Conselho Estratégico para o digital “é absolutamente fundamental”, diz presidente da CIP

  • Lusa
  • 18:47

Armindo Monteiro defende que grande batalha "é entre os grandes grupos de economia digital, os big five" e "nenhum deles é europeu". Alexandre Fonseca preside a este Conselho Estratégico da CIP.

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) afirmou esta quarta-feira que o Conselho Estratégico para a economia digital “é absolutamente fundamental” e que a inteligência artificial (IA) “é para fazer parte do negócio do dia-a-dia”. Armindo Monteiro falava na CIP, no dia da apresentação e tomada de posse do Conselho Estratégico da CIP para a economia digital, em Lisboa, o qual é presidido por Alexandre Fonseca.

Este Conselho Estratégico “é absolutamente fundamental”, sublinhou, referindo que nos últimos tempos tem-se falado de taxas alfandegárias para os metais, mas que “a grande batalha que está a haver é, efetivamente, entre os grandes grupos de economia digital, os big five“, e “nenhum deles é europeu”, prosseguiu.

Estas cinco ‘grandes’ são Alphabet, Amazon, Apple, Meta e Microsoft. Isso “talvez explique um pouco a nossa debilidade na Europa o facto de não termos empresas de tecnologia destas”, referiu.

A criação nesta fase do conselho económico para a economia digital é precisamente para isso, é uma preocupação que a CIP tem de escolher os melhores e liderados pelo Alexandre Fonseca para precisamente podermos pôr na agenda tudo aquilo que hoje é de facto estar na economia, construir a economia”, prosseguiu.

Até porque a economia já não são apenas os setores tradicionais e também não é a tecnologia para a tecnologia. “É a tecnologia como locomotiva para esta transformação da economia que nós queremos”, reforçou Armindo Monteiro.

Aliás, “há sempre uma comoção cada vez que se fala no salário mínimo, continuaremos a falar de salário mínimo se efetivamente não falarmos do digital, se não alterarmos este modelo, este paradigma da nossa economia, precisamos de uma economia bem mais sofisticada, coisa que Portugal não tem sido”, lamentou.

“Portugal só é sofisticado em muitos casos porque está na Europa e geograficamente presente. Do ponto de vista do modelo económico, só agora estamos a aprender a introduzir a tecnologia e o que pretendemos com o Conselho Estratégico da economia digital é precisamente esta visão”, apontou.

O presidente da CIP disse esperar que no final do mandato a economia portuguesa esteja “muito mais preparada para este embate”. A inteligência artificial “não é uma abstração intelectual, é para fazer parte do negócio do dia-a-dia, se conseguirmos introduzir isso então vamos naturalmente conseguir alterar o paradigma da nossa economia”.

Atualmente, “estamos numa fase” que “vai ser bem mais impactante porque é muito mais transformacional” que antes. “Se nós perderemos este tempo” que já não se mede em anos, mas em semanas, “podemos ficar irremediavelmente numa segunda ou terceira divisão económica e temos que ter esta consciência”, referiu, afastando qualquer tipo de alarmismo.

“Já perdemos a revolução industrial, já perdemos outros pontos em que podíamos ter outro desempenho (…), valeremos aquilo que formos capazes de fazer, para isso precisamos muito da iniciativa privada, muito das empresas, mas precisamos que o Estado não seja um opositor, precisamos que o Estado seja um propulsor”, defendeu.

Também “é nesse sentido que os trabalhos que vão ser desenvolvidos neste conselho de economia digital vão ter como output propostas concretas que coordenadas a nível de direção da CIP serão naturalmente apresentadas ao Governo para que tenham uma ação prática”, concluiu Armindo Monteiro.

Conselho elabora proposta para economia digital até final do verão

O Conselho Estratégico da CIP para a economia digital vai elaborar até final do verão um conjunto de propostas neste âmbito, assente em cinco pilares, o qual será entregue ao Governo, disse ainda o presidente, Alexandre Fonseca. “Falar hoje de economia digital é incontornável”, afirmou o antigo presidente executivo (CEO) da Altice Portugal.

A CIP enquanto instituição que tem um papel muito relevante naquilo são as tendências e definição de políticas públicas sobre o desenvolvimento da economia (…) tem aqui também na economia digital um dos seus pilares de desenvolvimento”, adiantou o gestor.

E hoje “estamos (…) a dar um arranque da nova etapa desse Conselho Estratégico para a economia digital em que vamos discutir um conjunto de pilares que são decisivos para o desenvolvimento da economia digital e com eles influenciar também, através da CIP e da sua abrangência, aquilo que serão algumas das políticas públicas que podem ajudar a transformação digital” em Portugal.

O Conselho Estratégico tem como objetivo “construir um documento com um conjunto de propostas”, as quais serão entregues à direção da CIP e esta, “no âmbito do seu trabalho mais alargado”, irá “com certeza analisar as nossas propostas na sua direção e depois fará chegar a quem de direito, obviamente que o Governo é sempre um destinatário deste tipo de propostas”, acrescentou Alexandre Fonseca.

“São cinco pilares que vamos trabalhar dentro deste comité e em todos eles praticamente a inteligência artificial (IA) tem impacto: nas infraestruturas porque é altamente exigente do ponto de vista de consumos energéticos e também de data centers, na inovação porque é uma tecnologia de ponta, nas competências porque precisamos de ter competências digitais para poder aproveitar” a IA “no seu expoente máximo”, no Estado e nas empresas” porque esta tecnologia “vai criar novos desafios e de oportunidades”, elencou.

Questionado quando o documento estará pronto, Alexandre Fonseca adiantou que uma primeira abordagem é tentar “fazê-lo no final do verão”.

“Estamos em ano de eleições autárquicas e nós entendemos que a economia digital tem não só uma importância estratégica para o país do ponto de vista central”, mas tem também “um impacto fundamental” no desenvolvimento das economias locais, pelo que é importante “termos medidas específicas para o poder local”, defendeu.

Para Alexandre Fonseca, a IA é “incontornável” e é um dos grandes temas que está a ser discutido entre os três grandes blocos: Europa, Estados Unidos e China.

Neste Conselho, “vamos discutir muito mais que a inteligência artificial”, o que inclui os cinco pilares – infraestruturas (conectividade), a inovação e o empreendedorismo, competências digitais, empresas e Estado, acrescentou, defendendo que é preciso que os gestores “tenham literacia digital” para poderem tirar partido das tecnologias, melhorar a eficiência, aumentar a rentabilidade e exportar mais.

“Precisamos de mais empresários que tenham esta audácia e esta ambição de aumentar os seus negócios e a tecnologia é uma alavanca central no que querem fazer”, rematou.

Entre os conselheiros que englobam o Conselho Estratégico estão nomes como Adalberto Campos Fernandes (ex-ministro e professor universitário), Isabel Vaz (CEO da Luz Saúde), Fátima Lopes (estilista), Manuel Caldeira Cabral (ex-ministro da Economia, consultor e professor universitário) e Paula Paz Ferreira (advogada e administradora da Media Capital), entre outros.

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