BRANDS' TRABALHO Mais de 30% dos trabalhadores querem novo emprego. Mas porquê?
No primeiro episódio do podcast Work Around, dois especialistas em recursos humanos sugerem estratégias para aumentar a retenção de talento nas empresas. “Há vontade de mudança”, diz Inês Casaca.
O fenómeno não é novo, mas a segunda vaga da The Great Resignation (A Grande Demissão, em português) parece estar mais forte, com maior contágio e ainda mais desafiante para as empresas. O mais recente estudo internacional da consultora de recursos humanos Gi Group Holding, revela que quase metade dos jovens portugueses com formação superior e experiência profissional considera mudar de emprego em 2025. Este dado, proveniente do relatório “The Human Factor: People and Companies in the New Global Dynamics of Work”, sublinha a crescente reavaliação das prioridades no mercado laboral, impulsionada por novos valores como o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, oportunidades de crescimento e preferência por soluções de trabalho híbridas. Também um estudo recente da PwC sobre medos e ambições de mais de 56 mil trabalhadores de 50 países mostra um aumento daqueles que pretender encontrar um novo emprego. São agora 28%, mais do que os 19% registados em 2022.
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Inês Casaca, Business Manager na Grafton, e Edgar Sabino, Chief People Experience Officer na Cofidis, no primeiro episódio do podcast Work Around -
Inês Casaca, Business Manager na Grafton -
Edgar Sabino, Chief People Experience Officer na Cofidis -
Inês Casaca, Business Manager na Grafton -
Edgar Sabino, Chief People Experience Officer na Cofidis
A primeira grande onda de demissões levou mais de 47 milhões de norte-americanos a mudar de trabalho, um número que se prevê que possa ser ultrapassado. As estimativas apontam para que, em 2025, 46% das pessoas em todo o mundo queiram demitir-se. Encontrar a raiz deste fenómeno e perceber como podem as empresas evitá-lo foi o tema do primeiro episódio do Work Around, o novo podcast do ECO com apoio do GI Group Holding.
“Não há dados muito concretos sobre isso em Portugal, mas o que sentimos é que há uma vontade de mudança”, aponta Inês Casaca, business manager na Grafton. Para a especialista em recursos humanos, essa procura por algo de novo é, porém, feita com “muito critério” – mais do que apenas o salário, importam a qualidade de vida, a saúde mental ou a flexibilidade.
A mensagem central é “não esperar pelo momento em que se perde o talento para reagir”, sublinha Inês Casaca
“Alguns dados apontam que já mais de 30% das pessoas querem realmente mudar de trabalho e isso significa alguma coisa”, acrescenta Edgar Sabino. O chief people experience officer da Cofidis teoriza que talvez as “organizações, depois da pandemia, ainda não conseguiram ajustar e melhorar práticas para maximizar a retenção dos colaboradores”.
Para evitar saídas, as organizações devem apostar na monitorização permanente da satisfação das suas equipas e garantir um alinhamento dos colaboradores com o propósito da empresa. “Ser proativo na identificação dos fenómenos que fazem com que as pessoas fiquem dentro da organização”, sugere Inês Casaca. “As pessoas estão mais curiosas, há mais oportunidades de crescimento e de conhecer outras realidades”, aponta ainda, lembrando como o upskilling e reskilling são mecanismos que podem ajudar a reter colaboradores.
“Vemos os ventos do Oeste a falar do return to office, mas julgo que as organizações que optarem por esse caminho estão a criar uma barreira de atratividade de talento”, avisa Edgar Sabino
Edgar Sabino acredita que ter “boas lideranças humanizadas e empáticas é fundamental” para criar ambientes de trabalho saudáveis e motivadores. Por outro lado, a flexibilidade é, especialmente desde a pandemia, um tema crucial. “Vemos os ventos do Oeste a falar do return to office, mas julgo que as organizações que optarem por esse caminho estão a criar uma barreira de atratividade de talento”, avisa.
A mensagem central é “não esperar pelo momento em que se perde o talento para reagir”, sublinha Inês Casaca. Saber ouvir as pessoas, compreender as suas expectativas e comunicar de forma clara e transparente são, acredita, ingredientes para mais sucesso na retenção de talento. “O equilíbrio é a palavra-chave disto. É conseguir ter preparação para as pessoas e capacidade de as ouvir, mas não esquecer que estamos a falar de empresas e os negócios têm de continuar a acontecer”, remata.
Assista, no vídeo abaixo, ao primeiro episódio completo do podcast Work Around, uma parceria do ECO com o GI Group Holding. Se preferir, ouça a versão podcast no Spotify.
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