Lotas ‘pescam’ 248 milhões de euros, com Peniche e sardinha na frente. Preço médio sobe 5%
Valor médio do peixe comercializado subiu para 2,39 euros por quilo em 2024, o segundo mais elevado de sempre. Veja as lotas que obtiveram os melhores resultados.
As lotas do continente transacionaram 247,7 milhões de euros no ano passado, o que representa uma ligeira descida face aos 250,2 milhões registados em 2023. Ainda assim, de acordo com os dados da Docapesca, o valor médio do peixe comercializado subiu 5% em termos homólogos, rondando os 2,39 euros por quilo em 2024.
“Este é o segundo valor [médio por quilograma] mais elevado de sempre, refletindo uma melhoria significativa no rendimento dos armadores e pescadores nacionais“, afirma a Docapesca, em comunicado. Em 2023, o valor médio do peixe comercializado tinha rondado os 2,27 euros por quilo.
Este é o segundo valor mais elevado de sempre, refletindo uma melhoria significativa no rendimento dos armadores e pescadores nacionais.
Dados da Direção-Geral de Recursos Naturais e Serviços Marítimos (DGRM) mostram que de janeiro a setembro de 2024, houve uma tendência de melhoria do preço médio (2,39 euros por quilo) comparativamente com igual período de 2023 (2,27 euros por quilo). No entanto, o presidente da Associação dos Armadores das Pescas Industriais (ADAPI) refere que apesar do indicador positivo “é preciso ter em atenção que esse valor ficou abaixo do preço médio de 2022 (2,50 euros por quilo), praticamente idêntico, mas inferior”.
O líder da associação explica ao ECO que a subida do preço médio do peixe é justificado pela menor oferta. “Nos primeiros nove meses do ano de 2024 registamos muito menos desembarques (88 mil toneladas), em termos de quantidade, em comparação com o período homólogo que se fixou em 102 mil toneladas”, detalha Pedro Jorge, realçando que “a menor oferta de peixe traduz-se numa subida do preço médio do peixe. Quanto menor é a oferta, mais os preços sobem”.
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Conheça as dez lotas com os melhores resultados
A lota de Peniche obteve o maior valor de vendas, registando um volume de negócios de 38,4 milhões de euros, seguida por Sesimbra (33,2 milhões de euros), Matosinhos (29,5 milhões de euros), Vila Real de Santo António (18,1 milhões de euros) e Aveiro (16 milhões de euros).
A fechar o top dez das lotas com o maiores vendas estão Figueira da Foz (13,7 milhões de euros), Nazaré (10,9 milhões de euros), Portimão (10 milhões de euros), Sines (9,4 milhões de euros) e Quarteira (9,1 milhões de euros).
Entre as lotas com maior valorização do preço médio do pescado destacam-se as da Costa da Caparica (+80%), Vila Real de Santo António (+23%), Mira (+23%), Peniche (+23%), Setúbal (+16%), Sesimbra (+16%), Olhão (+14%), Póvoa de Varzim (+13%) e Viana do Castelo (+13%).
Em termos de volume de pescado, Sesimbra liderou com 22,8 mil toneladas, seguida por Matosinhos (19,1 mil toneladas), Peniche (14,5 mil toneladas), Figueira da Foz (8,1 mil toneladas) e Aveiro (5,5 mil toneladas), totalizando 103,6 mil toneladas comercializadas a nível nacional. Em 2023 tinham sido transacionadas 110,2 mil toneladas.
Sardinha volta ao topo das espécies mais comercializadas
No território continental, de janeiro a dezembro do ano passado, a sardinha recuperou o primeiro lugar entre as espécies mais transacionadas. Seguiram-se a cavala, o carapau, o biqueirão e o polvo-vulgar, mostram os dados da Docapesca, que no ano passado fez um investimento superior a 4,2 milhões de euros na modernização dos portos de pesca e das lotas.
A administração da Docapesca explica ao ECO que o “aumento dos limites de captura, que têm vindo a registar-se nos anos mais recentes, foram o resultado do grande esforço feito pelo próprio setor, designadamente pelos armadores, ao longo de vários anos, em que reduziram as suas capturas para permitir a recuperação do estado do recurso”.
No entanto, apesar de a sardinha ter voltado ao topo das espécies mais comercializadas, o preço médio acabou por baixar. Dados da Direção-Geral de Recursos Naturais e Serviços Marítimos mostram que de janeiro a setembro de 2024 foram desembarcadas 24 mil toneladas de sardinhas, contra as 18 mil toneladas desembarcadas no mesmo período de 2023. “Como a sardinha foi a única espécie que cresceu em desembarques, o preço médio baixou 7%”, explica ao ECO o presidente da Associação dos Armadores das Pescas Industriais.
Segundo os dados finais mais recentes publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), relativos a 2023, nesse ano as exportações nacionais de pescado fixaram-se em 1.367 milhões de euros, o que representou um aumento de 4,2% em relação a 2022.
A Associação Nacional da Indústria pelo Frio e Comércio de Produtos Alimentares (ALIF) refere que o pescado é o segundo produto agroalimentar português com mais peso nas exportações, apenas atrás das vendas agregadas de frutas, legumes e flores.
A fileira da pesca, aquacultura e transformação do pescado emprega 60.000 pessoas e representa um Valor Acrescentado Bruto (VAB) superior a 2.000 milhões de euros.
Falta de mão-de-obra preocupa setor
A administração da Docapesca e o presidente da Associação dos Armadores das Pescas Industriais identificam a falta de mão-de-obra com uma dos principais desafios da indústria. A Docapesca atesta que existe mesmo uma “necessidade de renovação geracional”.
“Para dar resposta a esse desafio, é fundamental a realização de um trabalho conjunto e transversal a várias entidades, demonstrando que a pesca é uma profissão de futuro e rentável“, diz o conselho de administração da Docapesca em declarações ao ECO.
A não renovação das frotas significa que os empresários e agentes económicos para manterem as embarcações operacionais têm um custo de manutenção que cresce exponencialmente e tudo isto acaba por tirar rentabilidade.
Para além da falta de mão-de-obra, o presidente da Associação dos Armadores das Pescas Industriais aponta o envelhecimento da frota. “A não renovação das frotas significa que os empresários e agentes económicos, para manterem as embarcações operacionais e com as devidas certificações, têm um custo de manutenção que cresce exponencialmente e tudo isto acaba por tirar rentabilidade”, realça o porta-voz da associação.
“Pescamos menos tempo por ano porque as embarcações têm reparações mais prolongadas e muito mais caras. Isto acaba por enfraquecer o resultado da atividade económica”, conclui Pedro Jorge.
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