abrandamento chinês, que ameaça as vendas da Apple num dos maiores mercados da empresa da maçã.

Após este forte desempenho, que ofusca as restantes 493 empresas do índice S&P 500, os analistas antecipam crescimentos mais graduais e argumentam que os investidores devem olhar para outras oportunidades no mercado.

“Espera-se que as sete magníficas continuem a superar o resto do índice no próximo ano – mas apenas em cerca de sete pontos percentuais, a menor margem desse tipo em sete anos“, escreve David Kostin, analista de ações norte-americanas do Goldman Sachs, no seu outlook para 2025.

De acordo com as contas do especialista, o crescimento de resultados conjunto das sete é cerca de 33%, comparado com 3% do resto das empresas do S&P 500, mas esta margem vai reduzir-se.

A diferença no crescimento dos lucros entre as 7 magníficas e o S&P 493 diminuirá de cerca de 30 pontos percentuais este ano, para 6 pontos percentuais em 2025 e para 4 pontos percentuais em 2026.

David Kostin

Analista de ações do Goldman Sachs

O especialista explica que “o crescimento superior dos lucros das sete magníficas impulsionou o desempenho superior coletivo destas ações em comparação com o equilíbrio do índice S&P 500”, mas o consenso de expectativas prevê “que a diferença no crescimento dos lucros entre as sete magníficas e o S&P 493 diminuirá de cerca de 30 pontos percentuais este ano, para seis pontos percentuais em 2025 e para quatro pontos percentuais em 2026.”

Diferença entre o crescimento anual dos lucros das “magníficas” e o resto do S&P500 deverá baixar

Embora os lucros continuem a pesar a favor das sete magníficas, fatores macro como o crescimento e a política comercial inclinam-se para o S&P 493“, escreve o Goldman Sachs. Os especialistas afastam uma bolha nas avaliações destas mega capitalizações — que geram cerca de metade das suas vendas fora dos EUA, enquanto nas restantes empresas do S&P 500 esta percentagem baixa para 26% –, porém argumentam que há uma oportunidade para os investidores diversificarem a sua exposição a outras empresas, em 2025.

Alternativas no setor e fora

A Allianz GI é outra das gestoras que vê oportunidades nas tecnológicas fora do grupo das “magníficas”.As ações do setor tecnológico não estão baratas, mas excluindo algumas empresas do grupo “Magnificent Seven”, as avaliações não são excessivas”, defendeu Stefan Hofrichter, economista global e diretor do departamento de research macro do AllianzGI, na apresentação do outlook para 2025, sublinhando que “adicionamos ações tecnológicas em momentos de fraqueza em vez de as reduzir em períodos de força, e concentramo-nos em ações e subsetores com preços razoáveis e bom potencial de crescimento de lucros.”

Opinião idêntica tem a Amundi. “Identificamos oportunidades nas ações no S&P 500 [EUA], e no Japão e na Zona Euro”, refere Vincent Mortier, chief investment officer da Amundi, numa conferência onde a gestora de ativos apresentou as suas perspetivas para 2025. Já em relação às chamadas megacap, os especialistas da gestora francesa apontam “avaliações excessivas”, após anos de sucessivos recordes.

A forte concentração da bolsa neste grupo de empresas, cujas capitalizações bolsistas são cada vez mais elevadas, é outro dos problemas levantados pelos especialistas, destacando que a concentração é superior à registada na bolha das tecnológicas, no início dos anos 2000. “Ainda que elevadas, as avaliações das tecnológicas gigantes de hoje são consideravelmente inferiores às registadas nesse período [1999] e suportadas pelo forte crescimento de resultados“, diz o Capital Group.

“Existem muitas empresas de todos os setores nos mercados internacionais com negócios superiores, fluxos de caixa fortes e confiáveis ​​e potencial de crescimento de lucros. Acredito que os investidores estão a começar a reconhecer uma gama mais ampla de oportunidades”, aponta o gestor do Capital Group Gerald du Manoir, dando o exemplo da alemã SAP, que tem sido ofuscada pelas megacapitalizações norte-americanas.

Fora das tecnológicas, o Capital Group refere cotadas como a francesa Safran, que está a tirar partido da crescente procura global no setor do turismo.

Empresas com fortes políticas de remuneração acionista também merecem destaque por parte dos especialistas da gestora de ativos e que são apontadas como uma alternativa às “magníficas”.

Perante a pergunta se estão as megacaps destinadas a cair, Eric Stern diz que “não necessariamente, mas estou focado em descobrir os líderes de mercado de amanhã“, remata o gestor do Capital Group.

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