UE condena destruição de infraestruturas europeias e suspeita de ‘mão’ russa
Há a suspeita de que a destruição dos cabos submarinos tenha sido provocada por um navio russo, alegadamente pertencente à "frota fantasma".
A União Europeia (UE) condenou esta quinta-feira “a destruição deliberada de infraestruturas” dos países do bloco comunitário, após novo corte de um cabo submarino, nas águas finlandesas, que Helsínquia suspeita ter envolvimento da Rússia.
Em comunicado conjunto, a Comissão Europeia e a alta-representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, condenaram “veementemente a destruição deliberada de infraestruturas da UE”.
Há a suspeita de que a destruição dos cabos submarinos tenha sido provocada por um navio russo, alegadamente pertencente à “frota fantasma”, recentemente alvo de sanções pelos 27 países da UE.
A polícia finlandesa declarou suspeitar que o petroleiro Eagle S, proveniente da Rússia e suspeito de integrar “a frota-fantasma” russa, esteja envolvido na avaria do cabo elétrico submarino entre a Finlândia e a Estónia.
“Vamos apresentar medidas adicionais, incluindo sanções, contra este navio”, acrescentou a chefe da diploma da União Europeia, ex-primeira-ministra da Estónia.
O Presidente finlandês, Alexander Stubb, defendeu na rede social X (antigo Twitter) a necessidade de “eliminar” os “riscos causados” pelos navios da chamada “frota-fantasma” russa. “Acompanhámos a situação de perto desde ontem [quarta-feira]” com o primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, acrescentou o chefe de Estado.
Também o Governo da Estónia anunciou a realização ainda esta quinta-feira de uma reunião extraordinária. De acordo com a primeira-ministra do país, Kristen Michal, e “apesar das férias”, muitos estão a trabalhar para identificar e avaliar os contornos do incidente.
No dia de Natal, a ligação de corrente contínua EstLink 2 entre a Finlândia e a Estónia foi desligada da rede, anunciou na ocasião o operador finlandês Fingrid, que não afastou a possibilidade de sabotagem e que garantiu na altura que o fornecimento de eletricidade não foi afetado.
O mesmo cabo esteve parado durante grande parte deste ano para reparar os danos provocados por um curto-circuito que pode ter sido causado pelo seu complexo posicionamento. Sami Rakshit, diretor-geral das alfândegas finlandesas, afirmou em conferência de imprensa que o navio, com pavilhão das Ilhas Cook, transportava “gasolina sem chumbo carregada num porto russo”.
A polícia abriu um inquérito por “sabotagem agravada”, acrescentou Robin Lardot, do Serviço Nacional de Investigação, sobre o incidente que ocorre pouco mais de um mês após a rutura de dois cabos de telecomunicações em águas territoriais suecas no Mar Báltico.
Ainda na mesma conferência de imprensa, Robin Lardot informou que a polícia finlandesa já tinha abordado o petroleiro Eagle S. “Já abordámos o navio, falámos com a tripulação e recolhemos provas”, declarou Lardot. O navio encontra-se atualmente ao largo da costa de Porkkala, a cerca de 30 quilómetros de Helsínquia, após a intervenção de um barco-patrulha finlandês.
Segundo o Ocidente, a chamada “frota-fantasma” russa é constituída por navios que transportam petróleo russo e contornam as sanções impostas a Moscovo na sequência da guerra contra a Ucrânia. Nos incidentes ocorridos no mês passado no Mar Báltico, as suspeitas recaíram sobre um navio de pavilhão chinês, o Yi Peng 3, que se encontrava na zona na altura da rutura dos dois cabos de telecomunicações.
Antes, os gasodutos Nord Stream, que outrora transportavam gás natural da Rússia para a Alemanha, foram danificados por explosões submarinas em setembro de 2022. As autoridades consideraram que se tratou de sabotagem e abriram um inquérito criminal.
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