“Não discutimos quando parar” descida de juros, diz Lagarde
A presidente do BCE mostrou-se confiante que a inflação vai descer para o target de 2% este ano e disse que as taxas de juro não estão "nem perto" de um nível neutral.
A presidente do Banco Central Europeu, que esta quinta-feira cortou os juros para 2,75%, garantiu que a decisão de descer as taxas em 25 pontos base foi “unânime”, um corte mais agressivo de 50 pontos não esteve em cima da mesa e não se falou ainda sobre quando parar o movimento de descida de juros. Christine Lagarde, que apontou ainda riscos para a economia, reiterou que o banco central não se compromete com uma política de cortes, mas disse que as taxas não estão “nem perto” de um nível considerado neutral.
“Neste momento ainda estamos em território restritivo. Não discutimos sobre quando temos que parar” o movimento de descida de juros e é prematura esta discussão, garantiu a presidente Lagarde, na conferência de imprensa que decorreu após a instituição ter anunciado o quinto corte de juros.
A presidente do BCE adiantou que o processo de desinflação continua a bom ritmo, antecipando que a taxa de inflação se mantenha, a curto prazo, em torno dos níveis atuais – subiu para 2,4% no final de 2024 –, mas vai recuar até alcançar a meta de 2% nos próximos meses.
“Estamos confiantes que vamos atingir o nosso target para a inflação em 2025″, assegurou Lagarde. Apesar das expectativas que o índice de preços recue para os níveis desejados pelo BCE, a responsável reiterou que as próximas decisões vão ser decididas em função dos dados económicos, realçando que, até ao encontro de março, vai haver mais duas leituras sobre a inflação.
Quanto à altura para parar a descida de juros, Lagarde considerou prematuro sequer falar sobre este cenário. “Continuamos restritivos. Não estamos em território de uma taxa neutral, nem perto disso“, atirou, questionada sobre o futuro.
Quanto à que poderá ser a taxa neutra, Lagarde voltou a destacar que é difícil estipular qual o intervalo que indica essa taxa neutra, sendo que as últimas projeções apontam para uma taxa neutra entre 1,75% e 2,5%. Ainda assim, a responsável adiantou que será divulgado para a semana um estudo sobre o caminho da taxa neutral, onde serão dadas algumas indicações
Economia enfrenta riscos, mas “há uma recuperação”
A recuperação da economia é uma das preocupações do BCE, que identifica riscos para a economia. Apesar dos “ventos contrários” apontados pela autoridade monetária, que incluem questões geopolíticas e a possibilidade de novas tarifas com impacto nas exportações da região, Lagarde é perentória: “Há uma recuperação”.
A presidente do BCE adiantou que a economia da região subiu de níveis muito baixos em 2023, “para quase duplicar o crescimento em 2024. É certamente uma recuperação”. Olhando para o futuro, Lagarde nota que há “boas razões” para acreditar que o consumo vai recuperar e suportar crescimento na região.
Sobre a possibilidade de novas tarifas a chegarem dos EUA, Lagarde diz que é cedo para avaliar o impacto concreto destas medidas, mas terá um “impacto global negativo”.
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