Banco de Portugal tem seis consultores e “não paga salários fora da tabela”, assegura Centeno
Mário Centeno rejeitou qualquer discricionariedade na política salarial do supervisor. Governador adianta que há seis consultores num universo de 1.700 trabalhadores do Banco de Portugal.
Mário Centeno adiantou esta terça-feira que o Banco de Portugal tem seis consultores, sendo um deles Hélder Rosalino, que está na origem de toda a polémica em relação aos salários praticados no supervisor. O governador rejeitou qualquer discricionariedade na política salarial: “Não há salários fora da tabela”, disse, garantindo que os todos salários seguem o acordo coletivo de trabalho do setor bancário.
“Neste momento existem seis consultores, 0,35% da força de trabalho do Banco de Portugal”, revelou Mário Centeno na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública. Contudo, este número deverá reduzir-se: “Há uma expectativa que esse número venha a evoluir, porque todos estes consultores estão em idade de aposentação. Têm tarefas atribuídas dentro dessa situação e depois o vínculo laboral ao banco cessa”, acrescentou.
O governador explicou que “na última década e meia, o máximo foi em 2004″, quando “foram 13 e eram dois em 2022”, este o número mais baixo “provavelmente desde sempre”. Centeno adiantou ainda que desde que tomou posse nomeou cinco consultores: três devido a fim de mandatos nas funções que estavam a desempenhar e dois por transição de funções dentro do banco. “O número vem sendo reduzido muito significativamente e é sempre um número muitíssimo residual num universo de 1.700 trabalhadores no Banco de Portugal”, sublinhou.
Centeno rejeitou que o Banco de Portugal pague salários “fora da tabela”. “Não há nenhuma discricionariedade nos salários “, frisou aos deputados. O governador explicou que a política salarial do regulador “segue um instrumento de regulação coletiva” e existem essencialmente duas carreiras no supervisor: a carreira técnica e a da direção.
“Estas duas carreiras cobrem mais de 95% dos trabalhadores do BdP. Posso tornar muito claro que consultor da Administração não é uma carreira, é uma função e à qual apenas tem acesso os diretores do BdP“, explicou, frisando que por este motivo não existe qualquer concurso de acesso e a remuneração de um consultor corresponde à que auferia na função de diretor.
O responsável do regulador bancário insistiu que “não existe concurso” e que a função é temporária, embora tenha reconhecido que existem situações mais temporárias do que outras. É o caso de Pedro Duarte Neves, antigo vice-governador do Banco de Portugal, o consultor que está há mais tempo em funções – desde 2017.
“A tabela remunerativa de um consultor é a de um diretor do Banco de Portugal. Há uma diferença muito grande nos [salários dos] consultores, porque há experiências e trajetórias distintas dentro destes consultores. Não está de todo, insisto, ancorada ao salário de administrador”, realçou. Como exemplo apontou o período em que foi consultor da Administração – entre o final de 2013, 2014 e parte de 2015 – e recebeu “o mesmíssimo vencimento que recebia como diretor do departamento de estudos económicos”.
O responsável do supervisor realçou que a nomeação de consultores seguem “regras internas do banco muito restritas”, à qual têm acesso “trabalhadores do banco com carreiras relevantes quer no banco, quer em serviços públicos“, apontando três exemplos do passado: Aníbal Cavaco Silva, Vítor Gaspar e Vítor Constâncio.
Centeno insistiu que a instituição se pauta pela transparência: “A vida do Banco de Portugal é do mais democrático que podemos encontrar em Portugal. Podem igualar, mas não superar“, afirmou, acrescentando que “o Banco de Portugal não é um alçapão e se é um alçapão muito iluminado”.
De acordo com as contas do governador, atualmente há 93 trabalhadores do banco a exercer funções fora da instituição. “Estes trabalhadores por lei quando retornam ao banco são classificados de acordo com aquilo que é a progressão normal”, ou seja, estimando a progressão na carreira que teriam tido.
Reunir comissão de vencimentos é tão “natural” como não reuni-la
O governador do Banco de Portugal defendeu que “a comissão de vencimentos é um órgão que reúne quando é solicitado para tal pelo ministro as Finanças” e considerou que “é tão natural convocá-la como não convocá-la“.
O ministro das Finanças decidiu convocar a comissão, após a polémica em torno do salário de Hélder Rosalino, e considerou recentemente “estranho” que esta não reunisse há mais de uma década.
Mário Centeno realçou que a comissão “não tem nenhuma incidência ou mandato nas remunerações [gerais] do BdP”, incidindo apenas sobre os vencimentos dos membros do Conselho de Administração.
(Notícia atualizada às 13h40)
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