BRANDS' ECO “Já valorizamos o biogás para produção de energia elétrica”
Nuno Soares, presidente da Tratolixo, fala ao ECO sobre o projeto inovador para aproveitar os resíduos orgânicos. Atualmente, a empresa produz eletricidade suficiente para 15 mil pessoas.
Há desafios, mas sobretudo oportunidades na implementação de um mercado de biometano em território nacional. À boleia da apresentação recente do plano nacional para este gás renovável, a Goldenergy e a Axpo Iberia organizaram, esta semana, a conferência “Qualificar Portugal para uma Economia do Biometano” para promover uma reflexão sobre o caminho que o país deve seguir.
À margem do evento, o ECO falou com Nuno Soares, presidente da Tratolixo, sobre um projeto inovador que a empresa está a desenvolver nos municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra.
Que papel têm empresas como a Tratolixo na cadeia de valor para a produção de biometano?
O papel de empresas como a Tratolixo no sector do biometano é absolutamente fundamental. Todos nós, enquanto produtores de resíduos, geramos uma grande quantidade de resíduos alimentares ricos em carbono, que podem servir como matéria-prima para valorização. Através do processo de valorização orgânica, conseguimos produzir biogás, que pode ser convertido em biometano. Atualmente, já valorizamos esse biogás para produção de energia elétrica e estamos a avaliar a possibilidade de, no futuro, transformá-lo em biometano.

Pode dar exemplos de recursos que todos temos em casa e que podem ser aproveitados para este processo?
Tudo o que resulta dos restos alimentares é essencial para este tipo de valorização. Através da digestão anaeróbica, conseguimos produzir biogás, que pode ser posteriormente refinado para biometano, um substituto natural do gás natural.
A Tratolixo tem um projeto inovador. O que pode dizer sobre o saco verde que criaram e o seu impacto na produção de biometano?
Atualmente, a maioria dos resíduos orgânicos ainda vai parar aos resíduos indiferenciados. Com o projeto do saco verde, implementado nos municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra, incentivamos a separação dos resíduos alimentares diretamente nas casas das pessoas. Esse material é então tratado na nossa central através da digestão anaeróbica, aumentando a produção de biogás. Já conseguimos gerar energia elétrica suficiente para abastecer cerca de 15 mil pessoas diariamente. No futuro, pretendemos converter esse biogás em biometano.
Quais são os principais desafios para massificar este mercado?
Os desafios são diversos. O primeiro começa na separação dos resíduos por parte da população, que deve ver esses materiais como um recurso e não como um resíduo. Outro grande desafio é a escolha da tecnologia adequada para a purificação do biogás e a sua conversão em biometano. Além disso, existem desafios regulamentares e de financiamento, uma vez que, atualmente, todo o investimento para a ligação à rede de distribuição recai sobre o produtor. Em países como França, parte desse custo é assumido pelo operador da rede, o que facilita o desenvolvimento do sector.
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