70% dos créditos à habitação na CGD são para comprar casas usadas
"Estamos a reforçar o financiamento para habitação individual e às empresas de construção. Demos 26-27 mil milhões de euros [ao setor]. Não há outro banco no país com estes valores", diz Paulo Macedo.
O CEO da Caixa Geral de Depósitos (CGD) disse esta segunda-feira que a maioria (70%) dos empréstimos à habitação concedidos pelo banco público destina-se à compra de casas usadas e que a quota do financiamento às empresas de construção aumentou 1% no último ano.
“Estamos a reforçar o financiamento para compra de habitação individual e para as empresas de construção. Concedemos 26 a 27 mil milhões de euros de crédito [ao setor]. Não há outro banco em Portugal com estes valores”, afirmou Paulo Macedo, numa conferência organizada pela Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN).
O CEO da Caixa disse que, no segmento residencial, começa a ver-se uma maior oferta de construção nova e o investimento privado à construção também tem estado a crescer. “A CGD precisa é de projetos atrativos. Por vezes, vemos que o risco de execução da obra é muito grande, mas vontade em financiar existe”, referiu.
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"Não vale a pena dizer que o problema da habitação vai ficar resolvido para o ano. Isso é um disparate.”
Ainda assim, a pressão sobre a oferta de casas em Portugal “não vai desanuviar” no curto prazo. “Não vale a pena dizer que o problema da habitação vai ficar resolvido para o ano. Isso é um disparate”, atirou, numa sessão intitulada “O setor da construção civil em Portugal – Estratégia 2030: Desafios e oportunidades”, que partilhou com o presidente da Mota-Engil, Carlos Mota Soares e o vice-presidente da AICCOPN, Ricardo Gomes.
“Vão ter de haver várias ações ou soluções para o mesmo objetivo, porque não só temos falta de habitação para os jovens, como temos falta de habitação para os imigrantes. O fluxo de imigrantes vai em 25% em concelhos como Sintra. Eles têm de ter uma vida condigna”, advertiu Paulo Macedo, na conferência que decorre no LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa.
O banqueiro lembrou que os níveis de investimento público “estão anormalmente baixos” há cerca de 15 anos, quando aproximadamente de 70% da formação bruta de capital fixo era de construção. “Além da quebra do investimento, uma parte do tecido económico desapareceu com a crise financeira, que era quem construía edifícios de três andares”, recordou Paulo Macedo. É também por esse motivo que o foco tem de estar nos privados e que o banco pretende crescer no setor da construção.
Certo é que há diferentes análises para cada categoria da construção: nova, usada, residencial ou escritórios. Por exemplo, para o segmento premium, que tem uma procura “específica”, tem existido oferta de casas novas, de acordo com o presidente da comissão executiva da Caixa. “Este negócio é muito segmentado e a própria banca também o segmenta”, ressalvou.
Até setembro de 2024, a carteira de empréstimos para compra de casa aumentou 2,5%, em termos homólogos, para 25.070 milhões de euros. Paulo Macedo diz que o financiamento para residencial “nunca tem faltado” e o valor médio fixa-nos nos 170 mil euros.
E deixou ainda um alerta sobre a reduzida dimensão das empresas nacionais. “Temos um número de pequenas e médias empresas, em termos percentuais, superior ao de outros países da Europa”, sublinhou o presidente da CGD.
Questionado sobre os critérios de sustentabilidade, garantiu que há “apetência” da Caixa para financiar a transição energética e informar os clientes sobre a sua classificação no rating ESG e até inclusive ‘premiar’ os que receberem as pontuações mais altas.
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