Carlos Tavares diz que tarifas dos EUA estão “a empurrar o resto do mundo” a alinhar-se com a China

  • ECO
  • 2 Abril 2025

O antigo líder da Stellantis afirma também que a principal vítima das novas taxas de Trump são os alemães, assim como a capacidade produtiva da Europa.

O ex-líder da Stellantis, Carlos Tavares, diz que “o Presidente dos EUA está a reforçar a imagem de um país egoísta” ao impor tarifas sobre vários setores e alguns dos seus principais parceiros comerciais, uma direção que será “mortífera” para os norte-americanos: “Ao fazê-lo, [Donald Trump] está a empurrar o mundo a alinhar-se contra si. E o resto do mundo vai alinhar-se com quem? Com a China”, remata.

Numa entrevista ao Público divulgada esta quarta-feira, dia em que está previsto Trump anunciar uma nova bateria de tarifas aduaneiras, o ex-gestor português diz que, “para o cidadão norte-americano, as taxas vão ser um desastre em termos de inflação”. “Os norte-americanos já não sabem exportar bens manufaturados, porque o seu modelo de sociedade não permite ter uma qualquer competitividade de custos e porque o nível de concentração no trabalho e o valor de trabalho é tão fraco que as pessoas já vão trabalhar sem pensar no que estão a fazer. É a razão pela qual os aviões da Boeing perdem as portas, os painéis e as suspensões”, aponta Carlos Tavares.

“A principal vítima das taxas” dos EUA são, contudo, “os alemães”, numa vaga de medidas que irá “enfraquecer a capacidade produtiva na Europa”, adverte.

Na mesma entrevista ao Público, o português, agora envolvido na privatização da SATA Internacional enquanto investidor, diz que vender a TAP a empresas estrangeiras “cria um certo número de perguntas”, visto que a companhia aérea nacional “é a ferramenta número um do turismo” — que, por sua vez, representa “a principal criação de riqueza” na economia portuguesa. Feita essa “observação”, o antigo gestor, com 66 anos, propõe como melhor solução para os interesses do país “guardar a TAP nas mãos de um pacto de acionistas portugueses”. Em alternativa, se a venda ocorrer a um investidor de um país concorrente de Portugal, então deve estar “limitada” em “10% ou 20% do capital, sem opção de reforço no futuro”, considera.

Carlos Tavares insiste que “eventualmente” poderia fazer parte desse negócio, reconhecendo ser fundamental a construção de um novo aeroporto de Alcochete. Sobre a nova infraestrutura, mostra acreditar que o desenho final ainda não está fechado, ao referir-se a “um segundo aeroporto”, ao invés da deslocalização do atual: “Eu acho que vai haver dois, mas isso é uma outra discussão”, afirma, devido ao “conforto” de aterrar no centro de Lisboa.

Tavares também aborda o estado da indústria automóvel europeia, referindo-se ao plano da Comissão Europeia para salvar o setor como “mera propaganda”. “O que está a rebentar é a indústria automóvel alemã e com a Alemanha não se brinca”, responde na entrevista.

(Notícia atualizada às 8h58 com mais informação)

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